Por finais da década de 1920 foi realizada uma coleção de bilhetes-postais ilustrados que visava promover Lousada do ponto de vista turístico. A coleção foi impressa na «Imprensa Marques Abreu, Lda. – Porto», então uma das mais prestigiadas casas de fotografia na cidade. A edição compunha-se de 15 postais, que eram vendidos em separado ou em conjunto, neste caso numa carteira que continha estampada a legenda «Vistas de Louzada». Teve como editores João Rosário (proprietário do Grande Hotel) e Mário Guedes. Nesta tiragem de grande qualidade encontram-se quatro postais da freguesia de Cristelos, mas por ora focar-nos-emos somente em dois.
Como revelamos antes, João Rosário, um dos editores dos bilhetes-postais ilustrados saídos do atelier Marques Abreu, era proprietário do conhecido e moderno Grande Hotel de Lousada, empreendimento hoteleiro que figura e dá nome a um dos postais. Construído de raiz para o efeito, teve a sua abertura oficial a 17 de agosto de 1924, embora, segundo o «Jornal de Lousada», se encontrasse em funcionamento desde agosto de 1923. O edifício, recentemente demolido, encontrava-se à margem da Avenida dos Combatentes da Grande Guerra, junto aos muros da Quinta de Vila Meã. O projeto contemplava mais uma fase de construção, que nunca foi iniciada. Ainda assim, o Grande Hotel de Lousada possuía 22 quartos, salão de baile e sala de jantar, tudo “amplo e arejado” como se mencionava no mesmo jornal, fazendo jus à fama de estância turística que Lousada granjeava na época. O proprietário e gerente, João Rosário, era também dono do Antigo Hotel Aleixo (que pouco depois mudaria de gerência passando a designar-se Hotel Avenida). O convite para visitar Lousada assentava então na pureza e benignidade dos ares de altitude, de clima seco, de ambiente excelente para repouso.
Próximo do Grande Hotel de Lousada encontrava-se o cruzeiro paroquial e a igreja de Santo André de Cristelos, ambos retratados num dos bilhetes-postais da coleção.
A igreja de Cristelos foi alvo de uma profunda reforma no ano de 1790, cuja memória ficou assinalada por uma inscrição existente no seu arco cruzeiro. Esta transformação terá alterado completamente a sua feição arquitetónica, conferindo-lhe uma linguagem característica dos ditames do barroco final ou rococó. Essa exploração da gramática tardo-barroca impõe-se especialmente ao nível da fachada, no trabalho curvilíneo do frontão e do emolduramento do portal, e ao nível da cúpula que remata a torre sineira. Contudo, podemos remontar a existência de uma igreja primitiva, comprovadamente implantada no mesmo local desde o ano de 980, conforme identificou documentalmente Eduardo Teixeira Lopes. Ao longo dos primeiros séculos do segundo milénio são vários os documentos que nos reiteram a existência desta igreja. Em 1059 é mencionada no inventário de bens do Mosteiro de Guimarães e em 1104 voltamos a identificar a «ecclesia de Sancti Andreae de Castrellos» numa carta de agnição. O cruzeiro em frente está datado de 1660, o que o torna um dos mais antigos do concelho.

(Finais da década de 1920)
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