por | 13 Ago, 2023 | Grandes Louzadenses

Eduardo Moreira da Silva: O engenheiro para além dos projetos

Com uma formação sólida e uma vasta experiência no campo da engenharia civil, Eduardo Moreira da Silva, tem mostrado que a sua atuação vai além do  projeto e consultoria. Consciente da importância do seu papel como agente de transformação, direciona os seus conhecimentos técnicos e habilidades para iniciativas que procuram melhorar a qualidade de vida das pessoas, bem como promover o desenvolvimento sustentável. Conheça ao pormenor a história deste cidadão.

Eduardo Moreira da Silva, de 54 anos, concedeu uma entrevista onde abordou com a maior gentileza e amabilidade várias vertentes da sua vida. A sua família, lado materno e paterno, são provenientes da vila – Lousada – porém, este nasceu e cresceu em Bonfim (freguesia portuguesa do município do Porto). “Vivi no Porto até aos 27 anos, apesar de iniciar atividade em Lousada aos 25 anos”, principia.

Assim sendo, a sua infância foi vivida em Bonfim. De acordo com o próprio, foi muito bom aluno e gostou sempre de livros o que, por vezes, dificultou-lhe a vivência com os demais pela falta de compreensão do enquadramento. No fundo, precisou defender-se um pouco porque os jovens não davam valor a este tipo de posicionamento. 

Aos 14 anos começou a trabalhar numa agência de viagens que, por conseguinte, mudou a sua adolescência. Iniciou no cargo mais baixo e subiu de posição porque foi-lhe considerado capacidades, explicando a sua mudança aos 19 anos para outra agência. 

Da Escola de Bonfim transitou para a Escola Dom João IV e, por fim, para o conhecido Liceu Alexandre Herculano onde finalizou o 12º ano de escolaridade  na opção de ciências. “Eu tinha um problema, na medida em que tinha capacidade para letras e igualmente para ciências. Face a isto, optei por ciências por achar que se mantivesse o ato da leitura estaria sempre atualizado”, conta com a consciência da sua ingenuidade por acreditar que ler bastava.

Eduardo decidiu prosseguir estudos mais avançados, frequentando o curso de Engenharia Civil no Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP). Durante o seu  percurso

acadêmico, paralelamente, trabalhava na agência de viagens, atividade que abandonou aquando da conclusão do curso. Depois de uma especialização em gestão e fiscalização de obra no ISEP, frequentou o Mestrado de Estruturas de Engenharia Civil na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto – mantendo, até ao momento, a sua atividade ligada a esta entidade pois encontra-se  em Doutoramento relacionado com construção ( arquitetura) Vernácula.

Noutra vertente está a doutorar-se  em Filosofia, na área da política.  Para além de satisfazer a sua ânsia pelo conhecimento e pela sabedoria, este doutoramento complementa o outro na medida em que o estudo de técnicas e materiais de construção ancestrais, bem como dos conjuntos construídos dessa forma, implica uma abordagem holística, portanto, marcada por uma grande interdisciplinaridade. 

Quanto à sua atividade profissional ligada à engenharia civil, de início, abriu um escritório em Lousada. No fundo, este encontra-se sediado na vila mas o seu trabalho estende-se pelo país todo e, inclusive, em vários locais do mundo. 

O porquê desta escolha? Conforme o próprio, no que toca à Engenharia Civil, porque sempre possuiu uma curiosidade aguçada pelas estruturas – sendo essa a sua especialidade dentro da engenharia civil. Em Lousada, pela oportunidade que surgiu há cerca de 30 anos, de juntar a possibilidade de exercer esta profissão com o retorno a uma terra com que sempre esteve ligado. Eduardo trabalha em várias áreas dentro do campo cívico e académico, mas a referida é a que tem mais incidência no seu trajeto profissional.

Questionado acerca dos desafios enfrentados pelos profissionais especializados em engenharia civil, de imediato, afirma que é necessário ter consciência que não se trata de coisas exatas. Na sua opinião, o maior desafio é aquele que se relaciona com a transposição daquilo que é projetado, ou seja, que está sujeito a determinada conceção à realidade porque surgem vários problemas: económicos, falta de mão de obra, degradação do conhecimento …

“O mercado hoje tem um défice de mão de obra para este tipo de trabalho e a que está disponível não é, por vezes, a melhor. Um bocado associado a isso é a dificuldade que existe em colocarmos – nós, engenheiros civis – no mercado soluções inovadoras quanto a técnicas e materiais para tornar as construções mais baratas e sustentáveis”, reforça. 

Lateralmente, existem também problemas que persistem quanto à segurança das obras e, ainda, quanto à legalização de técnicas mais sustentáveis. No entanto, está a percorrer-se um caminho para solucionar os demais. 

Face a estes problemas, pode-se achar que não há recompensas. Todavia, desengane-se quem ache semelhante, na medida em que é extremamente gratificante ver a obra finalizada. “É muito bom ver as soluções que idealizamos serem colocadas na realidade”, reforça. O engenheiro mora em Lousada e, felizmente, interveio em grande parte das obras na vila – observando, diariamente, o que de bom e mau se fez. 

O melhor amigo do homem é um termo comum utilizado para descrever os cães domésticos e, neste seguimento, o melhor amigo do engenheiro civil é um termo comum utilizado para descrever o betão – material mais utilizado na construção civil. 

Eduardo já se envolveu em variados projetos ao longo da sua carreira profissional, sejam eles de uma dimensão menor ou maior. “Já estive integrado em construções menores e, da mesma forma, em construções maiores”, sublinha. Desta forma, acredita ser injusto referir algum projeto em concreto porque todos são diferentes e importantes à sua medida. 

No campo cívico, o engenheiro civil tem sido um exemplo inspirador de participação ativa e envolvimento nas questões que afetam a comunidade. Em Lousada esteve presente, episodicamente, na extinta Associação Industrial. Neste momento, é o Presidente da Luminare Valle – Tâmega e Sousa, que desenvolve a sua atividade no sentido de transmitir conhecimento, focando a sua atividade naquilo que chama de “filantropia pelo conhecimento”..

A associação tem realizado diversas iniciativas de cariz cívico como: cursos à população sobre ciência política, conferências sobre temas atuais,tentando chegar ao auditório mais vasto possível, desde escolas secundárias, passando por hospitais, autarquias , até a estabelecimentos prisionais.  O âmbito é muito alargado, tendo incidido sobre política, ética, bioética, serviço nacional de saúde,direitos humanos, ordenamento do território, 25 de Abril, história, valores e cidadania. Estas iniciativas têm contado com a presença de personalidades ilustres como, por exemplo, Dr. João Soares. Prof. Dr. Rui Nunes , Dra. Maria de Belém, Prof. Dr. Paulo Cunha, Dr. José Luís Carneiro,  Coronel Vasco Lourenço entre outros. “Nós não acreditamos no ato de dar dinheiro, mas em fazer ações no sentido de aumentar o conhecimento da população”, refere.

Eduardo guarda também uma participação política ao nível da análise. “Nunca me envolvi na política partidariamente, visto que o meu envolvimento com a política é somente de análise”, afirma. Aquilo que vai fazendo é, essencialmente, a nível académico e cívico que se tem traduzido em vários trabalhos publicados ou apresentados em conferências quer no país, quer internacionalmente.  Exemplo disto é a presença, em breve, num congresso patrocinado pela Rainha de Espanha pois o seu artigo foi um dos selecionados em termos de análise política.

O engenheiro construiu casa em Lousada e formou família, sendo pai de 3 jovens com mestrado terminado e a trabalhar. Entretanto, divorciou-se e, hoje, tem uma companheira e 2 enteados, com idade semelhante à dos filhos, estando um a concluir a sua vida académica e o outro, tendo-a terminado, trabalhando em Lousada. “Tenho poucos   tempos livres, mas nos poucos que ainda vou tendo,  faço questão de ler, estar com a família e viajar”, declara.

Interrogado sobre o significado da vila de Lousada, de imediato, refere que é o lar onde a sua vida se foi desenrolando. “É o local onde encontro o lar, o do verdadeiro retorno às raízes”, finaliza Eduardo Moreira da Silva.

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