Gosta de ajudar os outros e de cuidar de si. Aos 17 anos teve três empregos simultaneamente, aos 27 tornou-se empresário e hoje é Presidente da União de Freguesias de Lustosa e Barrosas Santo Estêvão. Armando da Costa Silva nasceu em 1963, no Lugar da Mana, em Lustosa, onde se orgulha de ter passado a sua infância e lembra o sonho de fazer crescer o lugar.
Enquanto cidadão, define-se como uma pessoa que nasceu para cuidar de si, mas, principalmente para cuidar dos outros. “A minha moral e princípios é que se não fizer bem para os outros todos os dias, não fico bem. Sou uma pessoa que ando na estrada e tudo o que faço é sempre a pensar em fazer algo de bom para aqueles que precisam de mim, por isso, enquanto cidadão, não tendo a ver com o cargo, a minha luta todos os dias é pensar em mim, nos outros e fazer o máximo pelos outros”
A infância retrata como “daqueles tempos, saudável e feliz”, que justifica pelo facto de ter ambições. Não gostando muito de ir à escola, concluiu o atual 6.ºano. A partir dos 15 anos começou a trabalhar quatro horas por dia numa empresa de comércio a retalho de materiais de construção (bloqueia), durante a manhã, e, ao mesmo tempo, das 15 às 23 horas, numa fábrica têxtil, que completava doze horas por dia, todos os dias.
Durante o mesmo período, dos 15 aos 20 anos, trabalhava na Têxtil Vizela, ao fim-de-semana, quando eram necessárias horas extras. A compra de uma motorizada, aos 17 anos, é uma das coisas que mais se orgulha de ter conseguido com o seu trabalho.
“Era aquela pessoa que vestia como hoje, mas tudo tinha a ver com o meu esforço, trabalho e o que fazia. Os trabalhos que tinha permitiam que fosse aquele tipo de pessoa que gostava de ser. Não foi fácil, claro, mas o que é certo é que já na altura eu percebia que para ser alguém na vida era através do trabalho e foi assim que fiz”, exprime.
Com o casamento, aos 20 anos, mantém-se a trabalhar apenas na fábrica têxtil. “Mas a ambição que tinha naquele tempo era tirar a carta de condução de pesados para dar um salto, sair da fábrica e ir para condutor, com o objetivo de mudar para melhor e ganhar mais”, conta.
Para tirar a carta de pesado profissional, “pedi emprestados os primeiros 10 contos (50 euros) ao meu irmão e já não precisei mais, ficou por 33 contos (165 euros). Depois de estar encartado, consegui vir para uma empresa em Lustosa de têxtil-lar, tive a sorte de encaixar numa empresa que se trabalhava muito e trabalhava muito bem, nunca trabalhava menos que doze horas por dia”.
“Os trabalhos que tinha permitiam que fosse aquele tipo de pessoa que gostava de ser. Não foi fácil, claro, mas o que é certo é que já na altura eu percebia que para ser alguém na vida era através do trabalho e foi assim que fiz.”
Esse foi o primeiro passo “mais à frente”, explica. “Entretanto, após dois anos e meio de estar nessa empresa, resolvi sair e abrir uma sapataria junto ao Centro de Saúde antigo. Quando abri a sapataria, decidi continuar a trabalhar por conta própria em artigos têxtil-lar. O negócio foi correndo ao ponto de negociar uma confeção, o que é certo é que comecei a perceber como ter margens de lucro e mantive-a aberta durante nove anos”, manifesta.
Posteriormente, e com o empreendedorismo que lhe é característico, negociou uma serralharia, também em Lustosa. “A serralharia não tinha uma janela para fazer nem um metro de alumínio, comprei a empresa com os funcionários, mas sem trabalho. Um mês de ter negociado essa empresa, comecei a trabalhar todos os dias das 8 às 20 horas e até durante a noite, isso manteve-se até hoje, já lá vão 21 anos”, conta.
“Aquilo que mais faço é não desperdiçar um minuto que seja sem ter a cabeça concentrada no que é melhor para mim e para os outros”, confessa, referindo que o seu sonho “era crescer na vida e sabia que para crescer não era através de um salário”.
Dos pais, lembra e reconhece alguns princípios que recebeu como herança. “Herdei princípios do meu pai, também da minha mãe, mas principalmente do meu pai, porque ele era uma pessoa que trabalhava na têxtil de noite, durante 40 anos, de dia tinha uma barbearia, deitava paus abaixo e vendia e até descobriu um remédio que curava umas falhas de cabelo que pareciam uma moeda”, revela.
A entrada na vida política
A viagem no mundo da política começa sem que antes tivesse qualquer ambição. “No passado, apoiava os meus amigos e nunca pensei em algum dia concorrer às eleições. Entretanto, houve um projeto que alguém deu passos para tentar que a Câmara reduzisse à água e ao saneamento, em 2007, então alguém veio falar comigo para fazermos um grupo para tentar fazer que a Câmara compreendesse que Paços de Ferreira já pagava muito menos, 200 euros, e nós estávamos a pagar 700 pela ligação ao saneamento”, expõe.
Depois desse trabalho, foi lançado o desafio de formar uma lista. “Como víamos que Lustosa precisava de mais, além de quem estava e do trabalho que se fazia, o mesmo grupo organizou-se e fomos candidatos em 2009, por uma lista independente. Perdemos por cerca de 100 votos, onde fiquei a secretário”, menciona.

Uma vez que em 2009 e até 2013 esteve na Junta de Freguesia a atender a população, “senti-me comprometido em voltar a ser candidato, porque sentia que as pessoas gostavam de mim, precisavam do meu trabalho e mudou dentro deste gabinete muita coisa”.
“Aquilo que fiz foi sempre com amor à camisola exatamente como faço agora e quando trabalhamos por amor não cansa.”
Em 2013, a mesma lista ganhou com uma diferença de cerca de 600 votos a mais e, em 2017, “quem faz um trabalho de 2009 a 2013, de 2013, já como Presidente de Junta, a 2017, não podia fazer outra coisa se não voltar a candidatar-me. E aí esta Junta voltou a ganhar, com diferença de cerca de mil votos”, certifica, garantindo que é “um princípio político que nunca me passou pela cabeça algum dia eu ter passado por aqui”.
“Enquanto Presidente de Junta, quando sou candidato, fico com o peso de assumir mais uma vez para estar sempre no meu melhor e servir seja à hora que for, porque quem for candidato não pode pensar sequer no vencimento, porque o meu vencimento anda de 540 a 640 euros e tenho de fazer descontos. Sábados e domingos estou sempre disponível para quem me liga, para andar com pessoal ao sábado. Se me baseasse no salário que recebo, isso não chegava para os atendimentos, para as deslocações”, esclarece.
Durante estes anos ao serviço da população, foram várias as dificuldades encontradas, mas “essas dificuldades já passaram. Perdoo tudo a quem as criou”, confessa, acrescentando que “aquilo que fiz foi sempre com amor à camisola exatamente como faço agora e quando trabalhamos por amor não cansa”.
As marcas que se orgulha de deixar na freguesia
Um dos primeiros projetos com “muitas pedras no caminho”, foi a remodelação da Capela de S. Gonçalo, em Lustosa, em 2014. “Um presidente que entra no final de 2013 e em fevereiro/março de 2014 entra com um projeto daqueles, a faltar um mês para as festas tem a obra pronta. Claro que com algumas dificuldades e uma das pessoas que vou agradecer sempre é à Isabel Coelho, que ajudou imenso na cedência de terreno”, afirma.
“Não comecei por limpar ou alargar um caminho, comecei pelo projeto grande. Ainda estes dias decorreu lá a missa [10 de janeiro] e antes uns dias mandei limpar. Orgulho-me de ir lá e ver a lápide. Ia para lá das 8 às 20 horas, cheguei a lá ter 12/14 homens a trabalhar, tudo em conjunto e eu sempre a acompanhar. Este tipo de obras que foi aparecendo era aquilo que na vida sempre gostei de fazer”, orgulha-se.
Das obras realizadas, destaca ainda a construção da Casa Mortuária, o melhoramento do Edifício de Penas onde estão atualmente os idosos, a reconstrução das Fontes da Freguesia de Lustosa, as obras de melhoramento na sede da Junta de Freguesia de Santo Estêvão de Barrosas e o alargamento de estradas nas duas freguesias, “para ajudar todas as pessoas a circular”, explica.
“Não comecei por limpar ou alargar um caminho, comecei pelo projeto grande.”
“Há um alargamento, o último que temos, trazia-o no meu coração e não queria sair da Junta e muito menos morrer sem ver aquilo em condições, e consegui, que é a Rua da Mana, onde nasci e tanto sonhava com aquilo”, confessa.
Questionado sobre o futuro nas próximas autárquicas, não tem dúvidas: “vou candidatar-me outra vez, não por minha vontade, mas se tenho condições para avançar, com a minha disponibilidade, então serei candidato e, ganhando as eleições, fico mais quatro anos a cuidar da freguesia e fazer o melhor. Não era isso que dizia à minha família, não era isso que dizia aos meus colegas de lista, o que é certo é que todos me dizem que tenho e devo ser eu, porque ser candidato é fácil, mas ser presidente não”, termina.
Muito bem sr. Presidente. Os meus parabéns pela excelente obra que já conseguiu fazer. Um bem haja. É de pessoas assim que o País precisa. Estar ao serviço da população e não tentar tirar proveito pessoal. Um abraço. Armando Silva. Atenção eu não sou de Lustosa mas conheço bem Lustosa. Onde tenho muita gente amiga e que gosto muito.
Já conheço o sr Armando Silva a muito tempo e sintome a vontade para dizer que e um grande presidente e sem dúvida alguma, sempre desponivel para ajudar um amigo muito obrigado por ser assim