Preocupação aumenta depois de dois bombeiros terem contactado com idosa infetada com Covid-19
Dois bombeiros de Lousada estão em isolamento depois de terem transportado uma doente a quem foi posteriormente diagnosticado o Covid-19. Na altura em que foi feito o transporte da doente, dia 4, não havia suspeitas da doença. Só depois a corporação foi informada do caso por parte da DGD (Direção-Geral de Saúde), que pediu que os bois bombeiros ficassem em isolamento.
O Louzadense falou com o comandante, José Carlos Aires, que explicou que a senhora transportada pelos bombeiros, com 70 anos, diagnosticada com o novo Coronavírus, é de Lustosa. “Os filhos insistiram que fosse ao hospital. Tratava-se de uma situação de falta de ar”, conta.
O comandante considera crucial que se adotem comportamentos preventivos e que as pessoas divulguem a sua situação: “Realmente, as pessoas têm de ter o bom senso e não esconderem as coisas que são essenciais. Não tenham medo de dizer que estiveram com pessoas com o vírus”, alerta.
Os dois elementos em quarentena estão estáveis e assintomáticos. No quartel, a prevenção é a palavra de ordem. Maior higienização das mãos, dos veículos e menos contactos entre os bombeiros são algumas das medidas adotadas.
O kit da proteção civil: 10 máscaras, 4 batas, 6 óculos e 10 pares de luvas. Equipamento de proteção quase inexistente
Esta situação agudizou ainda mais as preocupações com a falta de meios de proteção e José Carlos Aires é bem claro sobre capacidade de os bombeiros darem resposta às situações que vão surgindo: “Falta material e equipamento de proteção aos bombeiros, nomeadamente as máscaras, porque não há, e as que há, tivemos de ser nós a comprar e são caríssimas,
Em suma, temos com o nosso esforço stock para uma semana. ”, lamenta.
O comandante afirmou também que a corporação apenas recebeu, no dia 9, da proteção civil, um kit com apenas 10 máscaras, 4 batas, 6 óculos e 10 pares de luvas, muito pouco para as necessidades da corporação: Temos de andar a comprar máscaras muito mais caras para proteger os bombeiros e os doentes. E quando elas estiverem esgotadas. Nós temos duzentas e gastando vinte por dia temos apenas para uma semana
Além da falta de equipamento o comandante lamenta a falta de formação para este tipo de problema.
Suspensão do transporte de doentes não urgentes
“Se os bombeiros não se podem proteger, como é que eles vão proteger o civil?” Esta é questão que o comandante deixa no ar. Por agora, viu-se obrigado a suspender o transporte de doentes não urgentes e a mandar 5 bombeiros para casa, de férias.
O comandante alerta que o INEM não consegue dar resposta a todas as situações, pois tem apenas duas quatro ambulâncias para o distrito, “náo dá para as encomendas”, e que os bombeiros são essenciais, pelo que mais casos de quarentena poderão comprometer ainda mais a resposta. Lembra ainda que há hospitais e clínicas a fechar os serviços para salvaguardar os seus funcionários e que os profissionais de saúde estão mais sujeitos à contaminação: “Há médicos infetados da DGS e a trabalhar pelo telefone”.
Lousada e Felgueiras são vistos como leprosos
José Carlos Aires considera também desagradável a discriminação para com os bombeiros de Lousada no Hospital Padre Américo: “Os bombeiros chegaram às urgências do Hospital de Penafiel, e exigiram aos meus bombeiros, por serem de Lousada, que só podiam entrar com uma máscara, o bombeiro lá pediu uma máscara, e logo lhe disseram que não tinham, pois as máscaras até estavam guardadas num cofre. As máscaras estão a ser tratadas como material valioso, o novo ouro, estamos todos a trabalhar com máscaras de pintor, caras, mas que não protegem tanto como as de carbono. É uma falta de segurança para todos os bombeiros e para os doentes” conclui.
Preocupado com a falta de meios e a passividade dos responsáveis, espera que a reunião da Comissão Municipal possa trazer alguma luz para a resolução do problema.
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