Opinião de Pedro Amaral
Escrevo este artigo, para a edição da Páscoa do “nosso Louzadense”, em pleno Domingo de Ramos, pensando quão diferente volta a ser esta semana maior do calendário cristão e social da nossa terra e do nosso país.
Caso o leitor não saiba, desde há vários anos não passo o dia de Páscoa com a minha família, abraçando a missão da visita pascal (ou o conhecido compasso) o que me leva, necessariamente, a partilhar o dia com a comunidade que acaba por ser, também ela, uma extensão das nossas próprias famílias.
A esse respeito, 2020 e 2021 trocaram-nos as voltas. A comunidade reduziu-se ao núcleo familiar e a interacção comunitária cingiu-se ao distanciamento social e limitou-se à digitalização. E, pese embora com algum alívio nas restrições, continua ainda a faltar-nos este ano a total liberdade a que estávamos habituados por esta altura.
Falta-nos a agitação dos que vão de férias, a expectativa dos que partem para as suas terras natais, a azáfama nas igrejas na preparação do tríduo, o assoberbar das floristas e pasteleiros sem mãos a medir para os pedidos de flores e pães-de-ló, as desenfreadas limpezas de Primavera e o repique das sinetas na manhã do Domingo de Páscoa.
No entanto, não podemos esquecer que a história da humanidade é feita destas adversidades. E o facto de ainda cá estarmos, eu a escrever, o leitor a despender-me alguma atenção e a vida a seguir o seu curso, é a prova provada da capacidade humana de resiliência face às dificuldades que vão surgindo. Aliás, a forma extraordinária como a ciência se empenhou na descoberta das vacinas que, hoje, nos mantêm focados na luz ao fundo do túnel prova-o também.
É precisamente por isso que, mais do que nunca, é essencial vivermos e experienciarmos o verdadeiro espírito pascal, alicerçado no sentimento de fé, esperança, renascimento e vida. Aliás, também por isso celebramos a Páscoa na Primavera, símbolo maior do renascimento.
Existirão outras Páscoas que, se Deus quiser, poderemos viver em pleno, repetindo novamente “Boas Festas! Aleluia! Aleluia!”.
Numa pequena nota mais político-actual, denoto com curiosidade o facto dos nossos governantes, apesar do espírito pascal, não se terem deixado influenciar pelo exemplo bíblico de Pôncio Pilatos (que tantas vezes lhes serve de mote). Tenha-nos valido pelo menos isso, que o facto de terem lavado as mãos na altura do Natal, com todas as consequências que conhecemos, tenha servido para que agora estejam especialmente atentos. Repetindo o mote de um artigo anterior “gato escaldado de água fria tem medo”.
Pedro Amaral escreve segundo a antiga ortografia
Parabéns que Deus o Abençoe
Irmão Vasco Duarte