A rubrica desta semana vem abordar um tema que me diz muito, por ter sido uma criança com deficiência que devido à prestação de cuidados informais consegue, hoje em dia, ser completamente autónoma. Enquanto cidadã defendo que um país deve proteger e cuidar dos seus cidadãos/ãs sobretudo quando se encontram numa posição de maior vulnerabilidade, como é o caso dos cuidadores informais que, devido à necessidade de prestar cuidados, estão sujeitos a uma elevada sobrecarga e a isolamento social.
Portugal vem abordando a questão do Estatuto do Cuidador Informal desde meados de Maio / Junho de 2016 e, com o Estatuto, os cuidadores informais passaram a beneficiar de acompanhamento e formação específica para a prestação de cuidados, reconhecimento do seu papel enquanto cuidador e o direito a aceder à informação sobre a doença da pessoa cuidada e a todas as medidas de apoio vigentes. Está prevista a criação de períodos de descanso e o direito a participar em grupo de autoajuda desenvolvidos nos serviços de saúde.
Este é um pequeno -grande passo no reconhecimento de pessoas que dedicam o seu tempo a cuidar de outros, mas ainda há muito para fazer. O Estatuto do Cuidador Informal ainda não abrange a grande maioria dos cuidadores portugueses e ainda não protege, em termos laborais, os cuidadores informais não principais. Se as dinâmicas estabelecidas enquanto sociedade não são estáticas, acredito que as leis também deverão acompanhar este movimento e estando sujeitas a constantes reflexões e melhorias.
Cuidar é uma tarefa intrínseca ao ser humano, mas também esta merece reconhecimento.
Andreia Moreira – Psicóloga

Estatuto do Cuidador Informal: Uma nova realidade para (quase) todos

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