Segredos da Bola
Leonel Martinho Mendes Faria, natural de Nogueira (Lousada), destacou-se no futebol como um excelente esquerdino. Começou nas camadas jovens do Lousada, com idade de iniciado, mas entrou logo para a equipa de juvenis. O seu valor chamou a atenção do Freamunde, onde foi companheiro de jogadores que chegaram à seleção nacional, como Pedro Barbosa, por exemplo. “Foi um dos melhores jogadores com quem joguei, assim como o Ricardo Fernandes, também no Freamunde, que foi meu suplente e mais tarde veio a ser campeão europeu pelo FC do Porto”.
Na posição de lateral-esquerdo encontrou pela frente extremos de grande calibre. Falando dos jogadores que mais lhe custou defrontar, Leonel refere os nomes de Sérgio Conceição e Capucho, dois extremos que brilharam no FC do Porto e na seleção nacional. “Quando eles me apareciam pela frente era sempre um problema. O Capucho era endiabrado e tinha uma capacidade técnica fora do comum, enquanto o Sérgio Conceição era mais imprevisível, tinha mais raça e velocidade”, acrescenta o antigo jogador.
As portas da primeira divisão nacional poderiam ter-.se aberto para Leonel. “Acho que foi por pouco que não fui para o Rio Ave e para o escalão principal do futebol português” e explica que “era novo e não tinha empresário, o que dificultou a tomada de decisão”.
Ainda assim teve bons contratos como jogador profissional. A sua primeira grande época como futebolista aconteceria na Associação Desportiva de Lousada, aquando da subida à 2.ª Divisão B. “Mas não posso esquecer as grandes alegrias vividas em Freamunde, com três subidas de divisão”, salienta o esquerdino lousadense, que também recorda com especial saudade “o jogo de despedida do Tonanha, em Freamunde, que juntou dez mil pessoas num jogo que foi uma festa do futebol numa terra que vive o clube com uma paixão como poucas localidades por onde passei”.
UMA CARREIRA FELIZ
Depois transferiu-se para o União de Lamas, antes da oportunidade gorada, para jogar no Torreense, que também tinha planos para apostar forte na subida ao escalão maior do nosso futebol. Também esteve com um pé no Feirense, que já na altura tinha um projeto para chegar à primeira divisão. “O mister José Dinis, que gostava muito de mim, queria levar-me para Santa Maria da Feira, mas optei pelo Lamas e se calhar fiz mal, mas enfim, na vida tem que se tomar opções”, recorda Leonel Faria.
Ao serviço desse clube do distrito de Aveiro viveu uma das situações mais caricatas da sua vida de futebolista: “eu nunca tinha andado de avião e a estreia aconteceu numa ida do Lamas à Madeira, para jogar com o União, por coincidência, um jogo entre Uniões”. O nervosismo de quem se ia estrear em viagens de avião começou cedo: “dias antes da viagem já os meus colegas mais experientes diziam que aterrar no aeroporto da Madeira era uma aventura complicada, por causa do vento e por ser uma pista pequena”. Leonel confessa que “estava cheio de medo e fiquei pior porque a aterragem foi mesmo muito complicada e só à segunda tentativa é que o avião pousou e senti um alívio tão grande que até bati palmas”.
Depois da carreira profissional, Leonel faria singrou no futebol amador em Lousada, pela equipa de Nogueira, com a qual ganhou duas taças da AFAL (Associação de Futebol Amador de Lousada).
Atualmente, conforme a fotografia documenta, é jogador da equipa de veteranos da AD Lousada, que disputa o campeonato distrital de Masters. Quem sabe nunca esquece e quem anda por gosto não cansa.
Não percam na página digital d’O Louzadense os Segredos da Bola de Leonel Faria, que revela as peripécias de uma época do Lousada com quatro treinadores; fala de “um roubo em Gondomar que até fez chorar os jogadores”, e, a já referida peripécia da aterragem no aeroporto da Madeira.
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