por | 26 Ago, 2019 | Opinião

A Corrida ao Espaço 50 anos depois – E agora?

A propósito das comemorações dos 50 anos da primeira alunagem da história humana, o tema que trago nesta edição é precisamente a Corrida ao Espaço.

Para melhor compreensão de como foi despoletada esta corrida, caminhemos até ao início da década de 50 do século passado. Dia 29 de Agosto de 1949: é detonado com sucesso o primeiro engenho nuclear concebido pela União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Uma bomba designada de “Pérvaya mólniya”, em português, “Primeiro raio de luz”, que era em tudo semelhante à “Fat Man” que foi utilizada no bombardeamento de Nagasaki. Devido a essas estranhas semelhanças foram iniciadas investigações que resultaram na condenação por espionagem de alguns cientistas e membros do governo americano. Assim, este momento, para além de marcar o fim da hegemonia americana no armamento nuclear, marca também o início de um período de suspeição e insegurança conhecido como Guerra-Fria. Também nestes anos são demarcadas as propagandas anti-comunistas e anti-capitalistas nos Estados Unidos da América e na União Soviética, respetivamente.

Oito anos mais tarde, e já voltada para os céus, a URSS inicia uma série de lançamentos bem sucedidos. A 4 outubro de 1957 envia o primeiro satélite artificial, o Sputnik I, e menos de um mês depois envia o primeiro animal ao espaço, com a famosa cadela Laika a bordo do Sputnik II. Precisamente dois anos após o lançamento do Sputnik I, é lançada a sonda Lunik III, que fotografou pela primeira vez o lado oculto da lua. Em 1961 a bordo da Vostok I é enviado o primeiro homem ao espaço, o cosmonauta Yuri Gagarin, e 2 anos mais tarde, a bordo da Vostok VI é enviada a primeira mulher, a cosmonauta Valentina Tereshkova. Foram também lançadas nesta década as primeiras sondas a Marte e Vénus, mas nenhuma delas chegou à superfície dos respetivos planetas. Embora tenham sido consideradas falhanços, estas missões enviaram dados importantes para o planeamento das missões seguintes.

Com o comissionamento da NASA em 1958, e com a aprovação de vários programas espaciais, nunca nenhum destes eventos ficou sem uma resposta da parte americana. O culminar da “Corrida ao Espaço” deu-se precisamente com a primeira ida do Homem à lua, no decorrer do programa espacial Apollo, na missão Apollo 11, comandada pelo astronauta Neil Armstrong. No dia 20 de julho de 1969 eram dados os primeiros passos na lua em toda a história humana, acompanhados pela célebre frase “Este é um pequeno passo para o homem, um gigante salto para a humanidade”. Talvez tenha sido, mas não tanto ao ponto de se considerar a vitória americana!

Embora este frenesim tenha sido justificado com fins científicos, não era bem assim. Tratava-se sobretudo de uma mostra de poder bélico, nomeadamente uma demonstração dos mísseis balísticos intercontinentais (MBI). Todos os foguetes utilizados nas missões espaciais das décadas de 50 e 60 eram adaptáveis para carregarem uma ou várias ogivas nucleares. Esta penumbra escura pairou durante anos, contudo houve cooperação EUA-URSS em diversas missões. Com os pactos de desarmamento nuclear assinados durante a Guerra-Fria, em 1987, pelo Presidente Ronald Reagan e o último líder soviético, Mikhail Gorbatchev, caiu de vez a corrida pelo nuclear, pelos MBIs e também pela conquista do espaço.


No dia 2 deste mês, passados quase 32 anos, esse acordo foi quebrado unilateralmente pela administração do presidente Trump. E agora? Com a situação política atual, será que estamos prestes a entrar numa nova corrida ao espaço? Uma nova corrida pelo armamento? Ou na corrida pelos valiosos recursos do nosso satélite natural, a Lua?

Comentários

Submeter Comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Artigos recentes

Fontanários de Lousada: Obra do fontanário das Quintãs, em Lodares, por terminar

O fontanário das Quintãs, em Lodares, sofreu recentemente algumas obras de requalificação. No...

Ansiedade ou sonho

O aumento galopante dos nossos gastos, fruto sobretudo da inflação, a guerra, o choque energético...

Uma mulher que não esquecemos…

Lúcia Lousada (minha mãe) foi uma grande mulher e já morreu há 19 anos. É claro que a recordo em...

Joaquim Nunes Teixeira: O cidadão humilde

Joaquim Nunes Teixeira, de 89 anos, é natural e ainda residente da freguesia de Cristelos, porém,...

Furto de comida aumenta nos «HIPERS» e Vasco Bessa (AMI) alerta: Há muita pobreza envergonhada

Um agente de segurança de um hipermercado de Lousada revelou a O Louzadense que o número de furtos...

Associação Juventude Mariana Vicentina: Grupo de São Miguel

Cátia Pinheiro, de 28 anos, concedeu uma entrevista enquanto Presidente do Grupo de São Miguel (de...

Ser Mulher

Os talentos e as competências das mulheres têm o mesmo reconhecimento fora de Portugal? Flávia...

Podar árvores de fruto e de jardim: porquê, quando e como?

A poda é uma prática agrícola de extrema importância com o objetivo da eliminação dos...

O lousadense, Diogo Magalhães conquistou a medalha de excelência no 45.º Campeonato Nacional das Profissões

O jovem Diogo Magalhães, de Lousada, formando do Núcleo do CENFIM de Amarante, alcançou uma...

Casa de Juste

Situa-se num alto, sobranceira à estrada nacional que liga Caíde - Felgueiras, e acede-se por um...

Siga-nos nas redes sociais