Tenho para mim que a teoria da escolha racional e, em particular, as opções pelo voto útil, enquanto modelo teórico do comportamento eleitoral ainda é, nos dias de hoje, um paradigma a levar em conta, talvez muito mais que o modelo de identificação partidária ou o dito modelo sociológico (fatores sociais).
Sabe-se, naturalmente, que a avaliação do risco de uma eleição ser vencida por um candidato que não se deseja poderá ser mais influente na decisão do voto do que a vitória de outro candidato ou partido, mesmo que seja o preferido. Há, assim, uma predisposição política mais marcante dos eleitores por quem não desejam, do que o seu contrário. Sendo, de resto, um fator decisivo no nível de incerteza que se traduzirá mais do que suficiente para permitir tal diferenciação.
Aparentemente, o que mais importará ao eleitor nas suas escolhas será não tanto a sua ideologia, mas as ações concretas dos candidatos. O desempenho do candidato, em particular o que encabeça a lista de determinado partido, parece ser, no nosso entender, um desses fatores determinadores ex ant. Assim, perder uma eleição poderá ser da responsabilidade desse mesmo líder.
Será assim em Lousada, em particular no caso das eleições Autárquicas?!
As campanhas eleitorais que sobrevalorizem o partido irão, naturalmente, alhear as campanhas voltadas para o candidato/líder, assim como o seu contrário. O que parecer ser certo é que a imagem e perfis dos candidatos, as suas características individuais tendem, nos últimos anos, para uma espécie de presidencialização política, muitas vezes fruto de desalinhamentos partidários.
Analisado nesta perspetiva, parece ser evidente que estão a aumentar os efeitos da influência do líder no comportamento eleitoral, muitos vezes fruto, até, do “poder” dos média. Sendo que, para mais, a literatura é unânime quando refere que o perfil dos líderes partidários poderá ter efeito, de forma robusta, também nos eleitores indecisos.
Seguro será dizer, então, que os determinantes da participação em eleições autárquicas, em Lousada, a maior probabilidade do voto no Partido Socialista pode estar associado, a uma, ou mais, das seguintes razões:
a) Às várias e sucessivas vitórias do partido Socialista, no passado (o comportamento de voto no passado é importante para explicação da conduta presente dos eleitores);
b) Às capacidades e perfil de liderança do candidato que encabeça a lista vencedora, neste caso do partido Socialista (havendo mais certeza no desfecho do resultado, mais o voto se torna individual, personalizado); ou,
c) Às várias e sucessivas, e repetidas, derrotas do líder do maior partido da oposição, que encabeçou a lista perdedora (a avaliação dos líderes partidários tem abundante relevância nas escolhas de voto e, uma especial aversão do candidato, pode inspirar à evasão do voto expectável).
Deixo à imaginação dos estimados leitores. O ditado popular diz que “Em equipa vencedora, não se mexe!” também poderá ser verdade, quando dito ao contrário “Em equipa perdedora…”.
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