Marina Sofia Ferreira, Psicóloga
A escolha deve ser sempre do aluno
“Era já final de Junho e o aluno de nono ano H, não conseguia decidir que rumo dar à sua escolha formativa para o ensino secundário. Se por um lado toda a orientação vocacional o guiava para um curso de mecânica / mecatrónica automóvel, os seus pais, ambos ligados a altos cargos na área da saúde gostariam que o seu filho enveredasse por um curso científico humanístico ligados à ciência e tecnologia”.
Isto pode ilustrar uma entre várias questões que torna o processo da orientação vocacional complexo e difícil e que os alunos, tanto de terceiro ciclo, como os que finalizam o secundário se deparam.
O sistema de ensino em Portugal oferece vários caminhos após o nono ano e após o 12º ano. A escolha vocacional é muito trabalhada nas escolas do nosso concelho, seja por profissionais de psicologia ligados à escola, seja no privado ou então com os próprios professores e encarregados de educação.
Nem sempre os alunos estão certos daquilo que desejam para o seu futuro e o que mais se ouve é que realmente as escolhas são feitas muito precocemente. Um aluno que esteja a terminar o nono ano deverá escolher a área à qual vai dedicar o resto da sua vida profissional. É complicado e muito decisivo. Nem sempre estão preparados e nem sempre a família está em concordância absoluta.
A escola tem por objectivo tornar as coisas claras e simples para que todos façam escolhas acertadas e com consciência, o que nem sempre acontece.
A escolha passa pela aplicação de instrumentos específicos e científicos onde o aluno vê espelhado no resultado a sua preferência escolar e profissional naquele momento de avaliação. Isto porém, não determina exactamente o que o aluno segue futuramente. Por vezes é apenas um indicador do que pode ser o caminho do aluno.
Existem outras actividades e acções possíveis para ajudar o aluno na decisão. Uma delas prende-se com a pesquisa de oferta escolar e /ou formativa adequada ao perfil de cada aluno, das suas motivações profissionais, das suas ambições e até tendo em conta o auto conhecimento, onde ele expõe aptidões que tem, assim como interesses e obviamente os seus traços de personalidade.
Outra questão sobejamente importante é o papel da família no processo. É fundamental o acompanhamento familiar a estes jovens não decidindo nada por eles, como é lógico a vida do aluno só a ele pertence, mas acompanhando e aconselhando dentro do razoável todo o processo de decisão que é tão importante nesse momento.
A empatia e o incentivo em contexto biopsicosocial pode facilitar a estes jovens decidirem com confiança o que fazer com a sua vida, a nível profissional. Por vezes é difícil e a parte emocional também tem aqui um papel fundamental: o aluno deve estar preparado para enfrentar estas novas etapas sem medos nem frustrações. A cada decisão é uma nova janela de vida que se abre.
Por fim é inevitável falar sobre a viabilidade da profissão no nosso país. Aconselhar e colocar em cima da mesa as saídas profissionais tendo em conta o mercado de trabalho e a funcionalidade da profissão no seu meio de vida.
Por fim, a escolha deve ser sempre do aluno, é muito importante ajudar, aconselhar mas ele deve ter sempre a palavra final. Só assim terá uma vida profissional satisfatória e feliz, mesmo que não acerte logo na primeira escolha.
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