União Desportiva de Lagoas: Sonho de novas instalações está mais perto da concretização

Rogério Fernando Sousa Morais, de 41 anos, trabalha como segurança privada, mas há muito que o futebol faz parte da sua vida. Atualmente, é o presidente do União Desportiva de Lagoas, um clube com longa história que pretende continuar a escrever ainda com mais sucesso.

Como surgiu a sua participação neste clube?

A minha participação neste clube já vem de miúdo. Vim para aqui já no tempo da escola, fui ficando aqui com os amigos e sendo acarinhado pelos diretores do clube. Começamos a sentir que aqui era a nossa casa. Já tinha sido presidente entre 1991 e 1994. Fiz uma pausa de quatro anos e regressei novamente como presidente até hoje. Sinto que estamos a fazer um bom trabalho e não quero tão cedo deixar de o fazer.

Fale-nos da história deste clube, que é uma das primeiras associações desportivas do concelho.

Este clube nasceu em 1932, sendo descendente da Quinta da Tapada. O nome do clube era União Desportiva da Tapada, com empregados da quinta da Tapada, até 1978, ano em que a direção decidiu mudar o nome para o atual: União Desportiva de Lagoas.

Um dos marcos mais importantes deste clube foi a sua fundação. Neste campo, por exemplo, já jogou aqui o FC do Porto. Mas para mim o marco mais importante foi o regresso à Associação de Futebol do Porto. O clube andou muitos anos pendente. Esteve lá enquanto Associação Desportiva da Tapada, depois passou ali um longo jejum, até há sete anos, para poder entrar novamente. Criamos as mínimas condições possíveis para entrar e entramos.


Estivemos muitos anos no Futebol Amador de Paredes, onde ganhamos muitos troféus. Estivemos também na AFAL em Lousada, o qual nos permitiu fazer umas boas épocas. Foi pouco tempo, mas mostramos, enquanto lá estivemos, o que é o União Desportiva de Lagoas.

Decidiram apostar na formação.

Depois de ser presidente, ao longo do segundo ano do segundo mandato, sentimos que devíamos dar um pulo nisto e foi aí que surgiu a ideia de meter a minha esposa à frente para podermos criar aqui a formação no clube. Ela gostou do projeto que apresentamos e o desenvolvimento que se fez na formação foi à custa do trabalho dela diariamente. Agora também temos um coordenador de formação, que é o Rui Lopes.
Este ano vamos ter os escalões todos de formação.
Tivemos aqui há dois anos o futebol feminino, com uma equipa sénior e uma equipa júnior, mas decidimos fazer uma pausa nesse futebol feminino, devido às nossas condições, que não permitiam. Nós estávamos a treinar no pelado e a jogar num sintético e isso era estar a desvirtuar o trabalho do treinador e mesmo das miúdas. Decidimos fazer uma pausa até podemos ter um sintético e regressar novamente ao futebol feminino. O futebol feminino foi uma referência do clube. O Lagoas foi o primeiro a ter futebol feminino no concelho e foi campeão no Campeonato de Futebol Amador de Penafiel já há bastantes anos. Este ano surgiu-nos uma oportunidade de que nós não esperávamos. As nossas condições são as mesmas, mas com a ajuda da autarquia, que nos vai arranjar uns protocolos com outras associações, poderemos ter as equipas femininas a treinar noutros campos e mesmo no complexo, sempre que tenhamos vaga. Decidimos abraçar este projeto e arrancar já neste campeonato com o futebol feminino. Elas já estão inscritas no campeonato nacional de seniores e no campeonato de juniores.

E o futebol sénior?

Irá continuar nos patamares que a gente o quer pôr. Isto não é fácil. Estamos todos a lutar pelo mesmo. Neste ano que passou tivemos dois clubes premiados que subiram de divisão aqui de Lousada, as Águias de Figueiras e o FC de Nespereira. Nós também queremos subir, como querem Os Pienses, o Lodares… No concelho de Lousada, querem todos subir, e eu noto que os clubes de Lousada estão mais capazes a nível de organização e isso tem sido provado ao longo dos anos. Pretendemos fazer um bom campeonato e se possível subir. No clube temos 138 atletas.

O surgimento da Covid19 prejudicou a coletividade?

Foi uma paragem muito difícil. O clube parou, as receitas pararam de entrar, mas as despesas mantiveram-se: a luz, os seguros das viaturas, despesas que não podemos evitar. Temos de ultrapassar isso mês a mês, gradualmente, e tentar colmatar o que ficou para trás. Não vai ser fácil. Vamos ter aqui um resto de ano para ultrapassar o problema financeiro.

É um tempo de incerteza em relação ao início das competições?

Está tudo muito incerto, mas estamos confiantes que poderemos retomar a atividade desportiva já no próximo mês. A AF Porto está confiante de que isso possa acontecer. Nós já estamos a trabalhar nesse sentido, já iniciamos a atividade desportiva da parte sénior, vamos iniciar nestes dias a atividade da parte feminina sénior e júnior… Mas é tudo muito incerto, não temos certezas do que fazer daqui a quinze dias.

As novas instalações já projetadas são uma antiga ambição. Em que ponto está o projeto?

Sobre as instalações, o que poderei dizer é o bom trabalho que temos feito, que passa por ter novas instalações, que serão neste local. Temos feito um esforço enorme e desde já agradeço imenso ao município de Lousada, ao senhor vereador, que tem sido incansável em resolver os problemas dos terrenos que estão aqui empancados já há bastantes anos. Na última reunião de câmara, conseguimos chegar a bom porto. Estamos presos a alguns detalhes, mas penso que serão resolvidos em breve e aí atingiremos aos objetivos que que delineamos há já bastantes anos. Serão outro tipo de instalações. O projeto que nos foi apresentado é um projeto muito agradável, que vai mudar este complexo todo.

O terreno será ampliado 22 metros para a lateral e 10 metros ao comprimento. Os acessos serão novos, pois o acesso que temos até para passar um carro é preciso cuidado. Estou confiante de que no próximo ano possam já estar aqui as máquinas, pois está tudo bem encaminhado. Penso que ainda este ano a parte dos terrenos ficará tudo na posse da Câmara Municipal e depois tudo será possível.

Será a concretização de um sonho?

Esse é o meu grande projeto. O primeiro projeto era criar a formação e expandir o clube para outras regiões e o nome do clube. Isso está a ser conseguido. Um exemplo é a nossa equipa de veteranos, que apenas fazia uns jogos amigáveis e agora vai entrar pela primeira vez no campeonato da AF do Porto. É esse o caminho que queremos seguir. O segundo sonho, a segunda maior ambição, eram mesmo as instalações do clube, a parte cimeira que eu quis sempre atingir. E aí poderei abrir o lugar a um presidente, para eu poder descansar um bocadinho, mas até lá terei de batalhar para esse objetivo.

Quando referiu “levar o nome do clube para fora do concelho”, lembrei-me do vosso torneio Lagoas Cup. Como surgiu a ideia para organizar esse torneio?

Surgiu da parte da coordenadora de formação, que quis organizar um evento maior, de nível nacional. Abordamos isso na Câmara Municipal, que nos disponibilizou as instalações do Complexo Desportivo. Em conjunto com os treinadores de formação e o resto da direção do clube, foi possível organizar toda a logística.

Quais as vossas principais dificuldades?

As financeiras são as grandes dificuldades. A gente vai tentando esticar de uns lados para os outros, vai-se pedindo um apoiozinho à câmara e à junta também. Sabemos que são muito aquém das despesas, mas o que dão é de boa mente para nos ajudar a nós e às outras associações. Muitas vezes temos de inventar receitas para colmatar todas as despesas.
Quer deixar uma mensagem?
A mensagem que deixo é que façamos tudo o que temos feito até agora. Mesmo com esta pandemia temos sido muito responsáveis. Dou os parabéns aos lousadenses e à Câmara Municipal de Lousada pelo que têm feito.

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