por | 9 Mai, 2022 | Sociedade

Maternidade: a visão sobre ser mãe

A relação entre mãe e filho acontece, na maioria das vezes, na descoberta da gravidez. À medida que o bebé cresce dentro do útero, o corpo da mulher sofre mudanças, muitas delas bem drásticas. A conexão do bebê com a mãe continua mesmo depois do nascimento. Ser mãe é a certeza de carregar o amor mais intenso para o resto da vida. A experiência da maternidade traz inúmeras alegrias, descobertas e grandes desafios. O Louzadense usufruiu do privilégio de escutar a história de três mães. 

Ao nascerem, os bebés têm como tarefa primordial a adaptação ao mundo exterior. O meio da apropriação é realizado, principalmente, pela figura da mãe que assume a tarefa de proporcionar os estímulos necessários para recebê-lo e integrá-lo no ambiente de forma a dar continuidade ao processo iniciado dentro da barriga. A importância da interação mãe-bebé permite o desenvolvimento global que se pretende saudável da criança. 

A condição de desamparo com que o bebé nasce requer que ele estabeleça com a mãe uma condição de dependência absoluta. Por isso, a ligação com a mãe é primordial para a construção da personalidade do bebé. 

O amor materno é a expressão afetiva direta da relação positiva com o filho, tendo como principais características a ternura e a proteção. Toda a atenção da mulher, na maior parte dos casos, é direcionada para os cuidados maternos.

No entanto, o papel de mãe não é só importante na fase inicial da vida do bebé. Ao longo de toda a vida, esta merece um papel de destaque na vida do filho. A preocupação, o amor … encontram-se presentes em todos os processos, desde a adolescência à formação de família, por exemplo. O laço é estabelecido ainda dentro do meio intrauterino, e, prolonga-se pela vida fora. 

A relação mãe e filho é uma das mais importantes da vida. Por ser o primeiro vínculo estabelecido pela criança, é ela que serve de base e, muitas vezes, que acaba por determinar a maneira como vamos lidar com as pessoas em todas as áreas. Isto é, a forma que estabelecemos a relação influencia na pessoa que seremos na vida adulta e não só. 

São vários os benefícios quando a relação entre mãe e filho é saudável e direcionada no sentido certo. De ressalvar que isto acontece na maior parte dos casos, segundo estudos realizados por entidades competentes. Inicialmente, os bebés que não têm ligações próximas com as mães desenvolvem problemas de comportamento mais tarde na vida. De seguida, na fase da escola, quanto mais próximos das suas mães melhor o desempenho escolar. Normalmente, as progenitoras alimentam a inteligência emocional dos filhos. Por conseguinte, tornam-se mais articulados, o que os ajuda com habilidades de leitura e escrita, mas também no comportamento correto dentro e fora da sala de aula. 

Além de tudo isto, um relacionamento próximo entre mãe e filho é bom para a saúde mental deste. As melhores amizades são frequentes e a ansiedade e depressão são pouco usuais se a relação for de proximidade, e, com o recheio completo de coisas boas. A infância é uma etapa crucial na vida de todas as crianças, uma vez que determinará uma série de comportamentos e maneiras de lidar com acontecimentos. As questões do passado influenciam o caráter de qualquer indivíduo que se molda consoante estas. Na fase da adolescência, acabam por se envolver em comportamentos menos arriscados. Desta forma, é essencial existir uma boa comunicação entre pais e filhos. 

Ser mãe é a ambiguidade e o equilíbrio no movimento de ir e vir, é segurar e soltar, proteger e deixar, acolher e libertar. 

Três mães e três histórias

Se há a maternidade idealizada, perfeita e incrível, também há a maternidade real, intensa e difícil. São histórias tão singulares, com apenas uma coisa em comum: o peso e o amor de ser mãe. Então, para ouvir as donas da maternidade real e para homenageá-las também, O Louzadense conversou com três mães que contaram um pouco sobre as suas vivências, as alegrias, dores, satisfações e desafios que este papel traz à vida delas.

Marta Regina Gomes Carneiro, uma das entrevistadas para esta edição, reside em Lustosa, freguesia do concelho de Lousada. Com 45 anos, é Professora no Agrupamento Mário Fonseca. No entanto, esta não é a função com maior destaque. Ser docente, filha, irmã e amiga são papéis que executa com o maior gosto e profissionalismo. Contudo, ser mãe é, sem dúvida, o papel mais difícil e gratificante que desempenha. 

A Margarida, de 12 anos, e o Rodrigo, de 8 anos, foram muito desejados, porém ambas as gravidezes foram vividas com alguma ansiedade, segundo afirma a própria. “Os primeiros tempos a seguir ao nascimento dos meus filhos foram bastante exigentes, como para qualquer mãe”, afirma. O facto de possuir um pequeno ser no colo, completamente indefeso e dependente faz com que o medo de falhar se torne avassalador. Porém, o amor também o é. Marta acredita que a expressão, “vive-se com o coração fora do peito”, presta mais sentido do que nunca. 

Há 5 anos, Marta assumiu sozinha o cuidado e a educação dos filhos devido à separação que sofreu. Com toda a sinceridade, declara que, desde então, as dificuldades tornaram-se maiores, bem como os desafios. “Se, inicialmente, se instalou o desalento, depressa a força e a resiliência de que sou feita fizeram-me seguir em frente”, conta. A professora de profissão sabia que tinha de lutar e viver para as suas crias, e, assim foi. 

O porto de abrigo de Margarida e Rodrigo, confessa que articular a vida profissional com a vida familiar nem sempre é fácil. Conciliar os horários, dar resposta a todas as suas necessidades e acompanhá-los obriga-a a gerir o tempo de uma forma bastante disciplinada. “Sinto que estou no bom caminho”, salienta. 

Marta olha para os filhos e vê duas crianças felizes. Independentemente de todas as adversidades, isso é o que importa. O seu objetivo enquanto mãe é ajudá-los a crescer e a tornarem-se pessoas de bem, de acordo com a própria. Consequentemente, irão deixar uma marca bonita neste mundo que vivemos. 

“Quando me deito sinto uma paz imensa e sei que os meus filhos, o melhor de mim, estão a dormir no quarto ao lado”, sublinha visivelmente satisfeita pois, desta forma, tudo está certo. 

“A todas as mães deixo a minha homenagem, sobretudo à minha, pelo seu exemplo de amor, simplicidade e entrega aos filhos e à família”, finda Marta Carneiro.

Marta Carneiro e os dois filhos

Lígia Sousa, foi outra mãe lousadense que usufruímos do privilégio de escutar. Com 36 anos, é gestora e habita em Silvares. Questionada acerca da sensação aquando da descoberta da gravidez, confidencia que foi um misto de emoções. No fundo, estava a realizar um sonho, mas o medo do desconhecido fez-se sentir neste momento mágico. 

A mãe de primeira viagem realça o receio inicial de não conseguir corresponder positivamente aos desafios que a maternidade exige. Lígia teve o seu filho através de cesariana, parto cirúrgico, com anestesia geral, porém, o mesmo não estava previsto. E, dado isto, sublinha que não foi tão mágico quanto gostaria. “No final correu tudo bem”, afirma. 

Para Lígia, o maior desafio que encontrou enquanto mãe e em paralelo o que mais lhe custou foi ver o seu filho doente ou com qualquer dor/sofrimento e não conseguir devolver o bem-estar. A impotência, aquando destes momentos, é bastante dolorosa. 

São várias as coisas que se dizem antes de ser mãe, e, quando acontece muitas delas acabam por não coincidir com o que outrora se idealizava. O uso do telemóvel era algo que Lígia afirmava que não iria dar para a mão do filho, contudo hoje permite-lhe. 

O amor de mãe é descrito como a ligação mais forte e inabalável que a vida pode proporcionar a uma mulher. “Para mim é o próprio sentido da vida”, realça. 

Lígia Sousa e o filho

Teresa Maria de Sousa Teixeira, reside no Torno. Com 57 anos, é empregada de escritório, e, essencialmente, mãe de duas raparigas. A sua primeira filha foi muito desejada e planeada, logo aquando da realização do teste de gravidez feito naquela altura na farmácia, ficou bastante feliz. “Confirmou o meu estado de graça”, afirma. 

O sonho do casal foi realizado. No entanto, a maternidade não ficou por aqui. Oito anos depois da sua primeira experiência, nasce a sua segunda filha, também planeada. Os sentimentos destas duas viagens foram fortes e intensos, de acordo com a própria. 

Tanto da primeira como da segunda filha, o parto de Teresa foi eutócico comummente designado por parto normal. Com algumas dores das contrações, sublinha que “tudo correu muito bem”. Assim que sentiu as suas crias nos braços vivenciou o significado do verdadeiro amor. 

“São vários os desafios que se encontram, pois, o crescimento envolve várias mudanças”, evidencia. Além disto, conforme Teresa, as suas duas filhas eram sempre muito diferentes, e, às vezes, o que resultava numa delas não era adequado à outra. No entanto, o maior desafio que enfrentou foi quando adoeciam. Nos dias de hoje, apesar das suas filhas já serem crescidas (38 e 30 anos de idade) a preocupação e aflição ainda se mantém, seja em que situação for. 

Na sua função enquanto mãe, Teresa sempre se inspirou no que a sua progenitora foi e fez consigo. “Quando a minha filha mais nova nasceu, a minha mãe foi o meu amparo”, sustenta. Esta descreve-a como uma mulher carinhosa, dedicada, paciente e compreensiva. Neste sentido, procurou seguir as suas pisadas. 

“Para mim, ter a presença das minhas filhas todos os dias é o meu melhor presente”, declara. A hora do almoço, do jantar, o passear e fazer compras em conjunto é retratado como atividades reconfortantes. 

O que é o amor de mãe? Teresa afirma, “é passarmos a viver para os nossos filhos”. Estes tornam-se a prioridade e o coração ganha asas de tanto amor. 

Em jeito de finalização, Teresa deixa uma mensagem para a sua progenitora. “Mãe, hoje não estás presente para te poder docemente beijar e cuidar de ti. Mãe, que doce mulher. Mãe, minha querida mãe, um beijinho com muito amor para ti que, certamente, estarás no céu”

Teresa Teixeira

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