José Maciel Soares Ferreira da Silva Ribeiro é um apaixonado pela sua profissão. O cidadão desta edição desempenha funções enquanto Polícia Municipal há 31 anos e a sua preocupação sempre foi ajudar os lousadenses. Foi atleta, treinador e presidente do Caíde de Rei Sport Clube, o clube da sua terra. Saiba mais sobre a sua história.
“Eu tenho dois grandes momentos: os profissionais e os desportivos”, principia José. Naturalmente, após esta afirmação a entrevista direcionou-se para estes aspetos. Ao longo da sua vida foi presenteado com bastantes sucessos na profissão como no futebol, embora se encontre fora de atividade na parte desportiva devido a um problema de saúde que o impediu de desempenhar uma das funções que mais aprecia: ser treinador.
Segundo o próprio, os momentos familiares nem entraram na equação aquando da resposta pois é sempre a parte mais importante. Pai de duas raparigas com 34 e 27 anos de idade e casado desde 1987. “Constituir família é o marco mais positivo da vida”, afirma. Contudo, esta não é apenas feita de ocasiões felizes e o lousadense relembra as perdas humanas como uma situação negativa.
O seu trajeto escolar começou na Escola Primária de Caíde Rei e depois por força da profissão do seu pai ingressou na Escola Secundária de Paredes onde foi do 5º ano até ao 10º ano de escolaridade. Os filhos dos ferroviários usufruíam de transporte escolar gratuito e, por esse motivo, a escolha recaiu numa freguesia limítrofe.
José não prosseguiu com os estudos, na medida em que sofreu a perda da sua mãe com apenas 17 anos. Após este infeliz acontecimento, foi de livre e espontânea vontade para a Tropa. “Registei-me no Corpo de Tropas Paraquedistas em Tancos onde estive vinculado 24 meses”, conta.
Este assunto comoveu o lousadense dada a ligação forte que criou com toda a conjuntura. Conforme o próprio, “a experiência de ser paraquedista não tem explicação”. A preparação até chegar ao primeiro salto de avião, a harmonia da instituição, a adrenalina, a equipa fora de série… foram ressaltadas como circunstâncias especiais.

O autodomínio e a confiança são atributos que acredita serem primordiais para o exercício desta função. José decidiu abandonar pois aos 20 anos implorava por liberdade. Nesta idade, inicia-se a vida social e o lousadense não queria perder esta fase cheia de amor à mistura. Contudo, hoje está arrependido de não ter prosseguido. “Gostava imenso de ter terminado a minha carreira profissional na Tropa”, declara.

A liberdade não foi o único motivo desta decisão, visto que a falta de apoio familiar no contexto foi também importante. “Era só eu e o meu pai”, sublinha. No seguimento, realça o suporte dos amigos com quem partilhou a experiência e que ainda hoje mantém contacto com a maior parte. A partir de então, foi obrigado a encarar outra realidade com todas as coisas boas e menos boas.
Viver no limite e apreciar a adrenalina são traços da sua personalidade que, por conseguinte, o encaminharam a gostar tanto de ser paraquedista. Hoje, com 59 anos, considera que fruto da idade já está a perder um pouco destes traços.
Há 31 anos o lousadense começou a trabalhar na função pública na qualidade de Polícia Municipal de Lousada. Nos dias de hoje é agente graduado principal, ou seja, encontra-se no topo da sua carreira profissional. “Comecei numa fase muito bonita aqui e grande parte do grupo ainda continua”, afirma. De acordo com o próprio, este grupo veio dar uma nova imagem a este cargo que se encontrava com dificuldades de aceitação.
A Polícia Municipal tem as suas competências confinadas aos limites de cada município e, segundo o lousadense, estas começaram a ser mais e melhores logo houve a necessidade de albergar mais pessoas para dar seguimento ao exercício. Desde então, a situação começou a ser mais agradável pois de início era mais difícil a integração na sociedade. “A sociedade, por vezes, não nos aceita bem devido a sermos uma entidade fiscalizadora. Todavia, acredito que essa perspetiva está a mudar”, conta.
Neste seguimento, deixa uma palavra de apreço à população de Lousada pelo excelente acolhimento em contexto social. “Independentemente da farda que vista, sou sempre bem recebido e vice-versa igual”, reforça o respeito mútuo.
José decidiu envergar por esta área devido à sua passagem na Tropa onde as regras e os compromissos eram palavras de ordem. Estes princípios enquadram-se perfeitamente na forma de ser e estar do lousadense.
Como referido, a Câmara tem competências que são específicas do Presidente e delega parte delas à Polícia Municipal, nomeadamente: trânsito e urbanismo. “A Entidade fiscalizadora é muito importante para o concelho, na medida em que estabelece regras para que tudo funcione consoante a legislação em vigor”, salienta. Para mais, é também importante para o lousadense pois sente-se completamente realizado e orgulhoso em poder ajudar as pessoas.
Ao falar do desporto, de imediato, os olhos reluziram. “Ainda o Caíde de Rei Sport Clube não existia como clube fidelizado à Associação de Futebol do Porto e eu já me encontrava a jogar”, conta. José passou por alguns clubes enquanto atleta, mas é pelo Caíde que nutre o maior sentimento. Além desta função, foi também treinador e presidente do clube. “Tenho bastante orgulho em ter representado de três formas diferentes o meu clube do coração”, realça.

Foi atleta dos seniores, treinador das camadas jovens e dos seniores, tendo terminado o trajeto na qualidade de presidente. Acerca deste último cargo, o lousadense afirma algo curioso, “quando fui nomeado presidente não era um desejo meu, arrependo-me de o ter sido”. De acordo com o próprio, não tem o perfil de um presidente pois o seu amor às quatro linhas ultrapassa a parte burocrática.
José foi mais emocional do que racional durante as duas épocas e, por esse motivo, arrepende-se mas o orgulho não desaparece. O seu caminho foi pautado por inúmeros sucessos desportivos em todas as funções que desempenhou. Para mais, este sofreu algumas pausas devido a convites de outros clubes para treinar. “Eu aceitei alguns pois eram sempre experiências diferentes, porém, o Caíde está na minha génese”, afirma.

Devido às suas responsabilidades futebolísticas, o lousadense perdeu algum tempo de qualidade com a família. No entanto, o seu núcleo sempre o acompanhou para felicidade de ambos os lados. Hoje, na sua vida mais recente, os seus dias são maioritariamente com a esposa e as suas duas filhas. “Estou a pagar a dívida da minha ausência”, afirma entre risos.
Amigo e honesto são características intrínsecas do lousadense que conclui com uma afirmação sobre Lousada: “orgulho-me de ser lousadense”.
Comentários