A Casa Nobre no seu contexto histórico XXVII.
A Estrutura Arquitetónica de Lousada, segundo as Memórias Paroquiais de 1758
Os Efeitos do Terramoto de 1755 em Lousada.
Freguesia de São João Evangelista de Nespereira.

A nona freguesia do concelho, Nespereira, com cento e quatorze fogos (IANTT_ Instituto dos Arquivos Nacionais da Torre do Tombo. Memórias Paroquiais. Vol. 25, n.º 16, fls. 99 a 102), era uma das mais populosas do concelho de Lousada e a igreja, segundo a Memória Paroquial de 1758, estava dedicada a «São João [Evangelista), padroeiro da freguesia.1 A igreja primitiva pode ser, provavelmente, considerada pregressa ao século XVIII, tendo como referência a imagem de Nossa Senhora do Carmo e os registos fotográficos de meados do século XX.

Processava-se o ano de 1968 (2 de setembro), quando o Administrador Apostólico, D. Florentino de Andrade e Silva2 operou a bênção do novo templo cristão, onde perduram alguns elementos arquitetónicos da primeva igreja: cruzes treboladas.3


A igreja de S. João Evangelista, em 1758, desfrutava de três altares. Na Capela-mor, o padroeiro, S. João Evangelista; no segundo altar, Nossa Senhora do Carmo; e no último, achava-se S. Braz.3 Não tem naves esta Igreja, nem Irmandades, referia o Abade Gaspar Teixeira Álvares.



No Processo Sobre os Limites da Freguesia de Santa Marinha. [s/d], fl. 1v, (AIL – Arquivo da Igreja de Lodares), é referido: O altar do Santo Nome de Deus tinha a confraria com o mesmo nome: «As cazas que foraõ de Manoel Lourenço que sempre dellas pagaraõ de foro trezentos réis» à Confraria do Santo Nome de Deus.
O supracitado memorialista, referia que havia uma capela particular – Casa do Cárcere – com a invocação de Nossa Senhora do Bom Despacho e «de cuja instituição consta que será visitada pelo paroco da freguezia.» (IANTT_ Instituto dos Arquivos Nacionais da Torre do Tombo. Memórias Paroquiais. Vol. 25, n.º 16, fls. 99 a 102). E no citado Processo Sobre os Limites da Freguesia de Santa Marinha. [s/d], fl. 163v (A. I. L), consta que no lugar da Poupa, existe uma capela particular, construída no ano de 1720, com a invocação de S. Simão, e guardando duas imagens: S. Simão e Nossa Senhora.
Em 1738, António Pinto Barbosa Vasconcelos, o escrivão e tabelião público do crime e dos órfãos do concelho de Lousada, e do couto de Casais, em cumprimento do despacho do Capitão-Mor, António Pinto de Sousa e juiz de todo o cível, crime, dos órfãos, sisas e direitos reais do concelho de Lousada, certificou: «vi as cazas e cappella junto a ella e na sobre padieira da porta da cappella esta hum letreiro de algarismo que diz mil sette e vinte».4

No ano de 1741, Nespereira contava com uma via-sacra: «a primeira crus» (A. I. L. – Processo Sobre os Limites da Freguesia de Santa Marinha. [s/d], fl. 163v.) achava-se erguida «defronte da porta da cappella»5 de S. Simão.
Freguesia de Nespereira: Património Edificado | ||||
População/ Habitantes | Fogos | Igrejas/Residência | Capelas | Via-Sacra |
456 | 114 | Igreja de S. João Evangelista. | Particular | Existia uma via-sacra. A primeira cruz ficava defronte à capela de S. Simão |
S. Simão e de Nossa Senhora do Despacho |
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1 – A Memória Paroquial de São João Evangelista de Nespereira, de 26 de abril de 1758, da lavra do Abade Gaspar Teixeira, foi publicada na Revista Oppidum (2008/2009) pelo Doutor Pedro Magalhães. A partir desta pertinente retificação da história da freguesia em questão, a mesma determinou a atualização do texto publicado na Tese de Mestrado «A Casa Nobre no Concelho de Lousada», Volume I, 2007, páginas 73 e 74.
2 – Bispo Auxiliar do Porto desde 1954, D. Florentino de Andrade e Silva foi nomeado Administrador da diocese pelo Papa João XXIII, em outubro de 1959, substituindo o Bispo D. António Ferreira Gomes, quando este, após três meses de férias, fora de Portugal, foi impedido de atravessar a fronteira pela Polícia Internacional de Defesa de Estado – PIDE.
3 – Cruz em forma de trevo, trifólia.
4 – A. I. L. – Processo Sobre os Limites da Freguesia de Santa Marinha. [s/d], fl. 163v
5 – IANTT_ Instituto dos Arquivos Nacionais da Torre do Tombo. Memórias Paroquiais. Vol. 25, n.º 16, fls. 99 a 102.
Obras consultadas:
– Capelas Públicas de Lousada, Universidade Portucalense, SILVA, José Carlos Ribeiro da, 1997.
– Oppidum, Ano 4, número 3, 2008/2009.
– A carta do Bispo do Porto ao Cardeal Cerejeira (16 de julho de 1968). Introdução e notas de José Barreto, Lisboa: D. Quixote, 1996.
Arquivos:
– IANTT_ Instituto dos Arquivos Nacionais da Torre do Tombo, Memórias Paroquiais.
Nota: Todas as fotografias são de setembro de 2023 e pertencem ao Arquivo particular de José Carlos Silva. As restantes têm o devido crédito assinalado, na legenda de cada fotografia.
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