por | 25 Mai, 2020 | LivreMENTE

«Vão sem mim que eu vou lá ter»

«Vão sem mim que eu vou lá ter» é o refrão de um dos mais interessantes temas dos Deolinda, o «Movimento Perpétuo Associativo», o qual apresenta, de forma muito pertinente, uma amostra das desculpas frequentemente invocadas para a falta de participação e envolvimento dos indivíduos nos organismos associativos que constituem hoje a dita sociedade civil.

Efetivamente, as mais diversas instituições associativas do país padecem da falta de participação dos seus associados. E não são necessários grandes estudos académicos para se perceber isso. Basta ver os níveis de participação dos sócios nas assembleias gerais que qualquer instituição realiza ao longo do ano. Geralmente são duas reuniões obrigatórias e não tomam mais do que meia dúzia de horas anualmente! Contudo, contam-se pelos dedos o número de sócios que participam no mínimo exigido das dinâmicas associativas.

Não é novo este tipo de situações… Tenho incidido as minhas pesquisas historiográficas sobre algumas instituições associativas locais e tenho constatado a falta de participação dos sócios nas reuniões, em particular nas assembleias gerais, e, mais ainda, na falta de disponibilidade para integrar os corpos sociais.

Porque é que isto aconteceu no passado? Porque é que isto ainda acontece na atualidade? Não é fácil apontar uma resposta objetiva… Em muitos dos casos a justificação até é compreensível e prende-se com a multiplicidade dos afazeres dos associados, o que os impede de ter uma participação mais ativa e constante. No entanto, os documentos do passado têm apontado essencialmente uma justificação de desinteresse, sustentando a minha perceção do presente: existe uma grande falta de dedicação e de espírito de sacrifício no cumprimento dos compromissos associativos assumidos.

Todas as instituições foram fundadas com objetivos claros e a sua execução depende do grau de participação dos sócios. Os mais ocupados socialmente são aqueles que arranjam sempre um tempinho para se inteirarem do funcionamento da instituição de que fazem parte e de contribuírem para o seu progresso e crescimento. Contudo, infelizmente a larga maioria não aparece e justifica a sua ausência com as «desculpas esfarrapadas» do costume. É a lógica do «vão sem mim que eu vou lá ter»!

Comentários

Submeter Comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Artigos recentes

Autores foram às escolas oferecer livros do Plano Municipal de Leitura

No seguimento das VIII Jornadas da Rede de Bibliotecas de Lousada, que decorreram nos dias 17 e 18...

Natal Associativo a partir de quinta-feira

A época de Lousada Vila Natal já começou, com iluminação das ruas e abertura da Pista de Gelo. O...

Inauguração da exposição “Unidos Venceremos!” com Pacheco Pereira

No âmbito das comemorações dos 50 Anos do 25 de Abril, foi inaugurada, no dia 24 de novembro, a...

Lousada tem 4.3 milhões para construir e requalificar Centros de Saúde

O Dr. Nelson Oliveira, Vereador da Saúde da Câmara Municipal de Lousada anunciou hoje, na reunião...

Escola: um espelho do Antigo Regime

ABRIL LOUZADENSE (IV) O ensino escolar tinha como regra sagrada “obedecer, obedecer, obedecer”....

Grande polo de formação desportiva

ASSOCIAÇÃO RECREATIVA E DESPORTIVA DE ROMARIZ Fundada em 1977, a Associação Recreativa e...

Mentes Brilhantes para abordar Cibersegurança

No dia 30 de novembro, quinta-feira, realiza-se uma nova edição de Mentes Brilhantes com o tema...

População pressiona Câmara para reabrir avenida Sr. dos Aflitos ao trânsito

PROBLEMAS DA CIRCULAÇÃO AUTOMÓVEL EM LOUSADA São várias as reclamações e sugestões que se colhem...

Nunca é tarde para realizar sonhos e concretizar projetos

JOSÉ FERREIRA NETO O “bichinho” da pintura esteve quase sempre presente na intensa vida artística...

Cecília Mendonça é uma super atleta

COMEÇOU NA PATINAGEM E ESTÁ NO TRIATLO Mãe de dois filhos, Francisco (5 anos) e Duarte (3 anos),...

Siga-nos nas redes sociais