A construção da nova igreja de Meinedo está em marcha. A empreitada tem um custo de 750 mil euros e contempla, além do templo, uma capela mortuária, salas de catequese e apoio à atividade paroquial e arranjo urbanístico. Conseguir dinheiro para tudo isto é um desafio que procura mobilizar os paroquianos através das mais diversas formas, inclusive com receitas de uma bebida nova. Deste grande projeto nos fala nesta reportagem o Padre André Aguiar Soares, a Comissão Fabriqueira através do seu representante José António Barros, o presidente da Junta de Freguesia e os arquitetos da obra.
O pároco da freguesia, que é também o Vigário da Vara de Lousada, conta que conheceu a comunidade paroquial de Meinedo “há pouco mais de dez anos, quando fui ordenado sacerdote e nomeado pelo Reverendíssimo Sr. Dom Manuel Clemente (na altura Bispo do Porto e o atual Cardeal Patriarca de Lisboa) para vigário paroquial de um conjunto de cinco paróquias (Meinedo, Boim, Cristelos, Pias e Silvares) em colaboração com o seu pároco da altura. Desde logo me falaram desse desejo de Meinedo ter uma Igreja nova. Era uma espécie de desejo adormecido.
A belíssima Igreja Românica de Santa Maria Maior de Meinedo, construída em finais do século XIII / inícios século XIV, é e continuará a ser a Igreja de referência da comunidade paroquial. No entanto, para quem conhece a prática cristã da comunidade paroquial sabe que esta Igreja há muito que não é suficiente para albergar, num único espaço, a comunidade que se quer reunir para celebrar a sua fé. O salão paroquial, construído há um pouco mais de 45 anos, tem servido para que a comunidade celebre a eucaristia, mas vai-se degradando. Para grandes celebrações já se chegou a recorrer ao Pavilhão Gimnodesportivo”.
Quando chegou o projeto já estava em andamento e nada teve a ver, por exemplo, com a escolha do local para o novo templo. Afirma que “a escolha foi anterior à minha chegada a esta comunidade paroquial. O processo foi desencadeado em Setembro de 2010, pelo anterior Pároco (Pe. Mário Henrique Melo) após um alerta do Reverendíssimo Bispo do Porto, Sr. Dom Armindo, sobre a necessidade da construção de uma Igreja nova em Meinedo. Disso mesmo deu conhecimento aos paroquianos em carta aberta que lhes dirigiu, em que se referia também à imensa generosidade desta comunidade paroquial, que já havia conseguido a construção do Salão Paroquial, que tem sido a nossa alternativa. Este espaço tem servido também como anfiteatro, bar, salão de jogos, espaço de formação e até serviu como resposta de saúde à comunidade.
Também na carta se referiu a falta de presbíteros e a consequente orientação do Bispo na criação de Centros Pastorais agregadores e que Meinedo, “com o seu tamanho, localização e história devia assumir este projeto com carinho, com responsabilidade e coragem”. Estes pressupostos não mudaram desde então… Foi com o intuito de “resolver esse problema com a visão e inteligência que o nosso tempo exige… assegurando, ao mesmo tempo, um lugar de culto estável e duradouro na nossa terra” que os magnetenses arregaçaram as mangas e começaram pelo início… escolher e comprar um terreno. Em dois anos juntaram a verba necessária para comprar o terreno escolhido”.
Entretanto, com a saída do Pe. Mário para a paróquia de Ramalde (Porto), aconteceu a sucessão, com a chegada do Padre André: “o Reverendíssimo Sr. Dom António Francisco dos Santos, pediu-me que assumisse a paróquia de Meinedo como pároco. Já nessas funções, a 4 de Setembro de 2014 criei e reuni pela 1ª vez o Conselho Paroquial de Pastoral para ouvir a opinião dos elementos constituintes sobre a Pastoral para o ano 2014/2015. Porque este assunto é um assunto de Pastoral, questionei-os se teria chegado a altura de avançar neste projeto. Assim se concluiu, após a colocação à consideração dos 29 elementos presentes. Reforçou-se que, por ser um processo moroso e de elevados montantes, tínhamos necessidade de começar a pô-lo em andamento.
Durante o ano Pastoral de 2014/2015, em reuniões do Conselho Paroquial para os Assuntos Económicos, foram-se delineando as reais necessidades da Paróquia em termos de espaços e infraestruturas: capacidade do espaço celebrativo da Igreja, salas de catequese, área de arrumos, casa mortuária, etc… Sem esquecer os espaços paroquiais já existentes e a sua necessária manutenção bem como os custos associados. Foi-se conversando sobre cada um dos temas e espaços e, finalmente, conseguimos elaborar um caderno de encargos refletindo tudo o que sentimos que faria sentido num projeto como este”.
O pároco de Meinedo prossegue o relato dos trâmites do projeto: “A 19 de Maio de 2015 são enviados para o Reverendíssimo Sr. Dom Pio Alves (Presidente da Comissão Diocesana de Infraestruturas da Diocese do Porto) todos esses elementos, solicitando autorização para avançar com um “Concurso de Ideias: construção de uma Igreja para a Paróquia de Santa Maria Maior de Meinedo”. A 27 de Maio de 2015 recebeu da Comissão Diocesana a indicação que “foi unânime a apreciação positiva do documento”.
Chegados a 1 de Junho de 2015 aconteceu o lançamento do referido Concurso de Ideias onde se manifestava que “não sabíamos o que queríamos, apenas sabíamos o que não queríamos. Acrescentava-se ainda que se esperava uma ideia, um estudo, uma imagem… que se esperava olhar e ver, e sonhar, para o que toda a comunidade paroquial iria trabalhar”, revela o P.e André Soares.
“A 30 de Setembro – no dia do término do concurso – nove gabinetes de arquitetura haviam apresentado a sua proposta para aquele terreno. Foi criada uma equipa multidisciplinar de magnetenses a que se juntou o Conselho Paroquial para os Assuntos Económicos e começaram as reuniões individuais com cada um dos gabinetes de arquitetura para esclarecimento das dúvidas existentes. Findas estas reuniões, quatro gabinetes/projetos foram excluídos. Restando cinco projetos, colheu-se seguidamente a opinião de todo o Conselho Paroquial de Pastoral, da Diretora da Rota do Românico, do Presidente da Câmara, do Presidente da Junta de Freguesia, do Cerimoniário da Sé (sacerdote responsável pelas cerimónias religiosas que decorrem na Sé/Catedral do Porto), entre outros. Solicitando a cada um deles a escolha de um único projeto, revelou-se difícil para alguns sendo-lhes dada a possibilidade de escolher entre dois projetos ou os três melhores. Após cada um dos intervenientes ter dado a sua opinião, notou-se que havia um projeto comum a todos e, por isso, foi-nos óbvio o projeto vencedor”, explica.
A obra está em marcha e “naturalmente, tenho acompanhado a evolução da obra mas não sozinho. Houve muita obra realizada que é necessária acompanhar antes de chegar à obra física, visível, material, que todos podem ver a crescer. Desde a comunicação ao gabinete de arquitetura vencedor, até à seleção do Gabinete de Engenharia, ao desenvolvimento com estes dois gabinetes de todo o projeto, passando pela comunicação necessária com as várias entidades legais envolvidas, até à abertura de concurso para a construção física de ferro e cimento, etc… houve e há uma equipa que comigo (ou eu com eles) acompanha a evolução da obra”, salienta o reverendo.
Contributos e donativos de “variadíssimas formas”
Tão avultada empreitada implica um importante esforço financeiro e material no qual “os paroquianos estão a participar de variadíssimas formas. Desde logo, rezando pelo sucesso da sua concretização, porque desta forma toda a comunidade está reunida em volta de um único projeto que é a construção de uma igreja nova de pedras vivas… que é a minha real preocupação… e de pedras mortas. Também participam realizando inúmeras e criativas atividades de angariação de fundos para cumprir os compromissos financeiros que uma obra desta envergadura implica. Alegra-me muito termos as associações da freguesia envolvidas neste projeto organizando elas vários eventos como caminhadas, magustos, encontros, e afins… com o objetivo de contribuir para este projeto. Os nossos grupos paroquiais também oferecem o que de melhor tem para dar dentro daquilo que é o seu saber, desde o coro paroquial sénior que oferece o cachê que ganham a cantar em casamentos, até à nossa catequese que tem mealheiros onde vão juntando dinheiro durante o ano para o entregar, as zeladoras que decoram a pia batismal para os batizados e oferecem esse dinheiro, etc…Temos grupos de pessoas que se organizaram e que vão pedir, porta-a-porta, todos os meses, pelas ruas e casas de Meinedo. Há ainda empresas, paroquianos e não-paroquianos que, graças ao seu esforço e mérito profissional, têm sido coroados com sucesso e que generosamente partilham connosco o fruto do seu trabalho. Outras, organizam formas mais “clássicas” como os cortejos de oferendas, com venda de lenha, cebolas, plantas, enchidos, bolos e o que conseguem arranjar. Outras ainda organizam almoços ou jantares com opção de levar comida para casa”, enumera o representante máximo da paróquia magnetense.
Recentemente, como noticiou a seu tempo O Louzadense, surgiu uma novidade para este ano de 2022,neste âmbito da angariação de receitas, como relembra o P.e André: “em parceria com o Mestre Destilador Rui Cruz (criador do Adamus Gin) desenvolveu-se um Gin “com sabores de Meinedo e Lousada”, portanto sublime e característico, chamado NCD (Nova Casa de Deus), tendo como base o óbvio zimbro e o melão casca de carvalho, a camélia, etc… que pode ser adquirido em vários locais de Meinedo, inclusivamente na Junta de Freguesia, nalguns restaurantes do Concelho e no Posto de Turismo em Lousada”.
Nova Igreja vai ter nome oficial
Solicitado a pronunciar-se sobre as principais vantagens que considera no novo empreendimento, o reverendo afirma que “a principal vantagem é a possibilidade de podermos reunir a comunidade cristã para a celebração da fé, num espaço único, que lhe é nitidamente dedicado. A nossa Igreja Matriz é e seria excelente, se fosse maior. Os salões paroquiais, como acontece em muitos lados, são os grandes espaços coletivos das freguesias onde tudo acontece… encontros festivos, concertos, teatros, festas, apresentações, etc… Há essa necessidade pública e estes espaços paroquiais vão suprindo essa necessidade… mas, isso é péssimo para uma comunidade emergente que vai crescendo sem referências claras de que há espaços sacros e há espaços não-sacros. Com altares e imagens facilmente amovíveis ganha-se na polivalência do espaço e no serviço à comunidade em geral, mas perde-se na aprendizagem ideal para a comunidade cristã. Em muitas freguesias não há possibilidade de ter dois espaços”.
Quanto ao nome da nova igreja, é algo ainda a definir: “esse é ainda um tema em aberto. Por enquanto, talvez seja nomeada como a Nova Casa de Deus, ou a Igreja Nova de Meinedo, ou algo do género… No dia da sua inauguração, esta questão estará seguramente decidida”.
Por fim, perguntamos ao reverendo André Soares, enquanto Vigário da Vara, como vê Lousada em termos de qualidade das suas igrejas, ao que respondeu: “Há de tudo. Sou vigário da Vara de Lousada há mais de oito anos e conheço as várias igrejas do Concelho. Tenho reparado – para grande alegria minha – que nos últimos anos tem havido um investimento na sua melhoria, quer a nível interior (como o restauro de imagens, altares, talha dourada, etc…), quer a nível estrutural do próprio edifício (tetos, pisos, substituição de parte elétrica, som, etc…), quer a nível dos seus adros e mesmos dos seus espaços envolventes. Naturalmente, nem todas as igrejas têm as condições que os párocos e paroquianos desejariam mas, como diz o ditado Roma e Pavia não se fizeram num dia e estas obras também não”.

José António Barros (Comissão Fabriqueira):
“As obrigações financeiras têm sido pontualmente cumpridas”
A gestão de todo o processo da nova igreja de Meinedo passa pela tradicional Comissão Fabriqueira, que enquanto entidade ou figura jurídica, representa a paróquia diante das instituições e entidades individuais e coletivas e neste caso as partes envolvidas. Por isso, entrevistamos o seu representante, José António Barros.
O Louzadense – O que motivou a construção da nova igreja e o que levou à escolha do local?
José António Barros – O grande motivo impulsionador da construção da nova Igreja foi a necessidade de um espaço maior e com a dignidade exigível para as celebrações litúrgicas, dada a atual Igreja ter-se tornado demasiado pequena para a dimensão e necessidades da paróquia.
Esta lacuna tem vindo a ser suprida desde há muitos anos pela utilização do salão paroquial, sendo que este espaço não foi concebido para tal fim, ao que acresce que, atualmente, esta estrutura não responde aos padrões de segurança, acessibilidades e conforto que se exigem nos dias que correm. O local foi escolhido pela sua centralidade e proximidade às estruturas paroquiais existentes, para que com a nova infraestrutura a construir revigorasse a união da dinâmica paroquial.
O Louzadense – Uma obra desta amplitude provoca certamente problemas e dificuldades. Quais são os que mais se destacam?
José António Barros – Os problemas e dificuldades que mais se destacam são os constrangimentos financeiros que toda a sociedade e as famílias têm vindo a atravessar e que se repercutem de forma muito significativa nos contributos que as pessoas certamente gostariam e quereriam dar. As crises económicas que vivemos na última década motivaram uma forte emigração, retirando da nossa terra, pessoas ativas na colaboração e na contribuição, para além de termos vivido um período de pandemia de quase dois anos, o determinou e obrigou a que durante este período não se tivessem realizado iniciativas e eventos tendo por finalidade a angariação de fundos.
O Louzadense – A obra está orçamentada em que valor e que entidades além da paróquia a vai custear? Que iniciativas estão a ser realizadas e que outras esperam realizar para angariar fundos?
José António Barros – Esta fase, Edifício A (Igreja) – A Nova Casa de Deus em Meinedo – 1ª Fase, que é a 1ª parte da 1ª fase de todo o Complexo Paroquial projetado está orçamentada em 750.000,00 €. A execução da empreitada de construção desta fase encontra-se na fase final e todas as obrigações financeiras têm sido pontualmente cumpridas.
Os recursos financeiros têm sido conseguidos de várias formas: Contributos mensais dos paroquianos; dinâmicas e atividades dos paroquianos de Meinedo; donativos e ofertas de beneméritos; e apoio do Município de Lousada.
As iniciativas que têm sido realizadas para angariação de fundos têm sido os peditórios porta-a-porta, os leilões, sorteios e venda de rifas, almoços e jantares, feiras de bolos e outros artigos, magustos, espetáculos, teatros, etc.
É de realçar o envolvimento e o empenho dos grupos paroquiais, coletividades, confrarias e instituições da freguesia, junta de freguesia, quer nas iniciativas já enumeradas, bem como de outras, tais como o grupo coral cantar casamentos, cuja receita reverte na íntegra para a paróquia, e a dinamização do mealheiro pelos meninos da catequese.
Tem sido gratificante ver o surgimento de novas iniciativas de forma espontânea, pelo que prevemos continuar com todas as atividades referidas e na esperança de que vão surgindo novas, que para além de aportar mais-valias significativas, nos surpreenderão certamente e abrirão horizontes que não imaginamos.
O Louzadense – O empreendimento além do templo de celebração, que valências ou espaços irá ter e que preocupações tiveram ao elaborar o projeto?
José António Barros – O empreendimento do Novo Complexo Paroquial de Meinedo, prevê três fases, sendo a primeira- Edifício A (Igreja) – A Nova Casa de Deus em Meinedo – esta que estamos a realizar, com a concretização da primeira parte, construindo toscos, paredes exteriores, torre sineira e cobertura do edifício.
Na segunda fase está prevista a criação do núcleo catequético e do cartório paroquial, com a construção de dez salas de catequese, sala do secretariado e reuniões, cartório paroquial e gabinete de atendimento, parque de estacionamento, infraestruturas de apoio e casas de banho.
Na terceira e última fase está prevista a construção de nova Capela Mortuária, sala de condolências, infraestruturas de apoio, claustro coberto de espera, com ligação e acesso direto à Igreja.

Arquiteto Roberto Ragazzi destaca o equilíbrio entre inovação e tradição
O luso-italiano Roberto Ragazzi e a sua associada Graça Correia, foram os arquitetos do projecto da nova igreja de Meinedo, que foi elaborado pela firma Gabinete Correia & Ragazzi, do Porto. Segundo ele, a oportunidade surgiu quando o seu gabinete concorreu e venceu “um Concurso de Ideias – por convite, que recebemos em meados de 2015 – onde uma dezena de concorrentes deu resposta ao ambicioso e empolgante programa da nova Igreja para a Paróquia de Santa Maria Maior de Meinedo”.
O representante daquele gabinete esclarece que “a construção da Igreja – que está a decorrer – é apenas a primeira etapa que integra um complexo maior constituído também por um Centro Paroquial e uma Capela Mortuária que seguirão nas fases sucessivas”.
Numa breve entrevista para O Louzadense, Roberto Ragazzi afirmou que: “a Arquitectura é por sua natureza uma disciplina e uma prática que ficará atrofiada pelas tendências de especialização, que acontecem em muitas outras áreas de actividades não-criativas, onde a síntese interdisciplinar é dispensável; o nosso escritório não foge a esta regra da tradição disciplinar não-especializada da Arquitectura e onde, naturalmente, um projecto de uma igreja é um acontecimento invulgar na carreira da maioria dos arquitectos”.
Reportando-se à importância que dá a um projeto deste género, aquele especialista começa por esclarecer: “como dizíamos na Memória Descritiva, que foi bastante valorizada pelo Sr. Padre André Aguiar Soares, o jovem e inteligente mentor deste empreendimento promovido pela Fábrica da Igreja Paroquial da Freguesia de Santa Maria Maior de Meinedo, num escritório de arquitectura, enquanto a realização do projecto de uma casa ou habitação é comum, a realização do projecto da Casa de Deus pode ser rara, se não, única no seu tempo de vida”.
E acrescenta: “Construir uma Igreja é construir simbolicamente a expressão do Mistério que edifica o povo de Deus num “templo” e um templo, como disse Agustina Bessa-Luís, é uma prova de gratidão. O Templo é, para além do ritual que ali decorre, um sentimento que dos céus caiu sobre nós. Não é um sentimento humano, fruto de experiência e de índole humana. É, todo ele, uma dádiva em que a bondade de Deus se manifesta“.
Convidado a destacar os aspetos que considera mais importantes no projeto magnetense, Roberto Ragazzi afirma: “Destaco o equilíbrio entre inovação e tradição. E o carácter. A complexidade do programa, do lugar e a escala resultante pediam uma solução clara, simples, inequívoca e inteligível na sua identidade formal e simbólica, antiquíssima e moderníssima ao mesmo tempo, onde uma alta torre sineira “anunciasse” a presença da nova Casa de Deus numa ampla distância territorial que pretende servir. O corpo principal do Templo é cilíndrico para desvincular a sua forma dos constrangimentos do terreno e permitir alinhar a abside e o acesso principal com os pontos cardeais de nascente e poente, numa opção “clássica” e ancestral, mas que não renuncia à linguagem e materialidade do nosso tempo. Um corpo baixo – próximo da escala humana – e fechado protege e une com um grande abraço os três elementos principais da composição e do programa: para além da Igreja, o pátio-claustro do futuro Centro Paroquial, que é complementar ao volume agora em construção da Igreja, assim como o Bosque – do lado oposto – que proporciona o recato necessário à Casa Mortuária”.
Questionado sobre quais foram as principais recomendações ou requisitos da paróquia de Meinedo para este projeto, Ragazzi afirma: “o programa do concurso era claro: tratava-se de resolver um Equipamento Religioso de grande dimensão, que resultava de uma espécie de agrupamento de vários núcleos paroquiais daquele território, num terreno próximo do núcleo histórico adjacente à românica Igreja de Santa Maria de Meinedo, mas num contexto suburbano bastante heterogéneo e com recursos limitados”.



Extracto da Memória Descritiva do Concurso
O projecto insere-se numa área suburbana – um lugar de transição entre a cidade e os arredores.
O terreno é limitado a poente pela Rua da Igreja, a nascente pela Avenida Magneto, a sul pela Rotunda e a norte pela Travessa Magneto e possui uma área de cerca de 8.660 m2
Do ponto vista da implantação os valores essenciais em presença resultaram da análise do local, acreditando na importância do papel que a Igreja terá na valorização e consolidação deste espaço em evolução, conferindo-lhe urbanidade e, sobretudo, promovendo uma relação eficaz com a população.
Neste sentido impõe-se entender os fenómenos da envolvente que foram determinantes na organização espacial do conjunto:
– A diversidade de referências urbanas presentes na envolvente próxima (Igreja pré-existente, Pavilhão Multiusos, Centro Paroquial), confere ao terreno um carácter particular, acentuado pela grande diferença de cotas relativamente à Avenida Magneto, facto que lhe destina um certo distanciamento à mesma;
– A própria presença da Avenida Magneto cujo carácter pouco urbano se aproxima muito ao de uma Estrada Nacional, bem como a presença do viaduto da linha de comboio que a atravessa ao fundo, evocam velocidade e intensidade de tráfego na frente nascente do lote, à qual nos parece que a Igreja se deve fechar – sem voltar costas – por questões de segurança e acústica;
-A presença da rotunda, elemento urbano de trânsito intenso e de certa forma agressivo à escala pedonal, mas que estabelece uma relação directa com o cemitério localizado na área envolvente ao extremo sul do lote;
– Por fim, a análise topográfica revela a grande pendente da Avenida Magneto e da Travessa Magneto. Esta variação topográfica manifesta-se claramente na pendente do próprio terreno, em contraste com a Rua da Igreja que, pelo seu perfil muito estável e bem desenhado, protagoniza uma relação interessante e muito mais humana entre a rotunda e o núcleo de construção mais consolidado no qual se insere a actual Igreja e à qual se pretende uma clara filiação.
Assim, a implantação do conjunto foi desenhada tendo em consideração todos estes elementos.
Nuno Ferreira (Presidente da Junta de Freguesia)
“É um projeto moderno e arrojado”
O autarca magnetense, Nuno Ferreira, enaltece o facto de Meinedo ter sido” o berço da diocese do Porto, tendo inclusive atualmente um bispo adstrito, que é um motivo de orgulho para todos os magnetenses”, facto que remete para a necessidade de uma obra à altura desses desígnios.
“O projeto que está em execução é um projeto moderno, arrojado, traduzido numa arquitetura atual, contemporânea”, afirma o presidente da Junta de Freguesia.
O autarca sublinha o argumento do prestígio magnetense na área histórica e religiosa ao afirmar que “a nova igreja será uma mais-valia para a freguesia, reafirmando e reavivando a importância que Meinedo terá nesta região, tendo em consideração, que com a sua construção garantirá uma centralidade no âmbito religioso, dispondo de condições para receber inúmeros fiéis e não menos importante, garantindo um pároco efetivo na freguesia para o futuro”.
Ciente da amplitude e desafio que se coloca à freguesia em geral e aos paroquianos em particular, Nuno Ferreira afirma que “o desafio é grande, mas a comunidade está envolvida e tem tido uma participação muito ativa nas atividades e iniciativas que vão surgindo, para garantir a viabilidade financeira necessária, para a concretização deste projeto”.

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