Opinião de Maria Neto
Com a chegada de um novo ano e após este período festivo, marcado por excessos alimentares, adensa a procura por dietas detox, desde sumos verdes a suplementos detox, sem dúvida, um dos temas da atualidade.
As dietas detox estão associadas à eliminação de toxinas e ao emagrecimento. Em consequência, estas afirmam “limpar/purificar” o organismo dos excessos cometidos e eliminar toxinas prejudiciais. Mas será mesmo assim?
Em primeira instância, uma dieta detox ou dieta de desintoxicação, pauta-se por intervenções dietéticas, de curto prazo, visando eliminar as toxinas presentes no organismo, envolvendo, por norma, períodos mais ou menos curtos de jejum e uma dieta rigorosa, à base de frutas, legumes, sumos de frutas, água, chás, com a eliminação de alimentos com lactose (por exemplo, laticínios) e com glúten (por exemplo, pão, massas, tostas, bolachas). Podendo acrescer ainda, a utilização de suplementos, para acelerar este processo (suplementos detox).
A adesão a este conceito está em crescente, principalmente por pessoas que compadecem de excesso de peso, inchaço e retenção de líquidos, apesar de ainda não haver evidência suficiente e robusta que comprove a eficácia deste tipo de dieta.
Não obstante, sendo uma dieta tão restrita e com um teor de hidratos de carbono e proteína relativamente baixo, não é uma dieta equilibrada do ponto de vista nutricional, deste modo, não deve ultrapassar os 3 dias, nem ser um recurso regular.
Importa frisar que, o nosso organismo, por si só, dispõe de mecanismos internos de desintoxicação, eliminando os compostos tóxicos através do fígado, fezes, urina e suor. Assim, o fígado e os rins são os principais órgãos responsáveis pela desintoxicação. O fígado desempenha um papel basilar na maioria dos processos metabólicos, peculiarmente, na inativação de moléculas e toxinas e, na eliminação de metabolitos tóxicos, tanto endógenos, como exógenos, através da secreção biliar. Os rins excretam diretamente toxinas hidrossolúveis, nomeadamente, produtos finais do metabolismo, compostos químicos e metais pesados. O sistema linfático é também um ativo relevante, dado que, é através deste que se transportam as toxinas até aos órgãos principais de excreção.
Posto isto, com o apropriado funcionamento destes órgãos, não é necessário recorrer a dietas detox para purificar o organismo.
É importante, fazer um detox da falta de literacia alimentar e que agrega em si a procura de milagres simples e rápidos. A chave é a educação alimentar!
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