Uma excelente guitarrista, natural de Baltar (Paredes) dá aulas de matemática na escola secundária de Lousada. Paralelamente mantém em funcionamento numa sala de aulas a Rock School, onde alunos daquele estabelecimento de ensino podem aprender e desenvolver os conhecimentos de guitarra. É uma feliz iniciativa que já tinha desenvolvido na escola EB2,3 de Nevogilde, na Escola Secundária de Baltar e na Escola EB2,3 Mário de Sá Carneiro (Camarate – Lisboa).
Nasceu e cresceu numa família de artistas, mas Cristina Pacheco é docente de matemática na escola secundária de Lousada. “O meu pai possuía um talento fora do comum para o desenho. Foi arquiteto, perspetivista notável e professor de desenho, dono de uma memória visual incrível, interessado por história e grande amante de música clássica. Em relação ao ouvido musical, tanto o meu pai como a minha mãe beneficiavam dessa capacidade, e tinham um gosto musical exigente e requintado. Quanto a mim, na altura de decidir que área de estudos seguir, foi a engenharia que me atraiu particularmente, porque considero a matemática uma disciplina fácil e extremamente útil quando aplicada à resolução de problemas do mundo físico. O meu lado racional é notório, mas o lado emocional não fica abaixo”, explica a docente, que é também uma exímia guitarrista.
O gosto pela música surgiu muito cedo na vida de Cristina Pacheco: “Em pequena, gostava de cantar as músicas que iam fazendo sucesso na rádio. Sempre fui bastante atraída pela música cantada em inglês, em particular pela música britânica. A banda que depressa me conquistou e eu apreciava de tal modo que, parecia que tudo o resto era imitação, foi The Beatles. Lembro-me de, em criança e adolescente, descer muitas vezes em autêntico voo as escadas na casa dos meus pais, no Porto, para ver alguma curta exibição dos Beatles na televisão. Só bastante tarde tive acesso a um gravador de cassetes, e só por volta dos 18 anos tive uma aparelhagem hifi para ouvir discos de vinil. Entretanto, passei anos a colecionar discos, que comprava e não podia ouvir, mas esperava pacientemente pelo dia em que pudesse pô-los a tocar vezes sem conta… O primeiro disco que comprei foi “With The Beatles”, após passar uma tarde inteira, numa cabine de uma loja da baixa do Porto, deliciada, a ouvir vários álbuns dos Beatles. A música deles era eletrizante, repleta de harmonias e linhas de baixo divinais, e de um humor contagiante. Para mim, continua a não haver melhor “antidepressivo” do que ouvir uma playlist dos Beatles, de preferência com uma guitarra nas mãos”.
Aos 13 anos teve acesso a uma guitarra espanhola e resolveu aprender na Escola Ruvina, no Porto. “Passados alguns meses, desisti, porque o som daquela guitarra não me satisfazia… 3 anos depois, tentei o piano, pois um dos velhos pianos da família acabou por ir para a casa dos meus pais, mas estava muito desafinado… Mesmo assim, estudei um ano nele, com orientação de professores das Escolas Castanheira e Caius. Depois, voltei à guitarra, desta vez num instrumento emprestado, e comecei a tocar, de ouvido, músicas dos Beatles. Tornei a ganhar o gosto e resolvi, então, ter aulas de guitarra na Escola de Jazz do Porto, a qual frequentei cerca de um ano e meio, e depois desisti novamente, por causa de ter pouco tempo para praticar, devido à intensidade do estudo na universidade. A partir daí, continuei como autodidata e fui evoluindo mais na guitarra e no baixo, e não tanto no piano. Também fiz questão de comprar uma bateria, e consegui tocar alguns ritmos básicos, que permitiam acompanhar um bom leque de músicas não muito complexas”, revela Cristina Pacheco.
A vastíssima carreira musical que já contabiliza no seu currículo tem como um dos pontos mais altos a participação na banda portuense Mundo 13: “foi um ponto alto, sem dúvida, porque tive oportunidade de tocar músicas originais de influência modern rock/grunge para um público mais numeroso e chegar a mais pessoas através do YouTube e do concurso Rock Rendez Worten”.
Dá igualmente destaque a “uma fase bastante gratificante foi a passagem, em finais dos anos 90, por uma banda com grande história, o Bando do Rei Pescador, de originais folk/country/bluegrass em português, que teve origem em finais dos anos 70, com o nome King Fisher’s Band, na altura uma banda de covers. Com o Rei Pescador, cheguei a tocar um original meu (música minha e letra de Jaime Froufe Andrade) e fizemos concertos em muitos locais emblemáticos e também nas fnacs em Lisboa e no Porto”.
Além disto, acrescenta que “foi também um orgulho quando formei, com amigos, uma banda de covers, de nome Entropia, que fez atuações em festas e jantares, sendo uma oportunidade de tocar, no formato de banda, temas conhecidos e/ou preferidos, em inglês ou português”.
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