Adriano Sampaio: “As festas eram mais bonitas que hoje”

Adriano de Sousa Sampaio desde muito novo que aprecia as festas da Vila. Confessa mesmo que o gosto por Lousada nasceu associado às festas: “À noite, gostava da borga”, diz. Foi justamente aí que conheceu o amor da sua vida, aos vinte e cinco anos. O namoro não foi imediato, mas, com persistência, conseguiu conquistar a sua “cara metade”, a Maria Amélia.
As festas da altura em honra do Sr. dos Aflitos estão ainda muito vivas no espírito de Adriano Sampaio: “Nas festas, à noite, lembro-me da iluminação em papel, que era cá uma coisa! Era uma aramada de flores, uma coisa extraordinária, tudo em papel, fantástico! É uma imagem das mais bonitas que eu vi na minha vida! Festas de grande beleza, numa terra de “gente muito simples”, como faz questão de realçar.

Admirador das festas, não é por isso de estranhar que, em 1980, tenha organizado, por promessa, as festividades maiores do concelho, no ano em que se assinalaram os 75 anos da sua existência. Defensor da tradição, congratula-se com o regresso às “Festas Grandes”: “Antigamente chamavam-se as Festas Grandes em honra do Senhor dos Aflitos. Alteraram mais recentemente para Grandiosas. Agora, e ainda bem, voltaram a ter o nome de antigamente”.

“Foi das coisas melhores que houve nesses anos” (sobre a Procissão)

Num ano em que a chuva não deu tréguas, recorda a presença dos Cavaquinhos de Braga, do Rancho Folclórico de Santa Marta de Portuzelo, “que nem atuou, pois choveu”, e o Orfeão do Porto. Memorável foi, na sua opinião, a procissão, que o deixa orgulhoso. Nesse dia, não choveu. “Foi das coisas melhores que houve nesses anos. Fiz a festa com a preocupação da vertente católica”, salienta. “Fui ter com a Miquinhas e fizemos, para mim, a festa mais bonita a nível católico. Foi o primeiro ano que saiu o S. Miguel Arcanjo da igreja de Silvares. Era estranho não estar. Foram 14 andores. O problema foi fazermos quadros religiosos para cada andor. Era preciso roupas, miúdos e, nesse aspeto, o Miguel Trabalhador foi importante. A procissão marcou-me muito. Hoje as festas estão mais viradas para a festa da cerveja. Perdeu-se esta emoção da festa católica”, considera.

O fogo foi também memorável, tendo-se inspirado em Penafiel: “Fizemos uma batalha naval, era uma luta entre um avião e um barco a correr nuns arames e atiravam umas “bichas” uns aos outros”. Tinha muita gente nessa noite. Não fosse o incidente que levou uma pessoa a ficar cega de um olho e teria sido perfeito”, lamenta.

Ciclismo foi uma novidade

As festas tiveram também uma vertente desportiva, com ciclismo sénior, que não ficou barata: “Tinha de dar dez contos ao Benfica, ao Sporting e ao Porto. Fui buscar atletas ao Porto e ao Benfica, mas não ao Sporting. Por isso, tive vinte contos de prejuízo. Tivemos cinco equipas. Foi daqui a Ribas, com meta volante de montanha e tudo, uma novidade”, recorda.
Agostinho Taipa descreve a equipa que realizou as festas como “fantástica”. Luís Freire, José Freire, Miguel trabalhador, José Luís Pires completavam o quinteto. “Após as festas, toda a gente chorou numa reunião e juramos que até nenhum de nós faria mais as festas. Logo no ano seguinte alguém falhou essa jura”, conta.

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