Sílvia Ferreira é ex-aluna do Conservatório do Vale do Sousa, onde estudou piano. Neste momento, estuda música na Universidade do Minho, mas continua a integrar o coro do Conservatório, que foi durante muitos anos a sua segunda casa, da qual guarda boas recordações. Conheça melhor esta jovem lousadense.
Como surgiu a música na tua vida?
Foi em 2006. Na altura, eu tinha seis anos, estava no segundo ano. Foi um pouco diferente do que aconteceu com a maioria dos meus colegas, que entraram no quinto ano. Eu entrei três anos antes. O meu irmão já andava no CVS e os meus pais consideravam que era muito importante na educação a música.
O meu irmão tocava guitarra e eu ia regularmente assistir às audições e aos concertos. Frequentemente juntavam a guitarra com o piano e tive então esse contacto. Talvez tenha gostado do som, e foi uma escolha acertada. Na altura, entrei diretamente na classe de piano, comecei a estudar com a professora Luísa Ferreira, com quem estive 9 anos e os últimos dois anos com Amelia Iliescu.
Quando chegaste ao nono ano, tiveste que fazer opções.
Foi complexa e uma fase complicada na minha vida. Eu nunca tinha sequer ponderado que queria música entes do nono ano. No oitavo ano, queria até desistir do conservatório. Felizmente, ainda bem que continuei e, no nono ano, comecei a estudar mais o instrumento e comecei a gostar mais. Na altura da decisão, a ajuda da psicologia no meu caso resultou. Foi o clique. Quando a psicóloga me perguntou como é que me via daqui a trinta anos, a minha primeira imagem foi estar a ensinar piano. O mais complicado foi convencer os meus pais, mas respeitaram, apoiaram-me e estão contentes com a minha opção.
Como descreves os tempos no Conservatório?
Eu estive 11 anos naquela casa, mas foram anos incríveis. No secundário, passava lá quase o dia inteiro, mais tempo que em casa. Acontece isso, porque nos sentimos muito bem lá. Eu gostava mesmo de lá estar, pois era um ambiente familiar e muito acolhedor. Os funcionários são muito afetivos, são a espécie de backstage do conservatório, parece que não estão presentes, mas estão sempre lá.
Fiquei numa turma bastante grande, mas demo-nos todos muito bem, e foram muito importantes esses três anos. Todos os que fizeram parte do meu percurso são importantes, mas destaco a professora Luísa Ferreira, que me acompanhou desde pequena, e a professora Amelia Iliescu. Apesar de terem sido apenas dois anos, foram muito intensos. Eu gosto muito dela. Temos uma ligação muito forte. A professora Isidora, de formação musical, é também uma excelente profissional, que cimentou as bases necessárias para prosseguir o estudo musical. É uma disciplina em que, no ensino geral, se verificam algumas lacunas, mas no conservatório não. O professor Sílvio Cortez é um professor com quem eu mantenho mais contacto atualmente. Identifico-me muito com ele, é um excelente profissional. Por fim, a professora Fernanda, super-querida, está sempre presente, está sempre lá, quando rimos, quando choramos… É uma pessoa muito importante no meu percurso.
Como foram as tuas primeiras audições e concertos em palco?
Acho que o palco no geral para as crianças que iniciam na música é um pouco assustador, o que faz parte do crescimento humano e artístico. É importante enfrentar esses desafios, tornam-nos mais fortes. Ainda hoje tenho essa dificuldade.
Um concerto importante para mim foi um concerto em que fui tocar a solo com a orquestra no último ano. Foi um momento incrível, talvez um dos melhores até agora. Em termos de prémios, quase todos os anos tive prémios de excelência às disciplinas gerais. Em termos mais específicos, obtive um prémio num concurso interno no Conservatório. Tive um terceiro lugar num concurso em Vila Real, mais recentemente uma menção no concurso na Póvoa de Varzim e nos últimos dois anos recebi uma bolsa na Universidade do Minho. É importante receber o reconhecimento no fim do ano de trabalho.
Como estão a decorrer estes três anos no curso superior?
Têm sido os melhores anos da minha vida. Estudei com o professor Luís Pita, que é um professor excelente. Saliento a Universidade do Minho, onde proporcionam um ambiente muito confortável, o que ajudou, pois continuei no registo familiar e acolhedor.
O que pensas fazer a curto prazo, a seguir desta licenciatura?
Nos próximos anos, tenciono manter-me por cá. Pode acontecer ir para fora. Tenciono estudar mais um ano o instrumento e, se calhar, fazer o mestrado para o ensino.
Durante estes três anos, destaca alguma atuação em particular?
Saliento o concerto a solo com a orquestra, que foi mesmo enriquecedor. Após ter entrado na universidade, já pisei alguns palcos: Teatro Circo, em Braga, o CCB, a Casa da Música, o Coliseu do Porto…
Há um percurso paralelo no Coro. Como foi a entrada no Coro e como têm sido essas vivências?
Eu já estou no coro desde 2013. Surgiu um convite do professor Sílvio Cortez. Na altura, fiquei radiante, pois era um coro muito bem visto. Desde nova, frequentei os ensaios, os concertos e as viagens, que acabam por ser o culminar de um trabalho contínuo ao longo do ano. É aquela semaninha ou duas em que vivemos experiências incríveis. Os grupos vão mudando, mas mantém-se sempre uma união. Há mesmo uma interajuda e respeito, que permite partilhar experiências e conhecimentos e estou muito orgulhosa por pertencer ao grupo e tenciono continuar, pois faz parte da minha vida.
Sendo uma das mais velhas, tens uma responsabilidade na integração das mais novas.
É curioso reparar o que fizeram comigo. Agora cabe-me a mim integrar as que chegam e fazer com que elas se sintam confortáveis e que o processo continue.
Queres deixar alguma mensagem nesta altura de aniversário CVS?
Gostava de felicitar o CVS pelos 25 anos, mas acima de tudo por proporcionar um ensino de excelência aos alunos que por lá passam. Em segundo lugar, gostaria de agradecer ao jornal O Louzadense e ao professor Diogo pela simpatia e por nos dar a oportunidade de podermos falar sobre música para toda a gente. Nos tempos que correm, é muito importante. Aos alunos que frequentam o Conservatório, transmitir que é importante saber que independentemente de seguirmos música ou não, esta é um complemento muito importante para o nosso crescimento pessoal. É importante seguirmos aquilo de que gostamos, quer seja música ou outra área. Devemos agarrar-nos e seguir com toda a força.
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