por | 15 Nov, 2022 | Desporto

Fernando Valente: O desportista persistente

Fernando Jorge Batista Pinto Valente é o desportista desta edição, porém, poucos o conhecem desta forma. Familiarizado pela alcunha “Joca” iniciou aos 9 anos de idade a sua carreira desportiva, tendo passado por inúmeros clubes de grande calibre. Como futebolista venceu o Campeonato Europeu de sub-16 por Portugal. No ano de 2016, começou a prática de Kickboxing e atraído pelos ringues conquistou por duas vezes o Campeonato Nacional de Kickboxing na classe amadora C1 – 81kg. Fique a par das suas motivações.

Natural de Lousada, reside em Sobrado juntamente com a sua esposa e as suas duas filhas. Com 43 anos, a sua profissão passa por ser consultor comercial de produtos cosméticos.

“O desporto nasceu comigo”, principia. O seu pai sempre praticou desporto não federado e o lousadense acompanhou-o, posto isto, considera que esta forma de viver está intrínseca. Apesar de sempre ter assistido ao seu pai, segundo o próprio, nunca foi influenciado por este a seguir um determinado caminho. De forma natural, enveredou pelo futebol.

Aos 9 anos de idade começou a treinar nas camadas jovens do Freamunde onde esteve durante quatro anos. Após esta passagem, frequentou os juvenis e os juniores no Futebol Clube de Porto e, de seguida, transitou para outros clubes: Leça Futebol Clube, Futebol Clube do Porto B, Gil Vicente, Futebol Clube de Famalicão, Associação Desportiva de Lousada, entre outros.

A sua carreira profissional terminou aos 36 anos de idade e, atualmente, joga no Futebol Clube do Porto Vintage de forma lúdica e concilia com o kickboxing. “Não consigo estar parado”, afirma. Durante a semana dedica por dia cerca de 3 a 4 horas à atividade física e, sem dúvida, que tal dedicação denota o seu amor pelo desporto.

Questionado acerca das muitas vantagens de praticar esta modalidade, de imediato, refere que o facto de se tratar de um desporto coletivo é o melhor. Joca conta que sempre preferiu que as filhas praticassem modalidades de equipa devido às habilidades e capacidades adquiridas que ajudam na vida futura. Naturalmente, que fala por experiência própria.

Aos 21 anos de idade, no auge da sua carreira futebolística, sofreu uma lesão grave que não lhe permitiu ir ao mais alto nível. Continuou a praticar a modalidade, apesar das condicionantes. E, sem dúvida, que os ensinamentos retidos até à data serviram para ser mais forte perante toda a situação. “As pessoas pensam que o futebol trata-se apenas de correr atrás da bola, mas é mais que isso”, sublinha. Existem quezílias e egos, mas também muito sentido de camaradagem e disciplina.

Venceu o Campeonato Europeu de sub-16 por Portugal e realça que o mesmo foi um reconhecimento de todo o trabalho. Aliás, confirmou que realmente o trabalho compensa. “Tratou-se de um marco muito importante na minha carreira, sobretudo, por ser o reflexo de toda a dedicação e esforço”, salienta.

Na época que venceu o Campeonato Europeu de sub-16

Neste seguimento, abordou outros troféus ganhos enquanto futebolista. De acordo com o lousadense, nunca foi um jogador vistoso de fazer 10 fintas pois sempre regeu-se pelo trabalho em equipa. Por tal motivo, destaca um prémio individual por não lhe assistirem com frequência: Dragão de Ouro de atleta amador do ano. Contudo, apesar do realce, ainda hoje prefere títulos coletivos ao invés de individuais.

“Ainda não quis enveredar por outra área do futebol pois sou completamente obcecado pelas quatro linhas”, evidencia. Joca sempre procurou divertir-se e, ainda hoje, é feliz a treinar. Todavia, nunca se sabe por onde passará o seu futuro.

Atualmente, luta kickboxing. Como surgiu esta prática na sua vida? O lousadense conta que nunca gostou e tinha a ideia que a maioria das pessoas tem quando não conhece: agressivo. Porém, de imediato, se contrapõe ao afirmar que o futebol é muito mais violento em comparação com este. Desta forma, é necessário desmistificar este ponto na sociedade.

Inicialmente, entrou apenas por puro divertimento e quando o fez a sua família (mulher e filhas) já se encontrava neste. Estas experimentaram-no após uma pessoa confidenciar-lhes os benefícios da prática para a saúde mental. O lousadense observou-as atenciosamente até que tomou a atitude de experimentar num espaço de dois irmãos.

Joca no kickboxing

“Comecei em 2016 e nunca mais parei até hoje”, declara. Viciante é o adjetivo que utiliza para caracterizar o kickboxing. Na sequência, revela que já tinha perdido um bocado a alegria do futebol dada toda a conjuntura e através da arte marcial voltou a reencontrar o sentimento que teve aquando do começo do futebol.

Os primeiros tempos foram pautados pela descoberta do desporto porque exige bastante técnica. “Fui também descobrindo-me à medida que treinava”, explica. Assim sendo, aquilo que era um divertimento passou a algo sério.

No ano de 2017, começou a competir nas modalidades mais acessíveis para iniciantes como o Light Kick onde as técnicas são bem controladas e não se pode imprimir grande força. Atualmente, está na classe amadora de C1 -81kg.

São alguns os sentimentos que o estimulam no ringue: a adrenalina sucessiva, o não sentir-se confortável e o desafio constante. Todos estes atraem-no e, além do mais, no mesmo liberta todas as energias negativas acumuladas ao longo do dia. “Fico bem e tranquilo”, reforça.

Como referido anteriormente, treina de segunda a sábado cerca de 3 a 4 horas por dia. Naturalmente, o kickboxing exige-lhe bastante tempo e o lousadense tem a sorte de conseguir conciliar a sua atividade profissional com este. “Entro às 18h30m no ginásio e saio por volta das 22h”, afirma.

Ao fim de cinco anos, tornou-se nestas duas últimas épocas Campeão Nacional de Kickboxing na classe amadora C1 – 81kg. “A persistência não nos dá a perfeição, mas deixa-nos mais perto dela”, refere acerca de todas as modalidades sem exceção. Joca luta no Campeonato Distrital e os combates são realizados ao bota-fora até chegar à final e, após o término deste, os dois primeiros classificados de cada peso passam para o Nacional.

“Não tenho nenhum momento que considero o mais bonito da minha carreira desportiva, pois todos são importantes seja os bons ou os maus. No fundo, é um bolo recheado de perdas e ganhos”, afirma o desportista persistente.

Joca Valente, no final da entrevista, deixa uma mensagem de agradecimento à sua equipa – Elite 36. Ademais, realça os dois irmãos, Marco Lima e Tiago Lima, pelo apoio constante desde o início da prática de kickboxing.

Joca com os dois irmãos, Marco e Tiago Lima

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