A praça de táxis lousadense é composta por 11 automóveis, divididos por dois locais: cinco na Rua Visconde de Alentém (junto à Padaria Central) e seis na Av. General Humberto Delgado (junto à feira). A primeira é a mais antiga, mas provoca muitos transtornos aos taxistas, que não raras vezes encontram os seus lugares ocupados por outros veículos.
Quando fizemos constar ao taxista Agostinho Cesário Oliveira que a placa identificativa da Praça de Táxis (na fotografia) estava destruída, aquele antigo instrutor de condução e motorista há 11 anos, mostrou-se espantado e respondeu: “Deve ter sido obra de alguém que não nos quer neste sítio. Há muita gente que, se pudesse, tirava-nos daqui”.

Este detentor de uma das licenças mais antigas de carros de aluguer na vila, que foi do antigo taxista Ambrósio Oliveira e seus associados (Moreira e Coelho) sublinha que “acima de tudo sou pela paz e concórdia, portanto se os problemas não se resolvem, é melhor procurar outro local para a praça do centro da Vila”.
Uma simples observação no local permite perceber depressa que as lojas e serviços situados nas redondezas dos seis lugares de carros de praça provocam a afluência de pessoas e automóveis que, frequentemente transtornam a atividade dos taxistas. “Sou muito pacífico, mas já me enervei com uma pessoa que estava a ocupar lugar dos táxis e ainda assim achava-se cheia de razão”, desabafa Cesário Oliveira. Considera necessário uma maior fiscalização das autoridades para evitar constrangimentos, mas afirma que não entra “em guerras de praças, porque felizmente quase nunca estou aparcado”.
Para este taxista, “a melhor solução, a meu ver, seria voltar ao lugar anterior, na Praça da República, junto ao Talho Ferreira, que tem várias vantagens, como por exemplo a visibilidade para quem vem do lado da Câmara” e complementa esta sugestão dizendo que “isso beneficiava sobretudo idosos e pessoas com problemas de mobilidade, que ao longe percebem logo se há táxi ou não, enquanto que a atual praça só permite a essas pessoas saber se há carro disponível quando viram a esquina”.
Quanto à atualidade nacional dos carros de praça, este conhecido taxista afirma que “fala-se em algumas mudanças, como por exemplo deixar de haver lugares cativos, um bocado como os Uber, mas a meu ver isso não faz sentido porque, veja-se o caso de um taxista ou uma forma de táxis que comprou um lugar numa praça, por exemplo no Aeroporto, que custa uma fortuna, e se a mudança da lei acontecer, uma pessoa de qualquer sítio pode ocupar esse lugar sem mais nem menos” e conclui com um redundante “não concordo”. Assim como também não concorda que os taxistas prossigam atividade depois de atingida a idade da reforma: “sempre defendi que um taxista ao reformar-se devia contratar um empregado ou ceder a licença; eu, que estou a dois anos da reforma, sou o primeiro a aceitar essa lei se for aprovada, porque as praças estão muito envelhecidas e precisam de renovação” e conclui que “se isso fosse aprovado seriam criados milhares de postos de trabalhos no país”.
A incerteza paira sobre uma classe importante, das mais antigas em atividade, mas espera-se que tudo se resolva a contento de todos.
O primeiro táxi de Lousada

Através das edições do Jornal de Louzada e do jornal Heraldo, que se publicaram na primeira metade do século XX, encontram-se anúncios a carros de aluguer desde 1925.
Mostrando-nos uma fotografia que atesta isso, Manuel José Fernandes afirma que o seu tio, Joaquim Teixeira do Rosário “foi o primeiro taxista de Lousada, com um Ford T e mais tarde na década de 1930 adquiriu outro carro de aluguer, também americano, mas esse já totalmente fechado”. Nessa fotografia, que o seu proprietário presume ter sido tirada em Covas, vê-se o motorista ao volante e uma criança cuja identidade não foi possível apurar. Em rodapé vislumbra-se a inscrição “Forde 1925 Joaquim”.

Falecido em 1955, Joaquim Teixeira do Rosário foi um cidadão muito estimado em Lousada. Em crónicas e outras publicações dos referidos jornais lê-se que era uma pessoa jovial, bombeiro muito ativo e gostava de usar farda de taxista, profissão que deixou na década de 1940 para se dedicar à atividade de armador quando herdou do seu pai a “Funerária Rosário”. Era filho de João Rosário, que foi maestro conceituado na Banda Musical de Lousada e ensinou música a inúmeros lousadenses, mormente ao seu filho Joaquim, que tocava guitarra portuguesa, e também ao filho que teve fora do casamento, António Rosário, um excelente violinista conhecido em Lousada por Nequinha da Policarpa.
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