Com 46 anos, natural de Alvarenga, o cidadão desta edição viu-se compelido a mudar desta sua carinhosa freguesia para Santa Marinha de Lodares onde atualmente reside com a mulher e os seus dois filhos. Invoca o espírito associativo através da troca de experiências, da convivência entre as pessoas que se constituem em oportunidades de crescimento e desenvolvimento pessoal. Caracterizado pela pessoa disponível e afável, assim o foi, na entrevista concedida.
Natural de Alvarenga, freguesia portuguesa do concelho de Lousada, Luís aborda de início os seus primeiros tempos de vida e escolaridade. Filho de pais feirantes que, por conseguinte, tinham de sair muito cedo de casa para irem para as feiras. Desta forma, o lousadense e o irmão mais velho frequentaram o Externato da Misericórdia de Nossa Senhora do Rosário no Unhão até à quarta classe.

Durante quatro anos a rotina era a mesma. Às 6h da manhã uma freira recebia-os e os colocava num quarto a descansar até começarem as aulas. Os seus progenitores no regresso iam buscá-los, por volta das 18h da tarde. Terminada esta fase, Luís tinha duas opções, dirigia-se a Felgueiras para dar continuidade aos estudos ou ficava por Lousada. Esta última foi avante.
Frequentou o segundo ciclo na Escola Preparatória, como carinhosamente recorda, e depois prosseguiu para a Escola Secundária de Lousada onde concluiu o terceiro ciclo. Contudo, o ensino secundário não deu por terminado, ou seja, o seu nível de estudos equivale ao 9º ano.
Mais tarde, surgiu a vontade de ingressar nas novas oportunidades e concluir o 12º ano em horário pós-laboral. Porém, a vontade não foi suficiente pois o ritmo já estava perdido e outros hábitos foram implementados. “Já ganhava dinheiro”, demonstrando uma das razões que o fez não ingressar.
Luís andava na disciplina Desporto e, naturalmente, dada a paixão andou em algumas modalidades. Fez as camadas jovens na Associação Desportiva de Lousada (ADL). Nos dias de hoje, apesar da sua vida agitada, pratica futebol às terças, quintas e sextas-feiras com três grupos de amigos diferentes. Segundo o próprio, ajuda-o a manter a forma e é saudável.

As suas ocupações à semana passam por isso, no entanto ao fim-de-semana faz do desporto automóvel o seu passatempo quando tem disponibilidade. “Eu e o meu irmão temos o nosso carro e fazemos algumas provas de Rallycross”, afirma. Há uns anos atrás, praticava BTT, embora tenha deixado.

No fundo, dá para entender a paixão do lousadense por praticar exercício físico. “Adoro desporto, daí ter enveredado por essa área no secundário”, reforça. Posto isto, olhando para as suas atividades é digno de afirmar-se que emprega bem o seu gosto através das associações que fez e faz parte.
Luís integrou uma das direções da Associação Amigos de Alvarenga, porém, a sua experiência num dos cargos diretivos não foi a mais agradável devido a questões de outra dimensão. “O meu pai era presidente do clube e, entretanto, foram precisas novas eleições e entrou uma nova direção na qual fiz parte”, salienta.
Aliado à sua prática de BTT, fez parte da direção do Lousada BTT, mas durante pouco tempo. Após estas experiências, a maior e mais desafiante surgiu: ser Presidente do Lousada Voleibol Clube. A sua filha Verónica, de 17 anos, andava na natação sincronizada, mas não tinha muito aptidão para esta. Posto isto, surgiu a hipótese do voleibol e começou a praticar.

Luís sempre foi um pai presente e estava em todas as ocasiões. Na época, houve uma crise diretiva no clube e a determinada altura, sem se aperceber, desempenhava o papel de Presidente. Ajudar sempre fez parte do seu Ser e nesta situação não foi diferente.

Quando questionado sobre o papel do associativismo, prontamente afirma que é “trabalhar em prol da sociedade e do outro sem querer receber nada a nível monetário”. Aliás, de acordo com o próprio, o importante é as amizades, experiências e conhecimentos que se adquire.
Nesta sequência, a satisfação do lousadense é ver a alegria das jovens em representar o concelho. Exemplo recente disso, foi o torneio Summer Cup na Lousã onde apesar do calor que se fazia sentir estas transportavam consigo um sorriso imenso.
As coisas no associativismo proporcionam-se. Luís acredita que o mesmo encaminha à participação ativa na cidadania e promove o diálogo, a cooperação, entre tantas outras coisas. No entanto, sublinha que entristece-o observar que, cada vez mais, as pessoas se preocupam menos com a parte associativa. “A sociedade não se encontra muito disponível para este dever cívico”, reforça.
Recentemente, existia um grupo de xadrez em Lousada que precisava de clube e pediram ao Lousada Voleibol Clube para se associarem. Pedido aceite, o LVC tem também uma secção de xadrez. “Acreditamos no projeto e nas pessoas, não tenho dúvidas que funcionará”, declara.

Desde sempre fez parte do associativismo, quer na presença ou como elemento diretivo, e pretende continuar nesta vida onde se ganha valores que não têm preço. Luís é casado desde 2002 com a mulher da sua vida, Rosária Cláudia, e deste matrimónio resultaram dois filhos, a Verónica e o Guilherme. “Vivemos muito em prol do desporto que eles praticam”, afirma.
Verónica, como referido anteriormente, anda no voleibol e Guilherme, de 14 anos de idade, anda no atletismo em Lustosa. “Por exemplo, a Verónica teve um jogo no sábado à tarde em Santa Maria da Feira e no domingo de manhã fui para Bragança com o meu filho correr”, conta demonstrando a grande logística em ter dois filhos adolescentes a usufruir de atividades extracurriculares.

A semana desta família é entre levar e buscar os filhos aos respetivos sítios de treino. “É muito desafiante ter dois jovens com idades próximas”, explica. Mas quem corre por gosto não cansa, já dizia o ditado.
A par de tudo isto mencionado, Luís e os seus dois irmãos ficaram com a fábrica dos pais e a sua atividade profissional é realizada nesta. “Temos a nossa marca, a Marquesa, e depois trabalhamos a feitio”, esclarece. Desde sempre, trabalhou na área do têxtil.

Questionado sobre o momento mais importante da sua vida, de imediato refere o nascimento dos filhos. Ao mesmo tempo, interrogado sobre a situação mais desafiante, afirma que foi quando se viu obrigado a sair da sua casa derivado à construção da autoestrada que passava em cima desta.
“Uma mudança muito grande foi o facto de ter de deixar Alvarenga, a minha freguesia, o sítio onde nasci e ir morar para um local onde não conhecia ninguém”, declara. Naturalmente, esta fase da vida de Luís foi complicada e, além do mais, na época a sua esposa descobriu que estava grávida da primeira filha.
Deixou a vida estruturada, calma e serena, e começou tudo do zero. Com muito esforço, hoje vive em Santa Marinha de Lodares com a sua família. De ressalvar que este não teve opção, uma vez que os interesses nacionais se sobrepõem aos interesses pessoais. No entanto, recebeu uma indemnização.
O lousadense considera-se uma pessoa com defeitos, embora não goste de os admitir por vezes, porém, com qualidades. Ajudar o próximo está na sua identidade e não dispensa essa sua forma de ser e estar na vida. Em jeito de conclusão, aborda a sua estimada terra, “só não digo melhor de Lousada quando já não tenho mais adjetivos para qualificar”, conclui.
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