Ultimamente caro leitor não sei bem se estou em 2023 ou em 2013. É que apesar do espelho me responder inevitavelmente que estou em 2023, o certo é que o país grita quase todos os dias que é 2013!
No entanto, apesar das circunstâncias serem cada vez mais idênticas a 2013, a reacção da sociedade aos diferentes personagens e à sua governação é deveras diferente.
Terei inventado a máquina de viajar no espaço-tempo? Não me parece.
Eu, ao contrário dos que agora enchem o peito para exclamar aos sete ventos que pertencem aos partidos da “nova direita”, lembro-me bem dos tempos em que defender as necessárias, mas difíceis, decisões de CDS e PSD durante o período da troika era um rótulo de “reaccionário”, “neoliberal”, “insensível” e “inimigo do estado social”.
Hoje é mais fácil ser da “direita” dos bordões e frases feitas, mas aparentemente, cada vez mais difícil fazer frente ao socialismo. Será um paradoxo?
Mas então, se o salário mínimo subiu, porque estão as pessoas mais pobres?
Se a carga fiscal é menor, porque tem arrecadado o Estado milhões acima das suas próprias previsões?
Se o nível de vida subiu, porque há portugueses a viver em situações esquálidas nas nossas cidades por falta de habitação?
Se as os trabalhadores recuperaram dignidade, porque é que professores, auxiliares da acção educativa, oficiais de justiça, polícias, aviadores, ferroviários, médicos, enfermeiros têm feito greve?
Se, afinal, a austeridade acabou desde a tomada de posse do “salvador” António Costa em 2015, porque há necessidade de efectuar cargas policiais sobre manifestações em 2023?
A verdade é que as circunstâncias são as mesmas ou piores que no tempo da troika, mas infelizmente ninguém exige como em 2013.
António Costa tal como Sócrates, também vai a caminho de 10 anos à frente do Governo português, mas ao contrário deste (e agora, caro leitor, acredite que me vai doer a alma dizê-lo) não tem uma única obra ou investimento de relevo para apresentar ao país.
É efectivamente triste que o pior insulto que possamos fazer à governação de António Costa, seja simultaneamente um elogio à governação de José Sócrates.
Mas enfim, vai-se a ver e a culpa do estado a que isto chegou deve continuar a ser Passos e do Portas.
Pedro Amaral – Advogado

Pimenta no….. “governo” dos outros é refresco

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