Lousada é o concelho, de todo o Vale do Sousa, que detém o menor passivo financeiro (obrigações de pagamento, numa linguagem mais comum) desde 2009 e até ao presente e, curiosamente, o Município que mais tem vindo a fazer crescer (últimos 4 anos) os seus ativos financeiros. Mas o que me seduz em Lousada, e não outro lugar, são as suas gentes, os cheiros, a minha escola, a minha Vila e a minha festa grande. Orgulham-me muito os seus sucessos, porque embora distante, os considero também meus (embora, aqui, sem mérito meu nenhum). Orgulham-me os seus indicadores sobre educação e cultura, desenvolvimento e saúde, proteção social e condições de vida, mas que deixarei para outras oportunidades nas minhas preleções.
Por agora, a primeira escolha sobre o meu primeiro texto (que designei por Instantes) no Jornal “O Louzadense” recai, pois, num dos muitos orgulhos que tenho sobre Lousada: A participação eleitoral.
Nos últimos anos o flagelo da abstenção eleitoral tem assolado todo o continente, e o Vale do Sousa não foi exceção. Apesar disso, Lousada tem mantido, desde 1976 e até aos dias de hoje, a segunda menor taxa de abstenção em toda região. Um indicador excelente e que devia servir de exemplo para todo o país. A democracia agradece!
O que fará dos habitantes de Lousada, cidadãos mais participativos que o dos seus concelhos vizinhos?
Há quem defenda que o PIB não é uma boa medida para medirmos a felicidade (defensores da Economia da Felicidade, uma das áreas da Economia, hoje estudada com afinco). Serão as pessoas de Lousada mais felizes? Terão, perante o poder autárquico, um sentimento maior de satisfação e, nessa decorrência, uma maior vontade de votar? Terá o Município proporcionado um sentimento de bem-estar?
Existem dezenas de modelos e paradigmas (demasiados exaustivos para uma simples crónica) explicativos dos comportamentos eleitorais e, em última análise, que contribuam para se entender o porquê da ausência de participação eleitoral, a abstenção. Desde a influência dos fatores sociais que potenciam uma maior ou menor participação, à identificação partidária assente numa ligação emocional estável entre eleitores e partido, à racionalidade económica formal onde o eleitor perceciona se os benefícios da sua participação são maiores que os custos, ou, ainda, aos modelos de integração social e de laços comunitários ou, de forma mais redutora, aos modelos de recursos económicos onde a maior participação dependerá de maiores níveis de educação e que estimulam a sua intenção de votar.
Estou quase convencido (ainda que a prova seja mais afetiva que racional) de que a singularidade do município de Lousada em deter baixas taxas de abstenção em eleições autárquicas se deve ao facto dos seus habitantes sentirem uma ligação emocional estável com o Executivo Municipal (mais até do que uma identificação partidária, embora muito presente) e com laços de pertença que potenciam o sentimento de bem-estar como demostram os excelentes indicadores sociais e de educação sobre o município nos últimos anos.
Sim. Bem sei que a análise é redutora. Existem outras variáveis explicativas desse fenómeno, como a qualidade das oposições partidárias e o perfil dos candidatos a presidente do Município, mas disso falarei noutras crónicas de Instantes.
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