Humildade e bairrismo são duas características sobejamente conhecidas de Cristóvão Cunha, um aparecidense de 58 anos, que comanda o clube pelo terceiro mandato consecutivo. É com orgulho que diz que o clube movimenta 220 atletas e que tem equipas em todos os escalões. Do orçamento, diz que são 188 mil euros para o ano todo. Como é possível numa localidade que perdeu a maior parte da sua indústria? Disto e do objetivo de subir ao escalão da Elite, nos fala o dirigente.
“Termos 800 sócios, mas queremos chegar aos mil. Somos bairristas por natureza e queremos sempre mais. Onde a equipa vai tem muito apoio. Queremos essa envolvência cada vez maior entre os aparecidenses e o clube, para fazer valer a pena todo o esforço de uma direção e dos seus colaboradores, dos seus atletas e familiares”, afirma o presidente do clube, o empresário Cristóvão Cunha.
A maior dificuldade “nem é propriamente a angariação de dinheiro, que dá muito trabalho e muita dedicação e empenho, como se sabe, mas acima de tudo o que nos preocupa mais é a falta de condições para o que o clube precisa, que é espaço e tempo para todos e por isso tivemos que acabar com a equipa de sub-23 porque temos 220 atletas e os horários ocupam-se depressa e nem dá hipótese de termos a tão desejada equipa de futebol feminino, que já houve há muitos anos”, confessa o dirigente.
O campo sintético, construído há seis anos e o primeiro a ser inaugurado nas freguesias do concelho, está já a precisar de reparações. Nota-se aqui e ali alguns buracos a surgir. Mas esse é o problema menor para a direção, que gostava de ter um campo de treinos. “Este campo fica muito sobrecarregado com tantos atletas a utilizá-lo”, lamenta Cristóvão.
O clube existe para “levar o nome da localidade a outras terras, engrandecer o desporto desta localidade, mas acima de tudo para formar homens através do desporto”, diz, sem esconder que “temos ambições desportivas” e nesse aspeto particular o regresso à divisão de Elite é a prioridade para a nova temporada que começou recentemente.
Por falar em subidas, está ainda fresco o orgulho e alegria pelo feito conseguido pela equipa de sub-15, que na época transata subiu de escalão e sagrou-se campeã, o que aconteceu pela terceira vez na história do Aparecida Futebol Clube, fundado em 1931.
Voltando à questão dos fundos, o orçamento de 188 mil euros previsto para esta época, vem grosso modo de patrocínios de industriais e comerciantes sobretudo de fora, “porque nos últimos vinte e tal anos Aparecida foi perdendo as grandes indústrias que tinha”. Agora são as marcas e fábricas das redondezas, que suportam grande parte do orçamento, assim como o subsídio da Câmara Municipal, “que nos ajuda também nas obras que estamos a fazer, nomeadamente os balneários e bar para os espetadores do clube que nos visitar, para que não haja misturas, pois já se sabe que no início e até meio do jogo as coisas são normalmente pacíficas mas depois pode dar para o torto e queremos prevenir essas situações”, ressalvou o presidente.


BALNEÁRIO DE CATEGORIA SUPERIOR
As obras de melhoria do estádio são, ainda assim, “um mal necessário”, diz Cristóvão Cunha, que justifica essas palavras dizendo que “o que se vai fazendo de melhorias não são mais que remendos que são necessários, mas o ideal seria fazer tudo de raiz, tudo de novo, um estádio, que até poderá ser uma realidade um dia, pois há terreno para onde nos poderíamos expandir e ficar com este campo para treinos, mas é tudo muito hipotético, por isso lidamos com o que temos e tentamos melhorar o mais possível, apesar de tudo”, explana com franqueza o dirigente aparecidense.
Além de Cristóvão Cunha, o núcleo duro do Aparecida FC integra a vice-presidente Vera Peixoto, o vice-presidente Pedro Sousa e o tesoureiro Mário Oliveira. Nos recursos humanos é de salientar a presença de dois fisioterapeutas, um nutricionista, uma enfermeira e uma psicóloga. O diretor técnico do clube é o penafidelense Carlos Gomes, e o treinador é o já bastante experiente José Oliveira, de Amarante. Há ainda um técnico de manutenção do campo, uma secretária administrativa e um roupeiro.
“Por mês são precisos 8 mil euros para despesas correntes, sendo os vencimentos a principal fatia”, diz o presidente, que lamenta “a falta de uma fonte extra de receitas para melhor sustentar o clube”. A colocação de painéis solares na encosta norte, atrás da bancada central, para produzir e vender eletricidade, poderá ser uma alternativa a considerar, soube o jornal O Louzadense.
As dificuldades são muitas mas o empenho não fica atrás e dessa forma o clube consegue apetrechar-se com meios e instalações adequadas para a prática do futebol. A aquisição de um autocarro de excelentes condições é exemplo disso, assim como a montagem de um balneário da equipa da casa, que é digno de ser visto e visitado.




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