Ana Lúcia Magalhães voltou à sua terra natal para mostrar aquilo que mais lhe dá prazer: representar. Ao lado consagrada atriz Rita Ribeiro, pisou o palco do Auditório Municipal com a peça “BOCAge”, encerrando o Folia.
A peça apresentada é uma reedição, com estreia no festival lousadense deste ano. No final do espetáculo, a atriz lousadense era uma mulher feliz com a receção que teve. “Fiquei muito feliz. Correu muito bem. O público estava connosco e as pessoas divertiram-se. Perceberam o Bocage e a sua essência, aquilo que é intemporal”, salientou.

A trabalhar com a Rita Ribeiro pela primeira vez, apesar de já se conhecerem, Ana Lúcia faz um balanço muito positivo do trabalho em conjunto, que avalia como “muito bom”.
Como tudo começou…
O palco do Auditório Municipal de Lousada não é novo na vida de Ana Lúcia. Muito jovem ainda, participou na Nova Oficina de Teatro e Coral de Lousada, incentivada pela professora Capitolina Oliveira. Como a própria afirma, o teatro começou a entrar na sua vida. E entrou para ficar, pois aos dezoito anos decidiu estudar a arte de representar e não mais parou. A vida afastou-a de Lousada, “pondo-a aqui e ali”, mas Lousada é sempre o ponto de partida ao qual deseja sempre voltar.
Multifacetada, a atriz concilia o teatro com a música: “A música faz parte de mim, sou cantora, compositora, toco…”, explica. Ana tem mesmo um grupo, o Terraza, com reportório de originais. O teatro de revista permite-lhe associar as duas artes, música e representação. Neste momento, está em cena o “Reviralho”, que percorrerá o país.
A magia do teatro fascina-a, pela possibilidade de encarnar outras pessoas, outra realidade e “conseguir fazê-lo em palco e mostrar outro mundo é lindo”, afirma.
Apesar de a sua carreira ainda ser curta, está recheada de momentos altos e este espetáculo é um deles. “Marcou-me muito, mas só perceberei o quanto mais tarde”, confessa. “Em dez anos ainda não dá para entender a profundidade, como isto nos afeta na vida… Todos os projetos são altos, especiais porque nos marcam, mudam-nos e fazem-nos crescer”, refere.
“Levar a arte às pessoas e sempre com o cunho lousadense”, Ana Lúcia
Nos últimos anos, Lousada tem visto crescer talentos em várias áreas e o teatro é um dessas áreas. A atriz mostra-se feliz com os frutos do trabalho desenvolvido. “Lousada está a crescer culturalmente. Eu estou longe e consigo ver isso. É uma felicidade estar lá e conseguir ver isso”, salienta, dando como exemplo o Folia, que “existe há tantos anos e com a sala cheia”.
Da Ana Lúcia, podemos certamente esperar mais momentos como o de domingo: “Vou continuar a fazer com que a vida me proporcione momentos destes… Levar a arte às pessoas e sempre com o cunho lousadense”, remata.

Rita Ribeiro não pára
“O Louzadense” esteve à conversa com Rita Ribeiro, que completou recentemente 45 anos de carreira. Não é a primeira vez que pisa o palco em Lousada e fá-lo sempre com prazer, principalmente porque é “bom trazer uma peça nossa atá longe de Lisboa e sermos tão bem recebidos”, diz.
Proprietária da “MagiAbrangente”, produtora responsável pelo espetáculo “BOCAge”, a atriz sente-se feliz por poder “contar a história de um homem tão extraordinário como Bocage”, que foi “um homem sem tempo, visionário, talvez por isso tão perseguido”, acrescenta. A atriz compara esta peça ao Folia, que tem de tudo, do drama à comédia.
Rita Ribeiro, que é também fadista, tem uma vida profissional muito intensa. Apesar de as digressões implicarem um esforço maior, reconhece a riqueza que significa conhecer outros locais, outros públicos e outras gastronomias.
Atualmente com dois espetáculos em digressão, este e o “Reviralho”, que estreou há oito dias no Casino Estoril, a atriz tem de refrear o entusiasmo, pois as ideias abundam e não há tempo para tudo. Nos projetos, está uma peça infantil para levar às escolas, um texto a ser traduzido e outro a ser escrito. Este último é um monólogo que ela própria interpretará. O catalisador disto tudo é “o entusiasmo de viver” e o prazer do teatro: “O que realmente me dá prazer é o teatro… É sagrado, são emoções, partilha entre o autor e público… É das coisas mais bonitas”, afirma.

“Ela é tão poderosa, é um coração maravilhoso, com muita harmonia, muito tranquila”, Rita Ribeiro, sobre Ana Lúcia
Sobre a Ana Lúcia Magalhães, foi uma escolha do coração, como do costume: “Vou pelo meu coração. Vejo representar, sinto alguma coisa, identifico-me, sinto vibrar o coração”, explica. “Vi-a a fazer um espetáculo e gostei tanto! Ela é tão poderosa, é um coração maravilhoso, com muita harmonia, muito tranquila e eu gosto de trabalhar com pessoas boas, de bom coração”, conclui.
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