por | 23 Jul, 2019 | Opinião

Afinal o que é património …

Património é SER, ter consciência do que SOMOS, é saber no sentido do conhecimento e no verdadeiro sentido do ser, somos o que herdamos, o que recebemos. Não no sentido erudito mas, no sentido desmaterializado do que sou, parece confuso, mas não é.

Quando falamos na palavra património, esta tem, desde logo, uma raiz epistemológica ligada à estrutura de família, ou seja, aquilo que o pai “pater” deixa ao seu filho. Na lógica do património histórico ao que se herda (físico e imaterial) da ação humana ao longo dos tempos.

Parafraseado Francoise Choay, o património histórico expressa um bem que se destina ao usufruto de uma comunidade e que assumiu uma dimensão maior. A atual sociedade errante e, em constante transformação, fruto da recente mobilidade e ubiquidade, o “património histórico” tornou-se numa das palavras-chave da sociedade mediática que tanto nos remete para uma instituição como para uma mentalidade.

Em outras partes do mundo o significado de património e, como ele se transmite, é diferente, lembro-me que em Africa o papel do idoso era de tal maneira valorizado, pois era aquele que tinha a função de transmitir conhecimento, era esse o património que transmitia. Infelizmente a guerra destrui-o … em Portugal e, na nossa região em particular, as heranças patrimoniais não têm sido interrompidas, temos uma riqueza patrimonial de séculos, não só em edifícios mas também em tradições.

Quando pensamos num monumento milenar não podemos olhar apenas para a pedra, para a construção, absorvemos também as histórias que contam das gerações que por lá passaram, que o transformaram. Um excelente exercício, perante uma igreja românica, para além da riqueza arquitetónica, e dos mil anos de história, é pensar nas gerações que lá foram batizados, que lá casaram, que lá se despediram dos seus …

É viajar no tempo, o património permite-nos essa fabulosa experiência, permite-nos entender de forma clara e agradável como chegámos até aqui, as nossas raízes, ou seja o que recebemos para sermos nós, não o que é dos outros.

Alguém disse um dia que, sem memória nada somos, não temos passado e não projetamos o futuro, seriamos um livro em branco, o património é assim o maior “documento” do que herdámos e por isso do que recebemos, assim sendo o seu valor é incomensurável, saibamos nós ter essa consciência …

Comentários

Submeter Comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Artigos recentes

Firmino Mendonça, o cafeteiro mais antigo

O cinquentenário Café Paládio é uma espécie de instituição comercial em Lousada e tem Firmino...

Intercâmbio cultural na Croácia

Um artista multifacetado e aventureiro, assim se pode definir o lousadense José Pedro Moreira, de...

Inglesa procura as suas origens em Lousada

CHAMA-SE ELIZABETH NATASHA LOUSADA Por várias razões (afetivas, existencialistas ou simplesmente...

Clube de Ténis de Mesa de Lousada

Esta edição possui o prazer de apresentar o emocionante mundo do ténis de mesa aos olhos de Rui...

Centros de Interpretação da Rota do Românico com entrada livre

Nos próximos dias 22, 23 e 24 de setembro, o ingresso nos Centros de Interpretação do Românico e...

Artur Faria demite-se da Caixa Agrícola

Artur Faria, Presidente do Conselho de Administração da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Terras...

Município integra projeto 2030 Youth Vision

"Queres construir um mundo mais justo e sustentável?" é a designação da iniciativa que vai ser...

Era uma vez uma praça do Românico (parte II)

Construtor contesta anulação da obra No seguimento da reportagem publicada na nossa edição...

AGRADECIMENTO

MARIA LUISA PAULA PEREIRA DE BESSA MACHADO (22 de Agosto 1947 a 11 de Setembro 2023) A família...

Apresentação do 6.º volume da Revista Lucanus

O 6.º volume da Revista Lucanus - Ambiente e Sociedade vai ser apresentado no dia 21 de setembro,...

Siga-nos nas redes sociais