Empréstimo para obras na rede viária e moção sobre redução do uso de plástico aprovados por unanimidade
Cidália Neto do PSD , apresentando a moção

Na Assembleia Municipal de Lousada da passada sexta-feira, dia 28 de junho, foi apresentada uma moção por parte do PSD intitulada “Menos plástico, mais Lousada!”, propondo a aprovação de medidas para reduzir os resíduos plásticos, das quais se destacam o cumprimento da lei no que diz respeito ao uso de plásticos descartáveis na Administração Pública, a utilização de copos reutilizáveis em todos os eventos organizados pela autarquia, a sensibilização para a mudança de comportamentos, a existência de bebedouros em locais públicos e a oferta de cantis aos alunos de todas as escolas. (Ver as medidas da moção no final do artigo)

António José Mendes , CDS

António José Mendes, do CDS, apoiou as medidas e sugeriu que se fosse ainda mais longe também no que diz respeito ao “abuso” das latas de refrigerantes.

Maria do Céu Rocha, do PS, também garantiu o voto favorável do seu grupo, considerando que “todas as ideias são bem-vindas. Estas e outras ideias para proteger o ambiente são sempre bem-vindas”. A deputada acrescentou que a moção “segue a estratégia que do município”.

Maria do Céu Rocha – PS

O presidente da Câmara, Pedro Machado, concordou com as medidas e acrescentou que “tem havido uma opção nesse sentido”. Em relação às observações da deputada Cidália Neto, da bancada social-democrata, relativamente ao uso de copos de plástico na Assembleia Municipal e no Festival Vila, garantiu: “Está previsto colocar copos de papel na próxima Assembleia Municipal. Relativamente ao festival Vila, neste ano, temos copos reciclados, mas não foi possível a tempo alterar essa situação. Vamos corrigir essa situação no próximo ano”.

Ainda em relação à questão dos plásticos, o autarca referiu que se trata de uma situação transversal: “Temos um projeto delineado há muito tempo com as Águas Douro e Paiva, que vão financiar a aquisição de cantis para distribuir pelas escolas. Está previsto para os funcionários municipais e também onde não existem bebedouros. Mesmo os movimentos seniores vão ter em conta esta nova atitude, fazendo sacos de pano usando tecidos velhos”.

Desigualdade no acesso ao ensino superior em debate

A questão social também foi matéria de debate nesta assembleia, com o deputado centrista António José Mendes a referir-se às desigualdades no que diz respeito ao acesso ao “ensino superior e às melhores universidades” e a defender maior igualdade de oportunidades e valorização do mérito. O deputado propôs mesmo a criação de um grupo de trabalho “para apoiar estes alunos de mérito”. Salientando as “assimetrias salariais tremendas”, sugeriu o aumento das bolsas de estudo, ou outros mecanismos que possam ajudar os alunos.

Causas dos baixos salários em Lousada discutidas

Filipe Barbosa – PSD

Filipe Barbosa, da bancada social-democrata, referiu-se a uma notícia do Jornal de Notícias segundo a qual Lousada é um dos concelhos do país com média salarial mais baixa: “Nós estamos nos dez concelhos do país com média salarial mais baixa, e este estudo foi feito com dados irrefutáveis, pois foram dados pela Segurança Social”. O deputado acrescentou que o estudo vem dar razão ao PSD: “Como sempre dissemos, há um problema grave no que diz respeito a investimento para o concelho. Basta olharmos para as zonas industriais e ver o investimento que é lá colocado”. E continuou falando em “responsabilidades acrescidas” pelo facto de Lousada “ter uma posição invejável nacional e até europeia” no que diz respeito à juventude, acrescentando que o concelho não é atrativo para os “jovens lousadenses empreendedores e para jovens de outos concelhos”.

Filipe Barbosa falou, ainda, da mão de obra “muito pouco especializada” no concelho, o que “deve merecer a nossa reflexão”. Este aspeto, segundo o deputado, está relacionado com a formação, que “não é a ideal”: “É muito importante que nós, junto das escolas, façamos apostas muito significativas, alargando o leque e aproveitando todas as potencialidades, não só da juventude que nós temos cá”, afirmou, lembrando as excelentes acessibilidades e a existência de universidades próximas, “que deveriam ser parceiros estratégicos, para que notícias destas não possam surgir daqui a alguns anos”.

Cândida Novais, do PSD, interveio na discussão criticando o executivo camarário por este desenvolver “uma política assistencialista”, acrescentando que “estas políticas são benéficas, positivas, mas pontuais”. O caminho passa, segundo a deputada, por ouvir os jovens e empresários: “A culpa não é de ninguém, a culpa não dos lousadenses, a culpa é deste executivo que chegou a este marasmo”, concluiu.

Maria do Céu Rocha defendeu a intervenção do Município na área do emprego e formação, mas salientou que o mesmo “não pode agir sobre as entidades privadas”. De qualquer forma, referiu que, “nas últimas empresas que se instalaram em Lousada, paga-se acima do salário mínimo nacional”. Considerou a aposta na qualificação importante e lembrou a ação do Município, nomeadamente o protocolo celebrado com o Instituto Politécnico do Porto, que “garante muita empregabilidade”. Acrescentou ainda que recentemente o Município de Lousada adquiriu as instalações da Associação Industrial de Lousada, para ser aí dada formação.

Mão de obra no setor têxtil pouco especializada causa dos baixos salários
João Correia, membro da bancada socialista, respondeu a Cândida Novais lembrando o trabalho desenvolvido, nas últimas décadas, pela autarquia no que diz respeito à educação e formação: “No final da década de 1980, a senhora esquece-se da taxa de desistência escolar que existia deste concelho e da quantidade de jovens que saíam prematuramente do ensino para ingressarem no mercado de trabalho. Esquece-se do caminho que foi feito”.

João Correia – PS

O deputado reconheceu os baixos salários e lembrou que a situação tem a ver com a forte dependência do setor têxtil, cuja “mão de obra é pouco especializada e mal paga”. Tentando apurar as causas dos baixos salários, considera que “talvez” a culpa não seja dos empresários, “pois o têxtil que temos aqui tem margens muito pequenas”. E delineou o caminho: “O que é preciso é fazer uma reconversão do têxtil aqui no concelho, para exportar para outros mercados, onde se pague melhor”.

Sobre a formação a oferecer aos mais jovens, João Correia não tem dúvidas: “Aquilo que devemos estimular é todos os nossos miúdos a trabalharem programação, a especializarem-se nas áreas que hoje em dia são procuradas. Se estes 90 000 funcionários têm de ser substituídos por robots, os robots têm de ser reparados e manobrados.” E concluiu: “Os jovens devem saber mais, especializarem-se. Conheço canalizadores que ganham mais à hora de que os advogados. As pessoas têm de gostar naquilo que fazem e serem especialistas no que fazem”.

O presidente da Câmara, Pedro Machado, afirmou que a autarquia tem conjugado a política assistencialista com a iniciativa privada e “acreditamos que é com o nosso investimento público que potenciamos o crescimento privado. Basta ver ao nosso redor para perceber isso”.

Relativamente ao apoio à formação, o autarca realçou algumas medidas que beneficiarão os jovens que estudam no Porto: “Estamos em conversações com a Área Metropolitana do Porto para negociar e alargar o incentivo dos transportes ao Andante, com apenas mais dez euros”. Além disso, garantiu o aumento das bolsas de estudo.

Pedro Machado também não se mostrou surpreendido com os resultados do estudo sobre os salários e garantiu que continua a “trabalhar para termos condições que os nossos jovens fiquem mais qualificados e tenham mais oportunidades no concelho”. Lembrou ainda o trabalho realizado na área da educação e rematou dizendo que, “apesar dos ordenados mais baixos, vive-se melhor em Lousada”.

Quanto custa o Festival Vila à autarquia?

O deputado social-democrata Filipe Barbosa questionou Pedro Machado sobre o custo do festival Vila e sobre a forma como foi financiado, começando por dizer que “o Município há três anos tomou conta desta iniciativa e, na altura, disseram-nos que havia fundos comunitários. Agora não tem.” Prosseguiu afirmando que, no passado, o evento era “quase sustentável”. Reconhecendo um “passo gigantesco em termos de cartaz” e “um enorme orçamento”, perguntou: “Como é que vamos financiar isto? Um evento que era das associações, dos bares… Agora como é que vai ser?”

Pedro Machado, Presidente da CM de Lousada


Pedro Machado falou de um cartaz pouco acima dos 40 000 euros, a que se somam outros valores, como o palco, som e a logística. Relativamente a ser sustentável no passado, respondeu que “não era bem assim”. Em defesa do festival de acesso livre, advogou que Lousada é o concelho mais jovem: “É importante ter um evento mais democrático e faz sentido o município fazer este esforço. É evidente que a ideia é que o mesmo se torne mais sustentável”, frisou.

Lousada em último lugar no Vale do Sousa no que toca a perdas de água nos ramais

José Gonçalves, deputado pelo PSD, interveio para se referir ao estudo recentemente divulgado sobre a perda de água nos ramais. Nele, Lousada ocupa o último lugar no Vale do Sousa. “O que é que a Câmara tem a dizer sobre isto?” foi a pergunta feita ao executivo liderado por Pedro Machado.
A líder da bancada socialista Maria do Céu Rocha referiu, a este propósito, que o concelho tem a maior cobertura de rede pública de abastecimento, sendo algumas condutas muito antigas. São estas que começam agora a originar o “colapso”, mas “estão a ser efetuadas intervenções”.

A deputada realçou ainda que “o preço da água é o mais baixo da região”. Por isso, concluiu que “temos a incentivar a consumir da rede pública. Isto é uma questão de saúde pública”.

A este propósito a deputada Cidália Neto, da bancada do PSD, questionou o presidente da Câmara sobre o ponto de situação da ligação à rede: “Já questionei o senhor presidente sobre o facto de muitas pessoas não ligarem à rede. Nunca me disse a percentagem das que estão ligadas”. Acrescentou ainda que a autarquia não tem tido um papel ativo na sensibilização da população: “No passado, existiu uma carta que falava da obrigatoriedade da ligação à rede e depois nunca vi mais essa sensibilização”.

Sobre as questões da água, o presidente da Câmara referiu que “não estamos tão mal como outros concelhos” e garantiu que irá concentrar a ação na requalificação das redes de água para uma maior eficiência. Para a conseguir, referiu algumas candidaturas que estão em curso, não só a nível das condutas, mas também noutras áreas.

Sobre a sensibilização para que as pessoas se liguem à rede de água, considerou que, de facto, a autarquia, nos últimos anos, não tem investido nessa vertente, reconhecendo que deverá ser uma das apostas futuras.

Empréstimo de quase um milhão e meio de euros aprovado por unanimidade para melhoramento da rede viária

O empréstimo de cerca de um milhão e meio de euros para melhoramento da rede viária foi aprovado por unanimidade, com o PSD a realçar que o mesmo vem no seguimento das chamadas de atenção para os problemas na rede viária, muitos deles causados pelas intervenções nas condutas de água e saneamento.


As 8 medidas da moção do PSD intitulada “Menos plástico, mais Lousada!

Cumprimento da lei que elimina o uso de determinados plásticos de utilização única ou descartável na Administração Pública por parte de todos os serviços da autarquia e sensibilizar a população para a adoção dos mesmos comportamentos.

Utilização de copos reutilizáveis em todas as atividades organizadas pela autarquia, evitando os copos de plástico de utilização única. Medida abrangente a todas os espaços que englobam os eventos. Ainda neste ponto, sensibilizar outras entidades para que façam o mesmo.

Ação de sensibilização junto dos estabelecimentos públicos e comerciais do concelho no sentido de evitarem o uso de talheres, palhinhas e copos de plástico. 

Sensibilização para a venda de água em garrafas de vidro e não plástico, em cafés e outras superfícies.

Ações de sensibilização com a oferta aos comerciantes do mercado e feira de Lousada, pequenas mercearias e supermercados tradicionais de sacos de papel para frutas e legumes.

Oferta de cantis de água a todas as escolas sobre a tutela do município, para os mais jovens evitarem recorrer a água em garrafa de plástico. Oferta dos mesmos também nas juntas de freguesia. Colocação de bebedouros em escolas, centros de saúde e espaços sobre a tutela do município, bem como em mais pontos da vila.

Colocação de ecopontos de plástico ao lado dos caixotes de lixo espalhados pelo concelho.

Associar ao programa de caminhadas da autarquia o Plogging. Com esta atividade, além da atividade desportiva, contribuiremos para a melhoria do meio ambiente.

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