No passado dia 5 celebrou-se o Dia Mundial do Cuidador e a autarquia estabeleceu que novembro passasse a ser o Mês Municipal do Cuidador. Esta celebração despertou-nos a motivação para prosseguirmos a reflexão do anterior editorial, desta vez focados nos desafios e ambições de índole social, que promovam o bem-estar, a coesão social e o desenvolvimento sustentável da nossa comunidade.
A evolução demográfica a que assistimos – censos 2021 – apresenta um crescimento no número de pessoas idosas (7.285) e de pessoas que vivem sós (2.334). Lousada tem, agora, mais idosos que jovens (6.601) e apresenta um índice de sustentabilidade de 4,6 ativos por cada indivíduo com 65 ou mais anos, quando antes era de 6,4. Ora, a crescente proporção de idosos desafia os serviços sociais e de saúde do concelho, e não só, pelo que é crucial desenvolver estratégias para garantir a qualidade de vida desta população. Outro desafio, diríamos contínuo, é a desigualdade social e a crescente disparidade económica dentro da nossa comunidade, o que acarreta o risco de pobreza, marginalização e exclusão social.
A Carta Social de Lousada apresenta alguns dados que merecem atenção, ainda que passíveis de deficitários na correspondência real ao contexto social do nosso território. A reter, partilhamos o número de indivíduos em listas de espera para: creche (99); deficiência – Centro de Atividades, Capacitação e Inclusão (36); deficiência – Lar residencial (111); serviço de apoio domiciliário (93); centro de dia (35); estrutura residencial para pessoas idosas (32).
Em suma, há no concelho de Lousada falta de respostas sociais, especialmente para pessoas com deficiência, crianças e pessoas idosas. Falta também a manutenção da qualidade de vida da população idosa, a promoção da natalidade e a conciliação da vida familiar e profissional. A taxa de cobertura das creches é de apenas 18,58% para 1700 crianças no concelho. Na área específica voltada para os idosos, o concelho apresenta uma grande insuficiência, com taxas de cobertura residuais. As Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas cobrem apenas 1,47% da população com mais de 65 anos, enquanto os Serviços de Apoio Domiciliário atendem a 2,94%, e os Centros de Dia abarcam somente 0,68% dessa população.
Cumulativamente, verifica-se um aumento de crianças com atrasos de desenvolvimento psicomotor graves e atraso de desenvolvimento da linguagem graves; o número crescente de crianças com espectro do autismo; o aumento de pessoas mais suscetíveis ao stress, transtornos de ansiedade e/ou transtornos depressivos; o aumento dos problemas relacionados com a dependência de álcool; etc.
Não pode, por isso, deixar de ser ambição investir em programas de saúde preventiva; construir novo(s) centro(s) de saúde, unidade de saúde mental e centro de reabilitação integrada; criar centros de convívio comunitário; expandir a rede de creches, centros de dia e aumentar a oferta de lar para idosos; fortalecer redes de apoio associativo e de grupos comunitários; criar e capacitar uma oficina municipal solidária; criar e ampliar parques verdes e de lazer; promover atividades culturais e recreativas em todos os núcleos de freguesia; incentivar a participação da comunidade; investir em redes sociais; entre outras medidas.
Como se percebe, “cuidar Lousada” também depende de cada um, seja pela generosidade daquilo que se emprega ao outro, seja pela participação ativa ou reivindicação que se promove junto das instituições. É nesse espírito que ressalta a responsabilidade coletiva na construção de uma comunidade mais justa e inclusiva.
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