O sarrabulho doce tem-se afirmado como um doce típico de Lousada, especialmente desde a criação da Confraria Gastronómica do Sarrabulho Doce de Caíde de Rei, com sede no Cais Cultural. Luís Peixoto, de 28 anos, Chanceler-mor da Confraria, fala-nos do projeto e da recente candidatura ao concurso “7 Maravilhas Doces de Portugal”.
Como surgiu a confraria do Sarrabulho Doce?
É mais um projeto do Cais Cultural, uma vez que desde 2013 é realizada no Cais uma atividade gastronómica cujo sarrabulho doce é o anfitrião. Ao longo dos anos, foi-se amadurecendo a ideia de criar uma confraria, pois percebíamos que se tratava de um doce típico da nossa terra, que tinha muito potencial e que era praticamente desconhecido na região. Foi na assembleia geral de sócios do Cais, em 2017, que se avançou com a proposta de criação da confraria, que estudasse, valorizasse e defendesse o sarrabulho doce. O Cais Cultural é a sede da Confraria.
Quais foram as principais etapas da sua história?
A 20 janeiro de 2017, numa assembleia de sócios do Cais, foi aprovada a constituição da confraria e o Cais assumiu todas as despesas de registo;
A 27 de janeiro de 2017, na atividade 5º Reis de Caíde – Festa do Sarrabulho Doce, torna-se pública a pretensão da criação da confraria e dos respetivos fundadores;
No dia 2 de maio de 2017, é criada legalmente a nova associação: Confraria Gastronómica do Sarrabulho Doce de Caíde de Rei, no Registo Civil de Penafiel;
A 27 de janeiro de 2018, na atividade 6º Reis de Caíde – Festa do Sarrabulho Doce, é apresentado o traje da confraria e a tomada de posse dos órgãos sociais;
Finalmente, a 19 de janeiro de 2019, realiza-se o 1º Capítulo da Confraria, onde foram entronizados os primeiros 21 confrades.
Quais são os principais objetivos da confraria?
A Confraria tem por objeto social a promoção, preservação e divulgação da gastronomia regional de Caíde de Rei, com principal incidência no sarrabulho doce, realçando o seu valor gastronómico, o seu significado histórico e o seu interesse popular, turístico, cultural e económico.
Fale-nos um pouco sobre o doce. Como se confeciona? E quais são as suas características principais?
O sarrabulho doce era feito por altura da matança do porco, entre os meses de dezembro e fevereiro. Coloca-se numa panela uma quantidade de azeite até cobrir o fundo e deixamos ferver. Depois, uma quantidade generosa de água para começar a calda e deitamos o sangue do porco cozido e esfarelado. Segue o açúcar, a canela, o vinho do Porto, o mel, uma areiazinha de sal grosso e deixamos ferver. Por fim, deitamos o pão de Padronelo partido aos bocadinhos bem pequenos e deixamos tudo ferver até ganhar o ponto. Mas há muitas formas diferentes de confecionar o doce, de acordo com a tradição familiar. O sabor, a textura e o aspeto são as características que se devem ter em conta para que o doce seja uma verdadeira iguaria.

O Sarrabulho Doce é um dos doces que passaram à fase final do concurso “7 Maravilhas Doces de Portugal”. O que levou a confraria a participar neste concurso?
Quando vi na televisão a publicidade à abertura de inscrições para o concurso, decidi levar o assunto a reunião. Todos acharam logo uma ótima ideia, porque seria uma boa forma de divulgação, mas achando que teríamos poucas hipóteses de avançar, porque o nosso doce é praticamente desconhecido.
Que importância tem para a confraria o doce ter passado à fase final?
Foi uma grande surpresa termos passado na 1ª fase do concurso, de entre quase 1000 doces de todo o país. Claro que a surpresa foi bem maior quando passamos à 2ª fase e ficamos nos 140 doces nacionais, nas 7 maravilhas doces do distrito do Porto. Para um doce quase desconhecido, chegar até aqui já foi ótimo e deixou toda a confraria bastante orgulhosa.
Sentem já benefícios pela vossa participação, nomeadamente na divulgação deste doce?
Claro que sim, já sentimos que o nosso sarrabulho doce é mais conhecido na região, graças ao mediatismo que alcançamos pelo facto de sermos uma das 7 maravilhas doces do distrito do Porto.
Acreditam que podem ser uma das sete maravilhas doces de Portugal?
Uma confraria tão jovem como a nossa conseguir chegar a esta fase do concurso já é uma grande vitória, por isso claro que temos que ter esperança no futuro, mas não depende só de nós, mas sim de todos.
O que é preciso para vencer neste concurso?
A vitória no concurso só irá depender do público, uma vez que os vencedores serão escolhidos em função da votação do público.
Sendo uma iguaria que promove o concelho, sentem o apoio das instituições?
O Município de Lousada está atento ao nosso trabalho e já nos convidou a representá-lo em eventos como a BTL (Lisboa), Expourense (Espanha) e a participação no programa Aqui Portugal da RTP, transmitido de Lousada. Aceitamos também o convite para marcar presença no Festival Tradicional em julho.
Além deste concurso, quais serão os próximos desafios da confraria?
Além do grande desafio que será marcar presença na RTP, num programa especial em direto dedicado ao sarrabulho doce, no âmbito das 7 Maravilhas Doces, continuaremos a marcar presença em capítulos de outras confrarias, estaremos no Feira do Vinho Verde em Castelo de Paiva (4 a 7 de julho), em Lousada estivemos no Mercado Histórico e estaremos no Festival Tradicional (18 a 21 de julho) e temos outros projetos para o futuro, como tornar a Festa do Sarrabulho Doce em janeiro num certame de maior escala.
Deixamos o apelo para que, quando aberta a votação na RTP, todos possam votar no sarrabulho doce, para que consigamos chegar mais longe no concurso. O apoio de todos é fundamental.
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