Opinião de Eduardo Moreira da Silva
Chegados ao 47º aniversário do 25 de Abril, data em que se comemora também o 2º aniversário de “O Louzadense”, verificamos estar numa altura em que muito se fala de Liberdade, não só pelas restrições impostas perante a pandemia, mas também por algum recrudescimento do populismo, mercê do absoluto desencanto com os políticos e com o sistema judicial.
É claro, que talvez seja necessário começar por distinguir que Democracia é uma coisa, Liberdade é outra. O mesmo se aplica a Justiça e Direito. Explico, Democracia é igualdade, portanto um conceito absolutamente fixo, já Liberdade é muito mais difícil de definir, existem definições conforme as circunstâncias e até conforme o indivíduo, acabando o senso comum, muitas vezes, por optar por aquele lugar-comum do “a minha liberdade acaba onde começa a do outro”, algo de extraordinariamente indefinido. A mesma aporia acontece quando falamos de Justiça, enquanto por direito facilmente entendemos o conjunto de leis que rege (ou se pretenderem, funda) o Estado, já por Justiça é impossível chegar a um consenso, uma vez que ela não se confina dentro edifício legal, vai muito mais além, mas que no senso comum assume uma roupagem moral, que como qualquer moral serve apenas o indivíduo e não a comunidade na sua pluralidade.
Mas então, perante este tipo de aporias, de caminhos sem saída, que tipo de solução se pode apontar? A resposta terá que passar por uma dinâmica que permita uma ética, à qual vou chamar de ética da Liberdade. É um termo discutível, mas vou deixá-lo aqui para melhor compreensão. Uma ética que permita o estabelecimento do pluralismo no seio da comunidade. Portanto um pluralismo que transcende a moral, que transcende o cumprimento estrito de regras, que transcende a individualidade de cada ser humano. Um pluralismo que garanta o sentimento do viver na vida, a cada um o sentimento de estar vivo e desfrutar do seu viver enquanto interagindo com os outros. No fim é uma ética que não foge às suas raízes na defesa da Polis, da comunidade onde se integra.
Deste modo o foco passa para a criação das condições que permitam a melhor convivência entre as pessoas na sua individualidade, sem colocar em causa aquilo que são, necessariamente, as experiências subjetivas, pois estas são fundamentais ao processo de intersubjetividade, portanto ao pluralismo. A liberdade será sempre o horizonte do qual nunca se deve perder de vista, a ética o veículo de navegação pela vida.
Uma navegação onde “O Louzadense” pertence. Muito jovem, faz 2 anos, mas já com um percurso marcado indelevelmente na pluralidade. Uma pluralidade assente nas idiossincrasias do concelho de Lousada, que “O Louzadense” se tem esforçado por mostrar a todos os leitores, procurando sempre a inovação, diversidade e qualidade na apresentação de conteúdo. A procura, porque intensa, dá frutos, percebendo-se que este Jornal é já uma referência na informação, não só no concelho, como também na região do Vale de Sousa. Está assim de parabéns não só pelo aniversário, mas também pelo seu trabalho em prol do pluralismo, que com certeza abre o horizonte à Liberdade.












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