O lousadense de gema, em território e princípios, é um empreendedor de mão cheia. Nasceu em Figueiras, onde ainda habita. Com 45 anos, conta a’O Louzadense parte da sua história de vida com bastante maturidade e clareza. A sua escolaridade, os negócios, as festas em honra do Senhor dos Aflitos … são tópicos abordados.
O pai de três rapazes iniciou a sua vida escolar em Figueiras e, no segundo ciclo, transitou para Lousada. No início do 7º ano ingressou no Colégio São Gonçalo em Amarante, tendo permanecido até ao 12º ano. De malas e bagagens entre uma terra e outra completou o seu percurso. Com a pretensão de seguir estudos mais avançados, em 2000, licenciou-se em Engenharia Mecânica pela Universidade do Minho. Passado 16 anos, fez o curso geral de gestão na Porto Business School.
Provavelmente, questionam-se o porquê deste interregno ou o porquê da necessidade de formar-se noutra área. Será explicado, mais à frente. Quando terminou o curso de Engenharia Mecânica realizou um estágio curricular na Portgás, empresa de serviço público de distribuição de gás natural, onde permaneceu durante um ano. Após esta sua primeira experiência a nível profissional, em 2007, foi diretor técnico de uma entidade inspetora em Braga. Em simultâneo, era formador na área do gás, atividade que exerceu durante alguns anos.
Contudo o empreendedorismo, que tão bem caracteriza o lousadense, falava mais alto e no ano de 2004 abriu a sua primeira empresa na área das energias, mas devido à crise fechou. Mais tarde, inaugurou uma loja de roupa e, atualmente, é detentor de um grupo de empresas em vários ramos de atividade.
Uma das empresas é de vestuário e calçado, nomeadamente, a loja Diki Kids presente no Ferrara Plaza. Hoje em dia, é proprietário apenas de uma, mas já albergou quatro que acabou por vender. É também dono de sete tabacarias, Kyos: duas em Paços de Ferreira, situando-se uma no Ferrara Plaza; duas em Lousada; uma no Hospital de São João; uma em Viana do Castelo e uma em Felgueiras. Possui ainda a Boutique das Sandes que se encontra na parte da restauração do Ferrara Plaza.
Contudo, a mais importante dado o elo emocional ainda não foi referida. As Frutas Costa é uma empresa familiar que vem do tempo do seu avô e, posteriormente, dos seus pais. Nos dias de hoje, o lousadense é quem gere e, segundo o próprio, ocupa grande parte do seu dia-a-dia nesta.
“Está com um crescimento muito grande. Aliás, fornece muitos municípios”, conta acerca das Frutas Costa. No fundo, é um armazém de distribuição por grosso que abastece IPSS, mini mercados, restaurantes, escolas, entre outras entidades. Nesta sequência, surgiu a Dona Fruta, situada em Lousada, que é uma loja de retalho de venda ao consumidor final.
Posto isto, deu para entender que o cidadão não exerce nada ligado à sua primeira formação por decisão própria. Contudo, não deixa de ser uma área que gosta. “Foi a minha 1º opção, exerci durante alguns anos, mas a vida direcionou-me para outro caminho”, afirma.
A sua veia de empreendedor veio ao de cima e, desde então, deixou-a sobressair sempre. Filipe é apaixonado por fazer acontecer e, ao contrário do que podem pensar, não cria por querer mais poder monetário. E, agora, percebe-se o porquê de há seis anos ter frequentado o curso geral de gestão. “Fiz esse percurso para aprofundar alguns conhecimentos na área. Não gosto de estar parado, sou muito organizado e metódico, e só assim, consigo levar as coisas a bom porto”, confessa.
O decorrer da vida orientou-o no sentido do empreendedorismo. Porém, desde miúdo está por dentro da empresa de frutas. Viu-a crescer e evoluir gradualmente e, hoje em dia, dá-lhe um gozo enorme poder implementar novos métodos e formas de gestão. Ou seja, transformar é o bichinho que inquieta o lousadense.
O seu gosto de gestão nasceu consigo e foi desenvolvido ao longo dos anos, todavia também foi implementado pela sua progenitora. “A minha mãe sempre teve um espírito empreendedor”, reforça.
Durante o seu caminho, surgiu alguma hesitação. Mas não atira a toalha ao chão e jamais é capaz de desistir. Aliás, o receio não o impede de querer mais e mais. De acordo com o lousadense, há duas áreas que pretende fazer crescer: Frutas Costa e Kyos. E, também tem em vista cerca de três negócios, pois o seu maior prazer é fazer acontecer.
“Tenho por hábito dizer que só se tem uma oportunidade com os clientes. A primeira imagem é a mais importante, ou seja, é primordial abrir uma loja em condições. Não interessa ter 1000 clientes satisfeitos se existe 1 insatisfeito, pois esse consegue estragar o trabalho dos outros tantos”, declara. Esta declaração denota a sua exigência para consigo mesmo e, por conseguinte, para com os outros de forma natural. A exigência, como referido, a responsabilidade e a persistência são palavras-chaves para o sucesso de um negócio.
A sua vida não se baseia em torno das suas empresas. Questionado acerca da sua ligação com o Centro Escolar de Figueiras, de imediato, conta a história da mesma. “Há mais de 20 anos, o Dr. Jorge Magalhães, decidiu arranjar um padrinho/madrinha para todas as escolas do concelho. Nessa altura, a minha mãe tinha um bom relacionamento com este e tornou-se madrinha da escola de Figueiras”, explica. Esta iniciativa não perdurou nas freguesias, mas houve uma exceção, em Figueiras, graças à progenitora do lousadense.
O facto da sua mãe ter sempre mantido a tradição fez com que após o falecimento da mesma a família decidisse manter o gesto. “Em homenagem à minha mãe continuamos com o projeto e adotamos a imagem de eterna madrinha com a fotografia e assinatura”, revela. Filipe confessa a sua intenção de continuar a mimar os meninos com algo simbólico e não só, pois sempre que a escola necessita de algo material é patrocinado pela eterna madrinha.
“Tem muita importância este papel na minha vida, na medida em que a minha mãe sempre foi muito dedicada a causas. Posto isto, é uma forma de honrá-la e eternizá-la”, reforça.
Há pouco mais de um mês, O Louzadense, noticiou que Filipe seria o próximo presidente da comissão de festas em honra do Senhor dos Aflitos. “Não almejava”, introduz acerca do tema. O cidadão integrou a comissão de 2020 a 2022 a convite do Dr. Leonel Vieira, onde desempenhou o papel de vice-presidente, e não ambicionava continuar. Mas como já foi possível observar, o mesmo não é capaz de virar as costas a um bom desafio.

Desta forma, o seu objetivo é dar continuidade ao bom trabalho e melhorar aquilo que correu menos bem. Filipe conta que a maior parte dos elementos irão transitar e, segundo o próprio, só assim faz sentido. A praça dos anos 80/90 e a praça da juventude será para manter, além disso, as marchas com um tema relacionado com Lousada é garantido.
“Estamos cientes que economicamente não será um ano fácil, avizinha-se uma crise e uma recessão grande e as festas vivem dos patrocínios. Contudo, já estamos em atividade e ainda este ano irá haver um evento grande para angariar fundos”, conta.
Neste seguimento, relembra o ano de 2011 em que foi presidente da comissão de festas de Figueiras. Estas ficaram na memória de toda a gente da freguesia e ao redor pois contaram com a participação de célebres artistas: Mickael Carreira; Tony Carreira; Zé Amaro; entre outros. Foram especiais e distintas, como adjetiva.
Ao louzadense manifesta um espírito de missão bem saliente e, para mais, um dever cívico presente em todos os momentos. “Orgulho-me de ser um cidadão preocupado com as questões da cidadania e acredito que toda a gente deveria seguir a mesma linhagem porque senão as tradições acabam por cair”, afirma.
“Não quero para os outros aquilo que não quero para mim”, salienta sobre os seus ideais. O lousadense confessa que, nos últimos tempos, aprendeu a assumir o erro e a ter a humildade de pedir desculpa. Filipe Costa chegou a um patamar que não consegue parar, porém, deseja profundamente conseguir abrandar. De forma intimista e madura concluiu a entrevista.

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