Em Portugal, o 25 de abril remete-nos para a elevação dos princípios de liberdade, igualdade e justiça social que foram justamente reclamados pelo povo português. Contudo, se para alguns as mudanças de abril são já fortemente visíveis, para outros ainda há um caminho a construir.
As pessoas com deficiência são o exemplo disso. Para o antigo regime, ter uma deficiência era ser considerado socialmente “inválido”, necessitando assim da caridade das instituições religiosas e da sua própria família para sobreviverem. Se pensarmos em todos os homens com deficiência que vieram da Guerra Colonial, guerra esta nunca reconhecida pelo Estado português da altura, esses eram completamente ostracizados da sociedade para não motivarem interrogações incómodas para o regime.
Com o restabelecimento da democracia em Portugal, no ano 1974, iniciou-se um novo período, abrindo-se as portas para as políticas sobre a deficiência através do reconhecimento das pessoas com deficiência na Constituição da República Portuguesa. Mas o caminho ainda está a ser construído…
Atualmente, pessoas com deficiência ainda enfrentam múltiplas barreiras físicas, de transporte, de comunicação, sensoriais e sociais, através dos estereótipos capacitistas e do estigma associado, que limitam o seu acesso ao emprego, à educação, ao lazer e aos serviços de Saúde, incluindo serviços de Saúde Psicológica. São estas e outras tantas barreiras que vem ao longo do tempo afetando a saúde psicológica das pessoas com deficiência.
Celebram-se agora cinquenta anos de lentas mudanças na construção de uma sociedade inclusiva, equitativa e justa para a população com deficiência.
O caminho ainda está por construir…
Andreia Moreira
Psicóloga
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