Começa a ser recorrente, em tempos de pandemia, ter que falar de António Costa, do Governo e do Partido Socialista, o que, tal como a tosse e os espirros, começa a ser sintomático de que qualquer coisa não está bem com o regime.
Na semana em que o país assistiu ao recorde diário de casos registados, alguém, finalmente, teve a decência de desmarcar as reuniões do governo que têm ocorrido na casa da Cristina, para tentar controlar a segunda vaga que se anunciava desde finais de Agosto.
Quem conseguir manter-se a par do muito que se vai dizendo, seguramente recorda-se do tão aclamado “Milagre Português”. Curioso… não vi ninguém, a essa data, negar tal milagre…. Houve uma conversão generalizada com vista à santificação do Governo.
Mas, como em tudo na vida real, as coisas aconteceram de forma diferente. Passados 3 meses desde a sua aclamação, afinal, Santo António Costa não só parece ter falhado nas suas funções milagreiras, como ainda se apresenta como um daqueles santos mártires que apelam à rígida e cega autoridade moral.
Passamos directamente de oferecer a “Liga dos Campeões como prémio para os profissionais de saúde” para anunciar “medidas [que] só [serão] autoritárias se as pessoas não as fizerem já”. Costa passou, assim, da apologia do milagre à apologia da autoridade em menos de um espirro.
No entanto, aquilo que genuinamente me admira é que, no meio de tantas asneiras, promovidas e patrocinadas por este Governo, afinal a maior turbulência política surge da intenção de tornar obrigatória uma aplicação para telemóvel.
Apesar disso, ninguém se questiona onde estão os ventiladores vindos da china, o porquê de já haver hospitais com alas covid lotadas, o porquê dos dirigentes da protecção civil não saberem dar respostas às instituições com surtos e, sobretudo, ninguém questiona o porquê de nenhuma medida preventiva ter sido tomada no período que precedeu a segunda vaga, mesmo quando infecciologistas e estatísticos a anunciavam há quase três meses.
Ou o Governo nos vendeu um milagre que sabia não existir, ou convenceu-se da ideia idílica de que fora a sua actuação a salvar Portugal. Das duas uma, ou foi conivente ou foi incompetente. Qualquer das hipóteses é má!
Colectivamente continuamos a preocupar-nos com o acessório, enquanto permitimos a quem nos governa continuar a oscilar entre a normalidade político-publicitária e o autoritarismo disfarçado. Temos quem, na perfeição, nos minta descaradamente na cara e, em simultâneo, nos apunhale oportunamente nas costas.
Enfim, à boa velha maneira socialista, não falta quem queira assumir os “milagres” desta vida, mas quando as coisas apertam, o punho cerrado do PS está sempre pronto a impor as suas vontades… nem que sejam futilidades.
Pedro Amaral escreve segundo a anterior ortografia
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