O Centro Social e Paroquial de Sousela possui estatutos aprovados desde 1999 e caracteriza-se como uma instituição de solidariedade sem fins lucrativos. O Centro de Dia e o Serviço de Apoio Domiciliário são as duas Respostas Sociais que compreendem a sua ação, porém, e de forma informal, mais intervenções sociais são exercidas. Olhar para o outro, conhecer as suas necessidades e doar amor, são valores que se praticam no dia-a-dia de todos os utentes. Fique a conhecer mais sobre esta instituição que nasceu por iniciativa da Fábrica da Igreja de Sousela.
Em entrevista ao O Louzadense, mostraram-se prontamente disponíveis o Padre António Freitas, Presidente da Direção do Centro Social e Paroquial de Sousela, e Tânia Magalhães, Diretora Técnica do mesmo. O CSPS possui estatutos aprovados desde 1999, porém, somente em 2015 se conseguiram os protocolos com o Instituto da Segurança Social. Até então, criaram-se as condições necessárias para que fosse aprovado e elegível o estatuto de IPSS.
Caracterizada por ser uma instituição sem fins lucrativos onde a área de intervenção é a solidariedade, tem como fontes de receita, sobretudo, o subsídio da Segurança Social e as comparticipações familiares. Estas últimas dizem respeito aos utentes e são calculadas mediante os seus rendimentos. “Existe uma tabela da Segurança Social com percentagens, normas e rubricas que temos de ter em conta para o cálculo dessa mensalidade”, afirma a Dr.ª Tânia. Também a admissão dos utentes é feita tendo em conta e cumprindo critérios que são (im)postos pela mesma entidade.
A Instituição compreende duas Respostas Sociais formais: o Centro de Dia (CD) e o Serviço de Apoio Domiciliário (SAD). Esta primeira tem uma capacidade instalada para 30 utentes e a última para 40 utentes, encontrando-se as vagas totalmente preenchidas. Para além destas, existe uma resposta informal: o Espaço de Convívio que comporta 15 utentes a beneficiarem, sobretudo, de atividades festivas, efemérides e comemorações organizadas pela instituição e pelo Município.

Como referido já não existem vagas pois, de acordo com os entrevistados, a procura de soluções na área social supera largamente a oferta e estas são sempre poucas. Referem que a criação de maior oferta, de maior número de vagas, não acontece por causa de um sentimento generalizado de falta de apoio financeiro público que, em muitas situações, chega a gerar indignação dos que estão na gestão.
O Sector Social, dizem, sente-se colocado de parte pelo Estado, se não vejamos: “cerca de 90% dos nossos colaboradores auferem o Salário Mínimo Nacional, são muito mal pagos para o serviço que fazem”, desabafa o Padre António – que subiram cerca de 6% em 2022, também a inflação já subiu mais de 10% e as comparticipações da Segurança Social apenas teve um aumento de 3,6%. É notável o “buraco” que vai crescendo entre estas diferenças de aumento. Logo, esta situação obriga a que seja a Instituição a encontrar soluções e alternativas para colmatar o desequilíbrio financeiro, no entanto é uma tarefa bastante difícil.
“Em números concretos, num universo de 100% da operacionalidade da Instituição, o Estado apenas comparticipa a instituição em cerca de 33%, logo significa que quase 70% não é financiado”, sublinha o pároco. A discrepância entre o aumento das despesas e o aumento das comparticipações da Segurança Social é, a cada dia que passa, maior. Portanto, o setor social tem que se autofinanciar. “Será inevitável algumas instituições entrarem em falência”, confessa.
No Serviço do Apoio Domiciliário, como exposto, existe uma capacidade para 40 vagas, mas apenas 15 são subsidiadas pela Segurança Social, enquanto no Centro de Dia, das 30 vagas, 24 são suportadas. Posto isto, o Centro Social e Paroquial de Sousela tem que assegurar as restantes despesas mediante o propósito que os rege – manter o serviço de qualidade e excelência.
Para atenuar as dificuldades de sustentabilidade, o CSPS realiza algumas atividades para obter rendimentos. No dia 6 de agosto, sábado, fizeram uma caminhada solidária, integrada no Programa Municipal de Caminhadas 2022 do Município de Lousada, e no final desta houve um momento de convívio com porco no espeto que rendeu a favor da instituição.
No ano de 2020, o Centro Social e Paroquial de Sousela foi um dos vencedores do programa “BPI La Caixa Seniores” que tem como objetivo promover o “envelhecimento saudável”. Através deste prémio, foi construído um Parque Geriátrico que visa estimular os idosos a nível motor, bem como ajuda a combater a dependência física.

O CSPS procura dar uma resposta eficiente e completa numa área residencial onde a população é cada vez mais envelhecida e, por conseguinte, precisam de cuidados redobrados. “Os cristãos estão obrigados a praticar um valor chamado caridade, que versa a atenção, visita e cuidado ao outro como são exemplo as Conferências Vicentinas (SSVP)”, afirma o Padre António. Já as IPSS visam a solidariedade, valor um pouco diferente da caridade. Mas, desta forma, a instituição olha para os necessitados e assume uma postura de ajuda, com vista a minimizar o sofrimento e a combater o isolamento e a solidão. Na perspetiva do pároco, ele entende que as IPSS têm um contexto histórico e foram uma resposta possível. A missão do CSPS é doar amor numa tentativa de melhorar as condições daquele que precisa.
No sentido de estimular os idosos, a instituição proporciona diversas atividades: integram o projeto “Movimento Sénior” da Câmara Municipal de Lousada e a título individual possuem ginástica adaptada e musicoterapia. Também, “sempre que existe uma data/época festiva, tentamos assinalá-la recorrendo a profissionais externos, mas em regime de voluntariado”, declara Tânia. Muito contribui para a atividade sénior a animadora sociocultural da Instituição, que define um plano de atividades (lúdicas, recreativas e cognitivas) e que é executado diariamente.
Constituído por uma equipa multidisciplinar, o Centro Social aposta, atualmente, na formação certificada dos seus recursos humanos, tendo sempre em vista um aperfeiçoamento claro do trabalho que é prestado junto dos utentes e da população envolvente, afirma Tânia Magalhães.
Os Centros Sociais e Paroquiais, são instituições eretas canonicamente por decreto do Bispo da Diocese e cuja gestão é, obrigatoriamente, feita por uma Direção cujo Presidente, por inerência, é sempre o pároco. Este, rodeado de pessoas da comunidade ou fora dela, dão de si e do seu tempo de forma gratuita neste serviço fulcral à Instituição, muitas vezes em prejuízo das suas vidas familiares, pessoais, profissionais e até mesmo de saúde.
O Centro Social e Paroquial de Sousela tem parceria com algumas entidades: o Instituto da Segurança Social, o Instituto de Emprego e Formação Profissional, o Banco Alimentar Contra a Fome do Porto, a Câmara Municipal de Lousada e outros. A nível municipal integram alguns projetos, nomeadamente: o Conselho Local de Ação Social/Rede Social de Lousada, o Núcleo Operacional de Intervenção Social Integrada, entre outros também muito importantes.
Qualquer pessoa particular ou empresa, desde que queiram, podem ajudar; seja participando nas iniciativas de angariação de fundos ou mesmo dirigindo-se à instituição com donativos (estes, quando feitos por particulares, têm benefícios fiscais ao abrigo da Lei do Mecenato).
De referir que as IPSS foram fulcrais e as que mais contribuíram para a forma exemplar com que Portugal lidou com a pandemia do Covid-19, fazendo das “tripas coração” para continuarem a servir.
Quanto a projetos e perspetivas de futuro, a direção do Centro Social e Paroquial de Sousela, através de programas e candidaturas públicas, pretende melhorar as infraestruturas da instituição de maneira a proporcionar mais condições aos utentes e aos colaboradores. Ademais, almejam que o Estado se consciencialize da sua missão Social e apoie mais e melhor as IPSS, pois estas são quem estão a substituir o Estado neste serviço de excecional importância. As IPSS estão, cada vez mais, a sentirem-se abandonadas pelo Estado, cada vez mais se sentem desmotivadas pela falta de atenção de medidas por parte do Estado.
“Torna-se emergente o Estado atuar no setor social pois um dia destes vai haver uma calamidade!”, finaliza o Padre António Freitas.

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