“Queremos ligar as associações aos jovens e vice-versa”
A mais recente associação lousadense chama-se simplesmente Associação Juvenil de Lousada, embora inicialmente pretendessem chamar-se 4620, mas esbarraram num impedimento legal. O Louzadense foi entrevistar o seu presidente, João Sousa.
O Louzadense – Quando surgiu, onde é a vossa sede e o que vos levou a fundar a associação?
João Sousa – A ideia da Associação surgiu há cerca de dois anos. Vários dos seus membros tinham terminado os estudos universitários e, durante esse tempo, fizeram parte dos movimentos associativos académicos, seja nas Associações de Estudantes ou em Associações e Federações Académicas. Pareceu-nos um desperdício não aproveitar tudo o que tínhamos aprendido durante os anos no movimento académico e aplicá-lo a Lousada.
Olhando à nossa volta, não existia qualquer estrutura que tentasse representar os jovens daquele que é, historicamente, um dos municípios mais jovens da Europa, bem como criar programas direcionados a estes. E assim surgiu a ideia e vontade de criar essa estrutura.
Neste momento, a Associação ainda não dispõe de uma real sede. O timing em que a Associação foi criada acabou por ser um pouco infeliz uma vez que coincidiu com o início da pandemia. Por isso, a nossa sede, para todos os efeitos, tem sido o Zoom. Todos os projetos que tínhamos planeados acabaram por ser postos em stand-by uma vez que todos envolviam contacto direto com os jovens.
O Louzadense – A que atividade se dedica a vossa associação?
João Sousa – Até ao momento, infelizmente, a Associação ainda não teve a oportunidade de colocar em campo os programas e atividades que preparou. Uma vez que as atividades planeadas envolviam contacto direto com as pessoas, e tendo em conta o contexto pandêmico, as atividades foram sempre sendo internamente adiadas até sentirmos que estávamos já num ponto pandêmico mais seguro.
Logo no início da pandemia, em conjunto com a Associação Juvenil da Figueira da Foz, lançamos um portal online com recursos para as pessoas utilizarem enquanto estavam em casa, nas quarentenas. Foi, na essência, um índice de recursos desde filmes, séries, livros, música, recursos de exercício físico, e muitos outros que os jovens e as pessoas pudessem utilizar durante as quarentenas. Esse portal foi, entretanto, desativado.
Mas, embora não tenhamos ainda publicamente posto em prática nenhum programa, não significa que estivemos parados. Agora que estamos a assistir à terceira fase da vacinação e sentimos que começamos a ter reais condições de segurança para reunir os jovens, estamos a começar a preparar as nossas atividades para entrarem em ação.
O Louzadense – Porque adotaram esse nome?
João Sousa – A escolha do nome foi provavelmente o passo mais fácil da criação da Associação. Originalmente, a associação ia ser denominada 4620 – Associação Juvenil de Lousada, pela ligação lógica ao nosso código postal. Contudo, por motivos do reconhecimento do nome, fomos obrigados a alterar a denominação para Associação Juvenil de Lousada. A razão é óbvia: somos uma Associação que quer criar oportunidades para os jovens de Lousada.
O Louzadense – Quem são os principais diretores e como se conheceram?
João Sousa – Os principais responsáveis neste momento sou eu, Presidente da Associação, a Mariana Magalhães, Vice-Presidente, e a Joana Nogueira, a nossa secretária. Da minha parte e da Mariana, a história já é longa. Conhecemo-nos desde a escola, por isso, há pelo menos 10 anos. Sempre convivemos e quando lhe propus a ideia de criar a associação a Mariana aceitou de imediato a ideia e temos trabalhado desde aí. Já a Joana juntou-se a nós porque era conhecida da Mariana que propôs que ela integrasse a direção da Associação por ser bastante pró-ativa e trabalhadora. Até hoje, nunca desiludiu e é das pessoas com mais energia para criar e trabalhar nos nossos projetos.
O Louzadense – Como associação juvenil, quais considera que são as principais necessidades ou problemas da juventude em Lousada?
João Sousa – O óbvio neste momento são as restrições que foram impostas às suas atividades nos últimos 2 anos. Mas, felizmente, estamos a chegar a um ponto em que estas restrições começam a ser levantadas e por isso os jovens podem voltar à ação. Parece-nos que neste momento um dos maiores problemas para a juventude lousadense prende-se com o mercado imobiliário. Cada vez mais somos a geração que fica até mais tarde em casa dos pais, contudo, a maioria não consegue reunir condições financeiras para sair mais cedo. O mercado imobiliário não tem oferta de arrendamento na vila suficiente para suprir todos os jovens em início de vida adulta, e raros serão os jovens em condições de contrair empréstimos para a sua primeira casa.
Por outro lado, uma das grandes necessidades dos jovens lousadenses, e que passa também pelo plano de ação da Associação, é a sua ligação ao tecido empresarial local. Como é lógico, pouco pode a Associação Juvenil fazer para lutar contra o mercado imobiliário, contudo, podemos atuar na capacitação e formação dos jovens para seguirem estudos e formação ligados ao tecido empresarial local, o que, a longo prazo, irá permitir a estes continuarem a viver em Lousada, beneficiando o município, e serem remunerados pelas qualificações que obtiveram. Vemos com bons olhos o trabalho que a Câmara Municipal tem desenvolvido na área da formação profissional, contudo, temos a certeza que, quiçá, em conjunto poderemos atingir muito mais no que toca à capacitação dos jovens lousadenses.
O Louzadense – Quais as consequências da pandemia na vossa atividade e o que pensam fazer em 2022?
João Sousa – Num futuro muito próximo, estamos a trabalhar para criar uma bolsa de voluntariado que vai ligar as associações lousadenses aos jovens e vice-versa. Temos imensos jovens dispostos a emprestar umas horas da sua semana aos outros, mas sentimos que não existe um processo centralizado que ajude estes jovens e as organizações a se conhecerem e colaborarem.
Também estamos a construir um portal que servirá de bolsa de emprego jovem. O objetivo é ligar diretamente as empresas locais aos jovens. Temos uma camada jovem cada vez mais qualificada, mais treinada, mais formada, mas sentimos que os processos de procura de emprego não estão feitos de forma a prender os jovens lousadenses a Lousada instantaneamente após o fim dos seus estudos. Muitos acabam por ir trabalhar para empresas fora de Lousada, porque no processo de procura de emprego nunca encontraram as empresas de cá. O objetivo é ter um portal que seja o primeiro lugar em que cada jovem lousadense procura uma oportunidade de emprego. Este projeto da Bolsa de Emprego Jovem abrirá também num momento mais futuro a possibilidade da Associação, através das suas parcerias, poder proporcionar aos jovens formações complementares aos seus estudos que são uma mais-valia no mercado de trabalho.
Um outro projeto que será também anunciado brevemente é a organização de programas de envolvimento dos jovens com a União Europeia. Este trabalho está a ser desenvolvido com a Federação Nacional dos Estudos Europeus, e abrirá portas a que os jovens lousadenses tenham contacto com a União Europeia, o seu funcionamento, os seus atores, e que cada vez mais percebam e sintam que para além de Lousadenses e Portugueses são também cidadãos europeus.

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