Para a generalidade das famílias, o regresso às aulas significa regressar à frenética rotina das atividades do dia-a-dia. Volta o frenesim do trânsito, dos horários apertados, das preocupações com as compras de última hora, dos gastos inesperados. Uma agenda que se repete a cada ano. Até aqueles que não têm filhos em idade escolar percebem a dificuldade e a preocupação dos demais. Para piorar, este ano, o início do ano letivo adivinha-se ainda mais complicado, quando comparado com o ano passado.
Num ano em que muitas famílias enfrentam dificuldades económicas, agravado pelo aumento do custo de vida (segundo o Eurostat, dois milhões de portugueses vivem em risco de pobreza), os portugueses preveem gastar, em média, 632€, mais 107€ em comparação com 2022. 55% dos encarregados de educação afirmam não ter poupanças destinadas a fins educativos. 22% referem temer não conseguir financiar a educação. Apenas 36% dos encarregados de educação afirmam ter total capacidade para financiar a educação. Em relação à sua situação financeira, 39% dos encarregados de educação avaliam-na como tendo piorado em 2023. Ora, com estes dados, avançados pelo Observador Regresso às Aulas 2023, um estudo conduzido pelo Cetelem, não admira que o custo com a educação seja considerado uma fonte de stress para 27% dos encarregados de educação.
O somatório das despesas com mensalidades, material escolar, roupa, alimentação, habitação, equipamentos tecnológicos, transporte, entre outras, pode perigar o acesso ou a continuidade no sistema de ensino, ou no limite influenciar as escolhas de carreira de muitos jovens, desequilibrando paixões e interesses, em função das condições financeiras. Mais um aditivo para o stress e desequilíbrio emocional destas pessoas.
Investir na educação é um investimento de longo prazo. Uma estratégia que beneficia diretamente o indivíduo e o seu desenvolvimento pessoal, hoje educando, amanhã profissional, com preponderante impacto na sociedade como um todo, pois é através da educação que se promove o progresso económico, a igualdade social, a inovação, a resiliência e a capacidade de enfrentar novos desafios.
Não admira, portanto, o crescente número de famílias que se esforça para satisfazer as necessidades básicas com a educação dos seus filhos e que, supletivamente, ainda investe em “explicações”, academias, centros de estudo e outras atividades extracurriculares.
Felizmente, cada vez mais, municípios e cidadãos reconhecem que a educação não se limita às salas de aula, que é através de uma abordagem integrada e colaborativa para a educação que se fomenta uma comunidade mais capacitada, ativa e interventiva. E assim deve ser ao longo da vida!
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