A opinião de Pedro Amaral
É sempre ingrata a posição de quem reflecte e partilha a sua opinião em momentos de caos. E não nos enganemos, é isso que vivemos hoje no nosso país…. Absoluto caos!
Como em tudo na vida real, a culpa também aqui não morre solteira, apesar de muitos, especialmente nas mais altas patentes do Estado, quererem dar essa aparência.
Pessoalmente não consigo compreender a lógica (ou melhor, a total falta dela) subjacente ao último mês e meio de actuação do Governo de António Costa. O maior Governo de sempre, mais uma vez demonstra a sua total inabilidade para governar.
Era para mim ponto assente que acreditar em milagres no que à pandemia diz respeito dá asneira, como aliás se viu com a chamada segunda vaga. Ainda assim, os doutrinadores socialistas que nos governam, aparentemente imbuídos de um espírito natalício desmesurado, acreditaram que o menino Jesus ou o Pai Natal iria trazer um milagre de Natal.
Erraram redondamente! Pior! Sabendo que milagres de Natal só acontecem na ficção optaram por desmantelar ou não dar permissão administrativa aos hospitais de campanha que tão necessários parecem vir a ser, bem como garantiram a manutenção de um braço de ferro absoluto com o sector privado e social que determina a solidão quase total do SNS face à pior fase de todas da pandemia em Portugal até à data.
Ainda assim, no meio de um país com o sistema de saúde em colapso, não houve ninguém que em tempo útil se lembrasse de prever que a situação de realizar um acto eleitoral (ainda que apenas em potencial pico de casos) seria um erro crucial.
Se a letra da Lei é assim tão importante que não se possa moldar à realidade de extraordinária excepção que vivemos, então, o plano B devia pelo menos ter sido programado, garantindo as ferramentas legais e o tempo suficiente que, pelo menos, permitisse à Assembleia da República votar um alargamento do actual mandato presidencial e o adiamento do acto eleitoral.
Face à intransigência do Sistema, resta-nos cumprir o Direito/Dever cívico de votar tomando todas as cautelas possíveis, não porque quem nos governe mereça, mas porque não abdicamos do nosso mais belo exercício de cidadania.
Mais uma vez aqueles que nos deviam representar e governar desiludem, agora ao altíssimo preço de centenas de mortes por dia.
Este é o tempo de renovar esforços individuais e garantir que controlamos novamente a disseminação do vírus. Uma guerra faz-se de batalhas, esta é mais uma que precisamos travar.