Antero Correia, o diretor dos Masters, Pedro Leal, o treinador dos Masters e Hélder Nunes, o capitão dos Masters, concederam uma entrevista acerca da história da equipa. Dirigir, treinar e jogar são três perspetivas distintas dentro de uma estrutura e, assim sendo, é crucial reter as observações de cada função. No passado sábado sagraram-se campeões e de bola no pé encontram-se prontos para rumar à segunda fase do campeonato.
Antero Correia foi o primeiro a transmitir as suas declarações. Tudo começou num jogo de angariação de fundos para as Festas Grandes de Lousada em Honra do Senhor dos Aflitos, disputado contra o Futebol Clube do Porto. A brincadeira correu bem e o grupo ficou unido que o pensamento foi formar uma equipa.

Pensamento esse que concretizou-se. Inicialmente, a equipa foi inscrita na Associação de Atletas Veteranos do Norte As Árvores Morrem de Pé, porém, esta acabou por extinguir. Entretanto, a Associação de Futebol do Porto com outro tipo de infraestruturas, estatutos e organização albergou o campeonato. Desde então, pertencem à mesma.
Segundo Antero, o objetivo foi competir pois tratava-se de um grupo de amigos que nutria uma paixão comum. Como referido, pertence à equipa desde o começo pois fazia parte da Comissão de Festas para a qual iria reverter a receita do jogo.
Existem mais diretores além deste e, no decorrer da entrevista, António Severa e Paulo Quintela foram ressaltados por terem sido os maiores responsáveis por dar o mote a este projeto. Este primeiro continua em atividade ao contrário do segundo que acabou por sair. As longas experiências no mundo do futebol de Severa levam-no a ser chamado como o presidente dos Masters.
A convivência, a paixão, a amizade … são fatores que fazem Antero escolher a equipa dos Masters face ao lugar anual no Estádio do Dragão. O envolvimento é tanto que, durante os jogos, vibra bastante quando vê as redes da baliza adversária abanar.
Até ao sábado passado não tinham ganho nenhum troféu, porém, tudo mudou. A equipa dos Masters da ADL terminou a primeira fase do campeonato com uma vitória de 8-2 contra o Valadares Futebol Clube, tornando-se campeões no Complexo Desportivo de Lousada. O diretor salienta que este foi ganho graças ao empenho, respeito e trabalho constante.
De seguida, Pedro Leal apresenta a sua perspetiva e abordagem na equipa. Inicialmente, iria pertencer ao grupo enquanto jogador, mas as lesões não permitiram. No entanto, como um verdadeiro apaixonado pelo futebol, estabeleceu a sua ligação como adjunto do treinador Rui que foi quem começou o projeto.

Entretanto, este acabou por sair e Pedro recebeu o convite para assumir o papel principal. “Aceitei sem qualquer hesitação”, afirma. O seu percurso foi marcado por um interregno, na medida em que decidiu fazer uma pausa pois considera que em determinadas alturas ganham-se vícios e é preciso sair para observar de fora. Passado um ano, regressou novamente ao comando da equipa.
A equipa dos Masters é composta por 23 elementos, sendo a faixa etária mais incidente entre os 40 e os 45 anos de idade. A Pedro junta-se Lino, David, Leonel e Leal, constituindo a equipa técnica.
“Este ano foi atípico, apesar do formato do campeonato ser o mesmo, houve algumas paragens que obrigaram-nos a fazer uma redefinição do calendário”, salienta. Atualmente, treinam às segundas-feiras e quartas-feiras ou às terças-feiras e quintas-feiras. O treino tem a duração diária de 1 hora e 30 minutos.
Pedro esteve num projeto de uma escola de futebol e, portanto, já treinou todas as faixas etárias. “Sou um privilegiado”, declara. De acordo com o próprio, às vezes têm-se a ideia que com esta idade existe um bocadinho de treinador dentro de nós, mas a estrutura está muito bem organizada e cada um sabe o seu papel.
A organização é um dos pontos fortes dos Masters e qualquer pessoa que chega apercebe-se que tudo está estruturado e definido. Naturalmente, existem pessoas para dirigir, treinar e jogar e todos os elementos sabem onde estão inseridos.
Questionado acerca dos maiores desafios enquanto treinador, de imediato, refere a necessária perceção que os jogadores têm profissões diferentes ao longo do dia. Quem possui um trabalho mais esforçado, por conseguinte, vai ter menos predisposição e disponibilidade para o treino, logo é importante que haja atenção a estes pormenores e também uma certa empatia.
Por último, Hélder Nunes ou Hedinho, como é conhecido no mundo do futebol, fala do seu percurso enquanto jogador e capitão. Iniciou com 7 anos de idade na Associação Desportiva de Lousada e completou todas as camadas jovens na mesma, tendo chegado aos seniores. Entretanto, jogou noutros clubes: Futebol Clube Nespereira, Futebol Clube Romariz, Associação Os Pienses, entre outros.

Este estava a jogar futebol noutra equipa aquando do começo do projeto, porém, Pedro convidou-o a integrar o mesmo. “Disse que não porque já tinha dado a palavra, mas acabou a época e ingressei na equipa”, explica. Desde então, mantém-se nesta.
Segundo o próprio, o futebol é a sua segunda família pois não consegue viver sem. “Enquanto as pernas deixarem, estarei presente de uma forma ou de outra”, reforça. Neste seguimento, o seu maior desafio na qualidade de jogador é iniciar o jogo/treino e chegar ao fim sem lesão pois recentemente esteve fora 8 meses à conta de uma.
“Ser capitão é secundário, visto que o mais importante é criar um grupo forte com ou sem braçadeira”, refere. Contudo, menciona que existem outras responsabilidades inerentes à braçadeira como o manter respeito por toda a estrutura e o ser exemplo.
Em nome dos jogadores, o capitão afirma que tudo farão na próxima fase. Esta será mais difícil e motivadora, na medida em que irão jogar contra as melhores equipas.
Em jeito de finalização, os três entrevistados denotam que eles são o rosto de muita gente envolvida em torno dos Masters da Associação Desportiva de Lousada. “Ao longo da história passaram enormes figuras pela equipa e, nesse sentido, queremos agradecer pela dedicação e contribuição”, concluem.
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