“Lousada está a capacitar-se para ser um grande polo na área do Tâmega e Sousa.”
Com a sua naturalidade presente no seu nome, “Braga” da Costa, dedicou de forma exímia 42 anos da sua vida ao serviço do ensino, mais concretamente no âmbito da administração da educação. Ensinar, educar, abrir horizontes, mostrar novos mundos foram afazeres que protagonizou com todo o seu saber. Dono de consideráveis habilitações académicas e profissionais que, a par de uma grande força de vontade, o posicionaram com um alto quadro do Ministério da Educação, a nível distrital.
Nascido em São Victor, uma freguesia portuguesa do município de Braga, Fernando sempre habitou nesta cidade. Contudo, após o matrimónio no ano de 1965 com Maria Minervina da Cunha dos Reis, sua estimada esposa, também ela professora do ensino primário, passou a deslocar-se com bastante frequência a Lousada, tendo feito vida entre Braga e a “Casa da Mata”, situada em Aveleda. Assumiu, desde o princípio, Lousada como uma terra sua pois foi nesta que a mulher da sua vida havia nascido e crescido.

Filho de um casal de professores com seis descendentes. Em termos profissionais, Fernando sempre esteve ligado à área da educação. Desengane-se quem ache que foi devido a uma influência total por parte dos seus progenitores, por serem ambos docentes. De acordo com o próprio, só em parte havia sido, pesou mais a necessidade de frequentar um curso na cidade de Braga.
Na verdade, na altura de ir para o ensino superior, em Portugal apenas existiam três universidades e nenhuma delas em Braga. Deste modo, devido ao peso das despesas que os seus pais já acarretavam com os dois irmãos mais velhos que frequentavam o ensino superior na cidade do Porto, decidiu não ser mais um encargo para os pais. E, por essas circunstâncias, ingressou na Escola do Magistério Primário em Braga, no ano de 1961.
“A Escola do Magistério Primário de Braga era uma escola do ensino médio, extraordinária, tendo formado indivíduos com grande nível intelectual e, naturalmente, isso abria-me caminho para entrar no setor da educação. E quando acabei o curso, tive a certeza de que ia gostar da minha profissão”, afirma Fernando.
Inicialmente, foi Professor do Quadro de Agregados do distrito de Braga e, passado um ano, exerceu o cargo de Professor do Quadro Geral do Ensino Primário. Durante o período em que lecionou, foi incorporado no Exército Português e mobilizado para a atual República de Guiné-Bissau, onde permaneceu e combateu entre 1966 a 1968.
Após ter cumprido o serviço militar, prosseguiu na sua formação acadêmica, orientada no sentido da educação, designadamente, fez um curso de especialização para o ensino primário complementar, na Escola do Magistério Primário em Braga, e o curso de ciências pedagógicas pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
“Em outubro de 1972 fui nomeado Adjunto do diretor do distrito escolar de Braga”, declara Fernando, tendo permanecido 8 anos neste cargo.

Desde então, iniciou a sua carreira na administração da educação. Fernando foi Diretor Escolar de Leiria e do Porto onde se manteve até à extinção das direções distritais que outrora existiam, em 1993.
Detentor de grandes responsabilidades graças à posição em que se encontrava, Fernando sabia destas pelo que procurou estar sempre atualizado. Construiu o seu conhecimento em vários cursos, formações e universidades que frequentou. Assim sendo, é congruente afirmar-se que o mestre dispõe de um currículo numeroso.
Com o propósito de assegurar a orientação, a coordenação e o acompanhamento das escolas, Fernando além de todos os desafios profissionais enumerados até então, foi Coordenador Nacional do Projeto do Ministério da Educação, “Uma Escola – Uma Empresa”. Consequente desta função, ajudou de uma forma especial as escolas do concelho de Lousada e do país.

O projeto tinha por função primária recolher apoio das empresas locais em favor das escolas da sua área geográfica, numa perspetiva de mecenato cultural. Conforme reforça, com bastante satisfação, “o tecido empresarial de Lousada respondeu de uma maneira sublime”. E, desta forma, conseguiu-se dar uma maior dimensão e incremento ao ensino básico no concelho de Lousada.
Ademais, consistia numa troca: nas escolas, os alunos usufruíam do apoio das empresas em que os seus pais trabalhavam e estas obtinham uma maior e melhor produtividade dos seus trabalhadores. O eufemismo popular – “quem meu filho ama, minha boca adoça” – não poderia exemplificar melhor o sentimento dos colaboradores dessas empresas.
Questionado sobre se em algum momento se arrependeu do caminho escolhido, Fernando respondeu prontamente que não. Todavia, quando era mais novo tinha duas áreas em mente: arquitetura e direito. Apesar de se ter dedicado à educação, fez um curso particular no setor do desenho arquitetónico.
“Fui um ocasional desenhador da construção civil, na medida em que alguns habitantes no concelho de Lousada me solicitaram que desenhasse as suas casas”, sublinha. No passado, a vila apresentava enormes carências de técnicos, a par de outras que eram – eminentemente – rurais e agrícolas. Assim sendo, Fernando teve a oportunidade também aqui fazer a diferença.
Segundo o próprio, enquanto profissional, foi sempre uma pessoa preocupada com o resultado do seu trabalho e um eterno “caçador” de conseguir mais e melhor. Foi durante muitos anos um superior hierárquico dos professores, porém afirma que sempre se sentiu um deles, razão porque foi simultaneamente Presidente do sindicato dos diretores e subdiretores escolares e Vice-presidente da associação nacional de professores.
Quando olha para trás pensa que poderia ter feito mais, mas considera que é sempre ilusório porque está a fazer medições com situações que já não são mensuráveis. Os tempos mudaram e os meios, os edifícios e os materiais já não são os mesmos de outrora, ou diga-se, da época em que era professor e administrador educativo.
“Estou orgulhoso do meu percurso, apliquei-me tanto quanto pude”, salienta Fernando.
Desde 2003, Fernando encontra-se aposentado após – note-se – 42 anos de serviço. Caracterizado por ser um senhor sempre em busca de novos conhecimentos, a contar desde esse momento, dedica-se a genealogia – estudo no âmbito da história das famílias.
Em relação ao seu núcleo familiar, Fernando afirma estar plenamente realizado, contudo permanece a mágoa e tristeza do falecimento precoce do seu filho. Apesar deste acontecimento infeliz, o orgulho que nutre pelas duas filhas, ambas juristas, e pelos seus seis netos, entre os quais uma juíza e outra nutricionista, é desmedido.

A costela daquilo que em criança gostava de ser – arquiteto – manifesta-se sempre que passa por Lousada. “O tecido urbano está, cada vez mais, harmonioso. Os prédios bem estruturados e desenhados, com as ruas largas são um exemplo. Lousada está a capacitar-se para ser um grande polo na área do Tâmega e Sousa”, finda Fernando.
Ao longo de toda a entrevista, pode depreender-se a sabedoria que Fernando possui e transmite, a sua capacidade de trabalho, e a ajuda que prestou no desenvolvimento dos estabelecimentos de ensino e o que eles englobam. Indubitavelmente, Fernando do Sameiro Braga da Costa é um indivíduo cognoscente, na medida que busca o conhecimento e tem a capacidade de conhecer e assimilar o saber.

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