TONANHA CONTA “SEGREDOS DA BOLA”
António Agostinho Silva Sousa, nasceu em Meinedo em 3 de fevereiro de 1974 e ficou famoso com a alcunha de Tonanha, que remonta aos tempos de estudante na escola secundária de Lousada. Foi o primeiro (e único até à data) deste concelho a jogar pela seleção portuguesa de Sub-21 e num campeonato do mundo, que decorreu na Austrália em 1993.
Começou a dar os primeiros toques como atleta no Caíde de Rei Sport Clube e no Freamunde. Depois jogou três épocas na primeira divisão (Desportivo de Chaves e Belenenses. Quando se augurava altos voos para a sua carreira e estava prestes a assinar contrato pelo Sporting teve que abandonar o futebol devido a um problema cardíaco, aos 24 anos.
Nessa curta mas muito satisfatória carreira, Tonanha viveu muito para contar, nomeadamente, segredos e histórias inesquecíveis. O antigo jogador, que atualmente é treinador do Barrosas, conta que uma dessas histórias aconteceu consigo e Sérgio Conceição, atual treinador do FCPorto:
“Aconteceu em 1998, quando fui convocado para o Jogo das Estrelas, que se fazia na altura, entre uma equipa com os melhores jogadores nacionais do campeonato e uma equipa de jogadores estrangeiros a jogar em Portugal. No final era eleito o melhor jogador do encontro, a quem era atribuído um prémio, que na ocasião era a viagem e estadia de 15 dias, nesse verão, na estância balnear de Cancun, com tudo pago. O Sérgio Conceição ganhou esse prémio, mas acabou por não poder usufruir dele porque estava prestes a transferir-se para a Lázio, de Itália, e os planos dele estavam traçados. Por isso ele entendeu dar-me a mim esse prémio. Fiquei muito contente e a minha esposa ainda mais, mas infelizmente também não desfrutei dessa maravilhosa viagem porque um dia ou dois após isso acontecer fui convidado pelo mister João Alves para ir fazer parte da equipa técnica dele, no Campomaiorense. Quando Cancun vem à conversa lá em casa, a minha esposa trata de me lembrar a belíssima oportunidade perdida…”
Uma história caricata, mas que na opinião de Tonanha “demonstra a simplicidade e caráter das pessoas do Norte”:
“Estive emprestado pelo Belenenses ao Desportivo de Chaves, na época de 1995-96 e antes da última jornada, fui falar com o presidente Castanheira para me libertar antes do previsto, para poder ir com o Belenenses numa excursão aos Estados Unidos. O presidente disse para me focar no jogo que faltava, que era com o Gil Vicente e que precisávamos de ganhar para não descer de divisão, e para passar na firma dele na segunda-feira. Assim fiz. Ganhamos 1-0 e quem desceu foram o Felgueiras, o Campomaiorense e o Tirsense. Fui ter com o presidente, conforme combinado, na sua firma de máquinas agrícolas e lá estava ele de mangas arregaçadas às voltas da maquinaria. “Ora, vamos tratar de contas”, disse ele. Puxou de um cheque, preencheu-o e entregou-me, com as mãos cheias de óleo, e demos um forte aperto de mão que selava a nossa despedida e eu vim embora com a noção da hombridade e boa essência das gentes de Chaves”.
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