Opinião de Pedro Amaral
Nos últimos tempos dei por mim a pensar na importância de tomar decisões. De perspectivar futuro, definir uma estratégia clara, e actuar original e decisivamente em prol dos objectivos a que nos propomos.
E dizer que é importante decidir não implica, necessariamente, decidir bem ou de acordo com as expectativas dos outros 100% das vezes. Afinal, Cristo, que foi Cristo, não agradou a toda a gente. Também por isso a escolha provocatória da citação que serve de mote a esta reflexão.
No entanto, aqueles que se propõem liderar seja o que for (um governo, uma câmara, uma instituição ou empresa) devem ter plena consciência de que sem decisões ousadas e estratégicas, sem rasgo e sem plano de futuro, não são senão líderes de um navio em piloto automático. Um marasmo de auto-gestão que é o primeiro passo para que o navio se aproxime, na melhor das hipóteses, da mediocridade, na pior, do erro e do fracasso. Um líder que não decida, é um líder inevitavelmente a prazo, porque é um líder que falhou na definição de um plano de futuro.
A título de exemplo, quando há alguns meses surgiu a primeira vacina contra a COVID19 e em Portugal se anunciou a criação da famosa “task force” para vacinação, houve, precisamente por causa da questão decisória, uma mistura de emoções entre a esperança do início do fim e a apreensão em relação à eficácia das decisões dessa entidade.
E bastaram, efectivamente, algumas semanas para percebermos que a direcção política nomeada pelo governo socialista para a “task force” era muito boa no aparato em torno da escolta dos camiões de distribuição, mas muito má na efectiva vacinação pelos grupos prioritários.
Nessa altura, o CDS-PP foi o único partido que, desde a primeira hora, afirmou peremptoriamente que uma tarefa desta natureza, com um objectivo claro para futuro e uma vertente logística tão acentuada, não podia ser senão entregue à organização militar, habituada por excelência a tomar decisões estratégicas, com o propósito claro de vencer desafios.
Apesar da indiferença que sofreu, o CDS foi, à data, o mais lúcido dos partidos, porque, por norma, compreende e valoriza aquilo que a esquerda porventura menospreza, precisamente a importância de tomar decisões que concretizem futuro.
Prova provada de que a política do “deixa rolar” é incapaz de alcançar qualquer tipo de futuro, é o facto de, a partir das decisões tomadas pelo Vice-Almirante Gouveia e Melo, Portugal já ter atingido 70% da população adulta vacinada com a primeira dose da vacina.
Mas não só a nível nacional se assiste, infelizmente, a este marasmo decisório e à falta de rasgo para futuro, na minha opinião, tão característicos do socialismo. Também a nível local se assiste, nessa cor política em particular, cada vez mais ao comodismo das máquinas burocráticas que, sem qualquer rasgo ou estratégia visível para apresentar, acabam por se agarrar habilmente ao que de melhor se vai apresentando como alternativa.
Mas será que essa estratégia tem futuro? Não me parece. Mas, como costumo dizer, veremos…
Pedro Amaral escreve segundo a antiga ortografia
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