Rancho Folclórico Flores da Primavera: Seis décadas de danças e cantare, a “encantar”

O Rancho Folclórico Flores da Primavera foi fundado em 1 de janeiro de 1959, há 60 anos. Este grupo iniciou a sua atividade como rancho infantil, passando a rancho de adultos passados três anos. O objetivo inicial do grupo foi ocupar os tempos livres das suas gentes e preservar os usos e costumes dos antepassados, remontando aos finais do século XIX, princípios do século XX.

Rodrigo Nunes, de 65 anos, é o atual presidente desta coletividade. Foi “desencaminhado” há dois anos pela esposa, que era cantadeira e o convenceu a participar no rancho, tocando cavaquinho. Após dois anos, assumiu a presidência: “Chegou a altura de eleições e não havia lista para tomar conta. O presidente da Junta foi a minha casa e convenceu-me a assumir o cargo”.

“Aqui há muita juventude”

Para este dirigente, o Rancho é muito importante, pois a paixão pelo folclore e o convívio com todas as pessoas fazem-no sentir-se bem. Já perto do fim do mandato, e em jeito de balanço, diz que fez já o seu trabalho, que considera positivo: “Quando cheguei cá, estava muito em baixo. Havia três ou quatro pares a dançar, não aparecia mais ninguém. Tive de andar atrás das pessoas, para o levantar de novo. Mas valeu a pena. Agora aqui há muita juventude”, refere.

A experiência de vida acumulada ao longo dos anos permite que as “coisas resultem”. Quase no fim do mandato, sente que as pessoas gostam dele. Espera que exista uma nova direção, mas antevê dificuldades: “Julgo que vai haver uma lista para a direção, pois, se não houver, terei de ficar até estar resolvido. Comigo o rancho não termina”, garante.

▲ Rodrigo Nunes no centro com restante direção Diana Cunha e Joel Pinto

Rancho é uma grande família

Junto a Rodrigo, estão os outros elementos da direção: um casal, que faz parte deste grupo há já vários anos, Joel Pinto e Diana Cunha. Joel, o vice-presidente, é enfermeiro e, por motivos profissionais, não pode assumir a presidência da direção, mas considera-se “parte da mobília deste rancho”: “Estou aqui há 16 anos. Tive família com ligações ao rancho, o meu visavô foi um dos fundadores”, diz, enumerando vários familiares que continuam no grupo. “Para mim, o grupo é uma família, faz parte de mim”, diz, com satisfação, sorrindo para a esposa, Diana Cunha, que é a secretária da coletividade está há sete anos. Também ela foi trazida para o grupo pelo companheiro, Joel: “Nós somos em média 50 elementos, desde os 12 anos até aos 80. É um grupo muito jovem, mas temos tido dificuldades em arranjar homens para o grupo”, lamenta.

O grupo faz parte da Federação Portuguesa de Folclore, sendo essa uma responsabilidade maior: “Temos de respeitar tudo como era antigamente. Fomos a Custoias e recebemos um louvor, pois o nosso rancho está muito bem. Tenho muito orgulho no rancho e tomara eu que cresça de dia para dia”, deseja o presidente.

As atividades do grupo passam pela organização do Festival, estando previsto para o início do próximo ano um evento de Reis. Para além disso, recria o passado, realizando atividades, entre elas a desfolhada.

Quando questionamos Diana sobre o que mais gosta no rancho, com um sorriso nos lábios, diz: “Temos muitas danças que me encantam, desde o Senhor da Pedra, o Malhão Velho, o Verdegar, o Vira da Eira… É muito lindo, são danças que caracterizam a nossa região”, refere, com orgulho.

Rancho precisa de novo guarda-roupa

Quanto a dificuldades, Rodrigo Nunes diz logo que o maior problema é sempre o financeiro, salientando a importância dos apoios: “O rancho fez 60 anos em março e as roupas estão um caos. Precisamos de renovar as roupas e não temos dinheiro, por isso coloco às vezes dinheiro do meu bolso. É importante termos mais gente e mais apoio para este Rancho”, salienta.
Em jeito de despedida, Rodrigo Nunes reitera o orgulho com o trabalho desenvolvido até ao momento: “Sinto-me muito alegre quando vou a qualquer lado e o nosso rancho acaba por sobressair. Isso é muito importante”, confessa.

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