Património é SER, ter consciência do que SOMOS, é saber no sentido do conhecimento e no verdadeiro sentido do ser, somos o que herdamos, o que recebemos. Não no sentido erudito mas, no sentido desmaterializado do que sou, parece confuso, mas não é.
Quando falamos na palavra património, esta tem, desde logo, uma raiz epistemológica ligada à estrutura de família, ou seja, aquilo que o pai “pater” deixa ao seu filho. Na lógica do património histórico ao que se herda (físico e imaterial) da ação humana ao longo dos tempos.
Parafraseado Francoise Choay, o património histórico expressa um bem que se destina ao usufruto de uma comunidade e que assumiu uma dimensão maior. A atual sociedade errante e, em constante transformação, fruto da recente mobilidade e ubiquidade, o “património histórico” tornou-se numa das palavras-chave da sociedade mediática que tanto nos remete para uma instituição como para uma mentalidade.
Em outras partes do mundo o significado de património e, como ele se transmite, é diferente, lembro-me que em Africa o papel do idoso era de tal maneira valorizado, pois era aquele que tinha a função de transmitir conhecimento, era esse o património que transmitia. Infelizmente a guerra destrui-o … em Portugal e, na nossa região em particular, as heranças patrimoniais não têm sido interrompidas, temos uma riqueza patrimonial de séculos, não só em edifícios mas também em tradições.
Quando pensamos num monumento milenar não podemos olhar apenas para a pedra, para a construção, absorvemos também as histórias que contam das gerações que por lá passaram, que o transformaram. Um excelente exercício, perante uma igreja românica, para além da riqueza arquitetónica, e dos mil anos de história, é pensar nas gerações que lá foram batizados, que lá casaram, que lá se despediram dos seus …
É viajar no tempo, o património permite-nos essa fabulosa experiência, permite-nos entender de forma clara e agradável como chegámos até aqui, as nossas raízes, ou seja o que recebemos para sermos nós, não o que é dos outros.
Alguém disse um dia que, sem memória nada somos, não temos passado e não projetamos o futuro, seriamos um livro em branco, o património é assim o maior “documento” do que herdámos e por isso do que recebemos, assim sendo o seu valor é incomensurável, saibamos nós ter essa consciência …
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