LouzaRock – por José Carlos Carvalheiras
Na linha do estilo sombrio do seu anterior projeto (“War Blasfemy”), mas menos direto e mais negro, surge agora o mais recente projeto musical do lousadense Paulo Soares, intitulado “Tormento”. Isto comporta um EP ou mini-album, com três temas muito peculiares, o principal dos quais denominado “Mar das Almas” e que são sobretudo para apreciadores dos estilos Black Metal e Dungeon Synth.
LOUZAROCK – Partindo do princípio que a música (também) é comunicação, o que pretendes comunicar ou transmitir com “Mar das Almas”?
PAULO SOARES – A mensagem musical de “Mar das Almas” é, na sua essência, a mesma que a do projeto em si. É uma reflexão sobre o mundo em que vivemos e a minha conclusão de que, por mais que possas tentar, não há nada que possas fazer para evitar a tragédia que será o fim das nossas vidas. Nós vamos morrer, as pessoas que amamos vão morrer, as pessoas que nos amam vão morrer, agora falta saber quem vai ser o primeiro a sofrer.
LOUZAROCK – É uma produção totalmente a solo? Que colaboração tiveste?
PAULO SOARES – Até agora, tudo o que diz respeito a música, quer seja execução, composição, etc, é totalmente a solo com a exceção do artwork que é o meu filho que faz, segundo a minha supervisão. Só preciso de dizer o que estou a imaginar e ele traduz isso para imagens. No que diz respeito à parte audiovisual, está a ser desenvolvido um videoclipe, para uma musica que ainda não foi lançada, e que está a cargo do Hugo Meruje, que tem sido o meu “camarada musical” há quase 20 anos, com participações em War Blasphemy, entre outros projetos. Acho que não conheço ninguém mais talentoso e além disso, ele conhece-me muito bem. Às vezes nem consigo explicar o que quero e ele já sabe muito bem o que pretendo.
LOUZAROCK – Além da plataforma Bandcamp onde se pode aceder a este novo trabalho?
PAULO SOARES – Só mesmo no Bandcamp. Apostei nesse formato para não ter “amarras” de nenhum tipo. Dessa forma, posso lançar a música que eu quiser na altura que eu quiser, sem ter de obedecer a agendas de editoras ou distribuidoras. E quando sair em formato físico será sempre uma reedição dos trabalhos já lançados até agora.
LOUZAROCK – Tormento e War Blasphemy são duas “marcas” tuas para tipos de produção diferentes. Que significado têm?
PAULO SOARES – Sim, é verdade. “War Blasphemy” sempre foi mais cru e direto, um ódio direcionado contra todas essas religiões organizadas que não passam de negócios, que se alimentam do dinheiro de pessoas pobres de espírito, que se acham tão vulneráveis que têm a necessidade de ser marionetas de um qualquer ser que lhes promete a felicidade a troco da devoção extrema e da auto negação de todo e qualquer instinto da natureza humana. Quanto a “Tormento”, aos ouvidos de algumas pessoas pode ser muito mais agradável, mas acho que consegue ser ainda mais negra. Foi um projeto que nasceu da minha necessidade de transformar em música as depressões graves que me foram diagnosticadas. Acho que esse sentimento está bem patente em cada nota que gravo. “War Blasphemy”, por ser agressivo, faz o ouvinte “cerrar o punho”, já “Tormento” faz o humor do ouvinte mudar drasticamente, ainda mais se for ouvido com auscultadores que, com todos aqueles sons, chega a ter um efeito hipnotizante e perturbador.
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