por | 25 Jun, 2019 | Grandes Louzadenses, Sociedade

Fausto Oliveira reage às críticas do presidente dos Bombeiros Voluntários de Lousada

“Até parece que é um crime ter opinião e manifestá-la”

Na última edição, o presidente dos Bombeiros Voluntários de Lousada, numa entrevista, considerou que se está a utilizar os Bombeiros “para colher louros políticos”, referindo-se às sugestões que Fausto Oliveira tem apresentado nas redes sociais para a construção do novo quartel. O Louzadense conversou com o presidente da União de Freguesias de Silvares, Pias, Nogueira e Alvarenga e deixa-lhe aqui a reação às palavras do presidente dos Bombeiros.

Como reage às palavras do presidente dos BV de Lousada?

Tenho o maior respeito pelo Sr. Presidente da Associação Humanitária dos BV de Lousada, mas, muito respeitosamente, só posso discordar de tal afirmação, que não tem qualquer fundamento. Começa a ser um lugar comum, nesta terra, contrariar opiniões contrárias com acusações de “aproveitamento político” ou de “assalto ao poder”, etc. Até parece que é um crime ter opinião e manifestá-la. De facto, gostaria de ver o Sr. Presidente dos BVL contestar a minha opinião com argumentos que me convencessem, a mim e aos lousadenses, do contrário do que venho a afirmar, pelo menos desde há seis anos. Mas o que tem acontecido é que o Sr. Presidente dos BVL, num dia, defende uma coisa e, no outro, o seu contrário.

Quais são as principais razões para ter postado algumas sugestões de terrenos para o novo quartel nas redes sociais?

Sempre estive disponível e manifestei-o, mais do que uma vez ao Sr. Presidente dos BVL, para colaborar, se precisasse. Soube, desde o início, da sua motivação em fazer obras no atual quartel, com possibilidade de ampliação do espaço, com aquisição de um terreno contíguo. Chegamos a conversar sobre o projeto que tinha em mente, sobre o qual discordei desde o início, apesar de compreender algumas das suas motivações e argumentos apresentados. Acontece que o tempo passou e nada aconteceu e, portanto, o problema das exíguas instalações também não desapareceu. Percebi, na última assembleia da Associação, uma grande indefinição no caminho a seguir, que variava entre a dificuldade em encontrar um terreno e a “teimosia” em destruir o atual edifício para ali fazer um novo quartel.
Com a ajuda do Google Maps, não foi difícil encontrar meia dúzia de terrenos onde poderia ser construído um novo quartel. As redes sociais foram a opção, por permitirem divulgar uma ideia que ajudasse a promover uma discussão, o mais abrangente possível. Resultou.

Concorda com a possibilidade do quartel ser no mesmo local? Porquê?

Não! Claro que não, por vários motivos:
O espaço é exíguo e não permite encontrar uma solução que responda aos desafios atais e futuros e a novas respostas dos Bombeiros, dentro de um quadro temporal de pelo menos 50 anos.
Os custos com a destruição e reconstrução de um edifício com enquadramento arquitetónico numa área urbana, serão certamente superiores a uma construção de raiz num espaço exterior ao círculo urbano
Os acessos e a mobilidade devem ser encarados como uma componente importante na decisão do local.
Um terreno com capacidade de expansão construtiva futura por módulos é certamente uma resposta mais assertiva, mais adequada e mais económica.

Para si, qual seria a melhor solução para o novo quartel?

Quando lancei a primeira imagem de um possível local, junto ao pavilhão da Eb23 de Lousada, pretendi, como se costuma dizer, “lançar a lebre”. Tive apenas a preocupação de apresentar uma proposta exequível e com impossibilidade de criar especulação no preço, por se tratar de um terreno sob alçada da autarquia. De tal forma foi que vi muitas pessoas considerarem com agrado aquele local, que, pelos vistos, muitos não conheciam, o que é estranho.
Mas, para mim, a melhor solução seria no espaço que apresentei em segundo lugar, ou seja, junto ao Complexo Desportivo, também da autarquia, que, para além da disponibilidade de um terreno maior, permite um acesso rápido a todo o concelho, pelas vias existentes e pelas que estão previstas serem construídas em breve. Para além disso, o equipamento não ficaria “na serra” como o Sr. Presidente dos BVL afirmou. Veja-se as centenas de atletas, como crianças e jovens, que ali se deslocam para praticar desposto, para além dos que diariamente fazem o circuito de manutenção ou enchem cada vez mais as bancadas nas mais diversas modalidades desportivas.

Que avaliação faz da forma como a atual direção dos bombeiros tem conduzido este problema?

Enquanto associado e cidadão lousadense, tenho de concluir que não tem sido a melhor, pelo que atrás ficou dito. Não quer isto dizer que não tem havido dedicação, trabalho e vontade de tudo fazer para que o corpo de bombeiros tenha as melhores condições de trabalho e eficácia no serviço à população lousadense.

Considera que a autarquia deveria ter, ou não, um papel mais ativo para encontrar soluções para a construção do novo quartel?

A autarquia, não há muito tempo, ofereceu uma viatura aos bombeiros e certamente fê-lo por perceber que era uma necessidade manifestada pela direcção dos BVL.
Também não é de agora a necessidade de construir um novo quartel para os bombeiros. Então por que é que a Autarquia ainda não disponibilizou um terreno para os bombeiros, como fez, e bem, por exemplo com a ACIP? Será por indisponibilidade financeira? Não me parece, pois a Câmara adquiriu terrenos num valor superior a 600 000,00€, para os quais pediu um empréstimo, aprovado por unanimidade na Assembleia Municipal. Haja vontade de todos e parece-me que depressa se encontrará uma boa solução.

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