César Gonçalo Sousa Correia, de 46 anos, é o cidadão desta edição. Após uma aventura pela faculdade ingressou no mundo do trabalho e, até aos dias de hoje, possui um portfólio diversificado de áreas pelas quais passou. A par disto, concilia a vida com a sua verdadeira paixão – o futebol – sendo treinador. Saiba mais sobre este lousadense.
“A minha infância foi um pouco diferente dos meus amigos cá da terra”, principia. Porquê? Aquando da época de entrar no ensino primário foi para o Colégio São Gonçalo em Amarante, derivado a ter nascido em novembro e a escola de Boim (de onde é natural) não ter aceite a sua inscrição por ainda não ter 6 anos de idade. Desta forma, os seus progenitores não quiseram que o lousadense só entrasse no ano seguinte e através do seu tio foi estudar para outro concelho.
Concluiu o 12º ano de escolaridade no Colégio São Gonçalo e decidiu prosseguir com estudos avançados, porém, por pouco tempo. “Tive uma aventura, diga-se, na universidade”, sublinha. Inicialmente, entrou em Penafiel em Gestão de Empresas e, posteriormente, pediu transferência para o Porto para Informática de Gestão onde acabou por desistir ao fim de 2 anos.
Posto isto, ingressou no mundo do trabalho, onde transitou por várias empresas de diferentes áreas. Inicialmente, como primeiro emprego, foi trabalhar para o escritório da Escola de Condução Ideal de Lousada e, ao mesmo tempo, acumulava part-time no Restaurante Visconde para ganhar mais algum dinheiro.
Após 1 ano saiu deste e foi trabalhar para o escritório de uma empresa de construção civil onde se manteve durante 15 anos. Começou como empregado de escritório e, à medida do tempo, foi subindo dentro da empresa. Segundo o próprio, esta área foi desafiante e aprendeu imenso sobre determinadas matérias.
De saída deste, o lousadense decidiu explorar a sede da União Cultural e Recreativa de Boim e, em paralelo, abriu uma escola de futebol em conjunto com um sócio – A Escolinha do Figo. De acordo com o próprio, ser patrão foi igualmente um desafio pois possuía diferentes responsabilidades daquelas que já havia desempenhado.
“Acumulava essas duas funções e decidi tirar o curso de treinador e fui estagiar para o Futebol Clube de Paços de Ferreira onde estive durante 4 anos”, salienta. Entretanto, ao fim de 1 ano, deixou o café e ficou só com a escola e a treinar.
Contudo, nada parou por aqui pois arranjou um outro emprego que não tinha nada haver com os outros. César Gonçalo foi trabalhar para Vizela para a parte de tecelagem de uma empresa, acabando por sair desta após 2 anos pois não estava a compensar financeiramente. “A primeira vez que entrei na parte dos teares apetecia-me fugir, um barulho tremendo, cerca de 120 teares lá dentro (…) achava que não ia aprender aquilo e ao fim de 1 mês já sabia todas as técnicas”, explica.
Chegou a esta fase e, por opção própria, decidiu dar uma volta de 180º graus à sua vida. “Deixei de ter a escola de futebol, saí da empresa de tecelagem e, ainda, abandonei o cargo de treinador no Futebol Clube de Paços de Ferreira”, declara.
No meio destas mudanças, aceitou o desafio de um colega que estava a precisar de comerciais para a empresa dele. Assim sendo, desde então é comercial na empresa Norsnack. “Gosto muito daquilo que faço hoje, diga-se, é um trabalho mais livre mas também mais solitário”, refere.
Hoje em dia, continua a ser treinador. Questionado sobre o porquê deste desejo e paixão por ser treinador de futebol, de imediato, afirma que jogou futebol desde os 12 anos e quando chegou a hora de deixar de ser jogador enveredou pela área de treinador. O lousadense salienta que é mais difícil deixar o balneário que o próprio jogo, na medida em que se vive todas as emoções dentro destas 4 paredes.
É primordial, na sua opinião, que numa escola de formação não haja pressões de resultados e, ainda, pais a intervirem. Para mais, que se faça jogos divertidos onde os jogadores não se apercebam que estão a aprender coisas importantes para o futuro. Naturalmente, a partir dos sub-12 trabalham-se outras questões.
Neste seguimento, realça que mudar a cabeça de crianças de 7 anos é diferente de mudar a cabeça de pais de 35 anos. Contudo, enquanto deteve a escola de formação, refere que todos os progenitores adoraram e começaram a perceber que não era preciso ofender o adversário ou o árbitro para ver os filhos felizes.
Questionado sobre qual a parte mais gratificante de ser treinador de futebol de formação, de imediato, refere “é bom ver, amanhã ou depois, que contribuíste de alguma forma para o futuro do atleta”.
O futebol é, sem dúvida, o grande hobbie e paixão do lousadense. Contudo, também gosta de correr, estar com os amigos e brincar com o seu filho de 4 anos. Segundo o próprio, o nascimento do seu filho foi a coisa mais importante que lhe aconteceu na vida.
“O que move este mundo é todas as diferenças, se formos todos iguais tínhamos que andar constantemente a correr. Logo, no dia em que decidirmos parar com essa correria, definitivamente, a felicidade vai apanhar-nos”, remata César Gonçalo com um ideal que mantém na sua vida – o direito à diferença.

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