por | 10 Jun, 2020 | Pela sua Saúde

Cuidados Continuados Integrados – Uma aposta no futuro, a partir do Presente

Certamente o título desta crónica pode não ser o mais atrativo, mas pelo facto de acreditar que ainda são muitos aqueles que não saibam o que são cuidados continuados integrados, considero que o mesmo possa ser convidativo à leitura, e à descoberta de um conjunto de respostas em saúde e a nível social por ondem passam e permanecem milhares de Portugueses por ano. Acredito que alguns possam conhecer uma ou outra tipologia dos Cuidados Continuados Integrados, porque ou já passaram por lá, ou podem ter tido familiares ou amigos a beneficiar dessa resposta.

O Decreto-lei que criou a Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI), foi publicado a 6 de Junho de 2006, ou seja, este ano, comemoramos o 14º aniversário desta Rede de Cuidados, que tem sido o garanto de muitas e muitos portugueses quando se deparam com situações de transição do seu estado de saúde-doença, situações de dependência, bem como a necessidade de reabilitação após um evento adverso. A RNCCI é já reconhecida pelo seu foco nos casos de dependência e na sua reabilitação, ou quando esta não é possível, na melhoria da qualidade de vida dos utentes mais dependentes.

Importa lembrar que os Cuidados Continuados Integrados estão centrados na recuperação global da pessoa, promovendo a sua autonomia e melhorando a sua funcionalidade, no âmbito da situação de dependência em que se encontra.

Trabalhar neste contexto é das melhores sensações possíveis! É ensinar e aprender em todos os momentos. É educar e ser reeducado com cada utente que se atravessa à nossa frente. É melhorar a qualidade de vida dos outros, enquanto nos tornamos melhores profissionais e melhores pessoas. O saber fazer, tal como em outros contextos, é importante, mas o saber ser e o saber estar tem uma relevância de extrema consideração.

Todas as estruturas da RNCCI, seja as de ambulatório, as domiciliárias ou as de internamento foram colocadas à prova durante esta pandemia do Covid-19. Infelizmente, o Cuidados Continuados Integrados são vistos como o parente pobre do Serviço Nacional de Saúde, o que torna a gestão de recursos físicos e humanos um desafio. No entanto, este parente pobre também soube dar o seu contributo, na sombra, sem mediatismo, mas acima de tudo, com um sentido de proteção muito grande dos seus utentes.
Quando os Hospitais foram notícia por realizarem videochamadas com os familiares dos utentes internados com Covid-19, já as unidades de cuidados continuados tinham gasto baterias inteiras dos seus tablets e smartphones nesses pequenos momentos de confraternização e aproximação virtual, combatendo uma saudade bem real!

Urge agora olhar para o futuro! Um futuro em Saúde que começa hoje! Baseado num passado, uma passado que se quer preservar! Os Cuidados Continuados Integrados são esse futuro, que quer criar e cuidar do nosso passado: dos nossos pais e avós.

Com as pessoas a viverem mais e durante mais tempo, e com as famílias a tornar-se cada vez mais modernas e incapazes de integrar os seus no seu seio familiar aquando de alguns contratempos, esta resposta deve chegar em tempo útil. É por isso, importante, que o investimento em Saúde deva também estar focado na sombra dos hospitais, nas respostas que dão resposta ao que os hospitais de agudos não devem estar preparados para responder. Esperemos que daqui a mais 14 anos os 14000 lugares na RNCCI também possam dobrar, ou triplicar, fazendo crescer na comunidade respostas de prestação individualizada e humanizada de cuidados, com eficiência e qualidade acima da média.

Escrever sobre esta data é também felicitar todos os trabalhadores da RNCCI, especialmente os cerca de 40 colaboradores da Santa Casa da Misericórdia de Lousada, que partilham comigo diariamente a responsabilidade de cuidar dos 30 utentes da Unidade de Média Duração e Reabilitação, desta instituição, e, a quem deixo aqui, o meu reconhecimento pelo seu trabalho. Um bem-haja a todos vós!

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