A juntar aos 4 estabelecimentos de tatuagens que existiam, mais dois estrearam recentemente na vila. E há mais nas freguesias. A procura local aumentou e há clientes que vêm de outras localidades. Para conhecer o negócio das tatuagens e o fenómeno social que envolve, fomos falar com os novos artistas.
Num concelho onde a tradição e a modernidade se cruzam e convivem, há espaço para a expansão de uma prática que é vista por uns como contranatura e por outros como uma arte. Na opinião de Mário Rocha, da Black Light Tattoos, “um dos motivos para a maior procura de tatuagens em Lousada é a existência de cada vez mais pessoas que vêem as tatuagens como arte e não como um estereótipo antigo”.
Sobre a sua entrada nesta atividade profissional, o tatuador explica que “seguir a carreira a tempo inteiro como tatuador foi algo que não estava à espera. Comecei a tatuar na brincadeira com os meus colegas, quando tinha 18 anos. Fui ganhando cada vez mais gosto pela arte e procurei evoluir, até que comecei a ter uma boa carteira de clientes”. Aos 21 anos decidiu abrir a empresa e se arriscar nesta área. “Foi a melhor decisão da minha vida”, confessa Mário Rocha.

Cada artista tem as suas preferências e especialidades. Nesse aspeto diz que tem preferência por um estilo mais realista assim como “skecth (esboço) e blackwork (trabalho a preto)” e gosta particularmente de executar tatuagens grandes.
Revela que, de um modo geral, os seus clientes procuram “criatividade” e Mário Rocha define-se como um criativo e um criador. Na sua carreira já teve tatuagens de execução complexa e declara que “o projeto mais difícil que tive até hoje foi cobrir uma tatuagem feita por outro artista” que o cliente quis esconder ou apagar.
“Viver um sonho”
Com a designação Miguel Campos Tattoo Artist também foi recentemente aberto um estúdio de tatuagens, no cruzamento de semáforos da Rua Visconde de Alentém. Este jovem de Lodares diz que a adesão a esta prática se deve ao seu gosto pelo desenho, que desenvolveu desde criança. “Estudei Artes Visuais até ao 12.º ano. Depois comecei a trabalhar e andei um pouco desligado dos desenhos. Até que me sugeriram que fosse tirar um curso profissional de tatuagens em Leiria, e cá estou a tatuar e a viver um sonho”.
“Faço todo o tipo de tatuagens, embora tenha um gosto maior pelos trabalhos de realismo, a linha fina e floral, mas dedico-me totalmente a cada trabalho”, declara.
A abertura deste estabelecimento deveu-se à crescente procura. “A tatuagem é cada vez mais vista como beleza e estética e não como estereótipo de um tipo de pessoa ou grupo” e acrescenta que “os clientes procuram um pouco de tudo, no entanto o realismo e linha fina são os estilos mais solicitados”.
Há trabalhos simples e mais elaborados, mas Miguel Campos afirma que “não existem tatuagens difíceis, tudo depende da forma como se encara cada projeto. No final só importa o resultado bem-sucedido e deixar o cliente satisfeito”.

Mitos e preconceitos
Muito se escreve e fala sobre tatuagens que este profissional aproveita para denunciar: “Existem alguns mitos no que toca a tatuagens tais como pensar-se que por fazer tatuagens já não podem doar ou fazer transfusões de sangue. As pessoas podem fazê-lo, mas tem de aguardar um período mínimo de 6 meses desde a data da tatuagem”.
Ouve-se dizer que tatuagem par dá azar e Miguel Campos afirma que é um mito: “esta história foi criada pelos marinheiros, na época das tatuagens tradicionais. Eles contavam que, certa vez, um navio pirata naufragou e todos os tripulantes que tinham tatuagens em número par morreram. Como uma má notícia espalha-se rápido e marinheiros viajavam muito, logo, essa história foi sendo divulgada pelo mundo”.
Preconceitos e mitos parecem ter cada vez menos adeptos, a julgar pela expansão do fenómeno e do negócio das tatuagens em Lousada.
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