por | 19 Abr, 2020 | Opinião

Coronavírus: Passear a Pássara não vale

Por pensamentos perdidos, conjugam-se as palavras, em demasia até, para tentarmos perceber o porquê de TUDO isto nos estar a acontecer. De nada nos serve. Ao invés desses pensamentos, que nos levam a lado nenhum, conjuguemos as palavras para pensar como podemos e devemos ficar em casa, para não fazermos da nossa pássara o nosso cão e evitar andar passeá-la pelas ruas que não são próximas à nossa habitação.

Aproveitem esta quarentena para fazer o que já não faziam há muito tempo ou o que nunca iriam fazer em circunstâncias normais: ler uns bons livros, ouvir e descobrir boa música (deixemos de lado aquela música obscena e sexista, que tantas vezes são cantadas pelas nossas doces, e agora irritantes crianças… coitados dos respetivos pais, que não sabem mais o que fazer para as manter ocupadas, já que a Melatolina da Apple deixou de resultar), limpem finalmente a parte de cima dos armários, denunciem que sofrem, ou que conhecem casos de violência doméstica ou de abusos sexuais, vejam vários e diferentes filme, é que não é por nada, mas passar estes dias na companhia constante de um Kevin Spacey, não deve ser nada fácil, ele até é bom ator e até nos trata bem com o seu talento, mas sei lá…

Porém, caríssimos leitores, não nos podemos deixar cair em tentação e ficarmos tão ocupados, que nos possamos esquecer do maior vírus de todos: Ignorância Vírus, que provoca a doença Burrice-20.

Ao contrário da Covid-19, que nos corrói os tecidos pulmonares, tendo como sintomas a febre, tosse seca, fadiga e falta de ar, e como consequência a falência de alguns órgãos vitais, e em alguns casos, ir desta para melhor – no fundo uma gripe normal, um resfriado, né Boissonaro? – esta Burrice-20 destrói por completo a massa cinzenta, a mesma que se desliga quando o ser humano recebe convites para concertos, teatros, ida às urnas e outros eventos de extrema insignificância, e tem como sintomas, por exemplo, a indignação com o facto de não se poder correr nos parques públicos e dar umas lambidelas nos postes, uns beijos na boca do asfalto e tirar umas selfies giras para as partilhar no Instagram, com frases tão originais como “NO PAIN, NO GAIN”. As consequências são muitas e terríveis, vou só deixar um exemplo já muito falado e noticiado: esta doença pode levar-nos inconscientemente para as marginais da Póvoa bater chinelo, imaginem… que horror!

Por isto e muito mais, devemos ficar muito atentos a este vírus, não só a curto prazo, enquanto esta quarentena perdura, também não só a longo prazo, para que caso este tipo de Estado de Emergência volte a acontecer, não se repitam as corridas ao papel higiénico, como se este fosse uma saca de 1€ de pães com chouriço da Padaria Central, a um sábado à tarde de ressaca, daquelas sextas que acabam no Praça, mas principalmente a médio prazo (e vamos todos torcer que seja mesmo o médio prazo, e fazer por isso) pata que o regresso seja feito para que a Natureza respire como tem vindo a respirar nestes últimos dias; que os gestos de solidariedade, respeito e ética se mantenham e se multipliquem, para que a economia renasça melhor do que nunca e para todos (tal como o sol que não escolhe para quem brilha e nem vai fugir… ao contrário do que pensou aquela menina, que mais ou menos no início disto tudo, decidiu ignorar as recomendações e foi para a praia aproveitar esta estrela central do nosso sistema solar, porque não sabia quando é que iria voltar a estar um sol assim, como se vivêssemos nas terras de Boris Johnson, esse doente. nos vários sentidos da palavra… enfim, mas vamos perdoá-la, até porque poderia estar com as hormonas aos saltos, pela sua gravidez… (pausa!) txiiii… pois o problema também é este, o Ignorância Vírus passa muito de geração em geração e até ver o Estado de Emergência não tem restrições quanto à continuidade de uma ou outra linhagem… se bem que…); e por último que regressemos a acatar com futuras recomendações, para sabermos estar neste nosso e novíssimo futuro, a quem ingenuamente vamos chamando de Normalidade.

Tudo isto sempre com as mãos muito bem lavadas… e já agora com os dentes também… e com uso frequente do desodorizante… e se não for pedir muito, a usar os piscas, isso é que era, nas rotundas então, seria orgásmico.

Encaremos esta batalha como o nosso embaixador da força lusitana, o filho de todas as mães, o Cristiano Ronaldo, que sempre lutou para conquistar os seus sonhos e daqueles que os rodeiam sem pensar duas vezes, basta olhar para a discografia da Katia Aveiro para perceber que ele pode fazer tudo sem pensar uma única vez… mas enfim, vamos encarar isto à CR7, fazer este último esforço, para em breve voltarmos a correr uma vaquinha de fogo, em 2021 claro!
Bora! Afinal de contas: NO PAIN NO GAIN!

Texto e ilustração por Antónimo Coberto

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